quarta-feira, 28 de novembro de 2012

ANTE A DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ALGUMAS PALAVRAS


 Considerando a imprensa laica, Emmanuel advertiu: “nunca os círculos educativos da Terra possuíram tanta facilidade de amplificação, como agora, em face da evolução das artes gráficas; jamais o livro e o jornal foram tão largamente difundidos; entretanto, a imprensa, quase de modo geral, é órgão de escândalo para a comunidade e centro de interesse econômico para o ambiente particular, enquanto que poucos livros triunfam sem o bafejo da fortuna privada ou oficial, na hipótese de ventilarem os problemas elevados da vida.” (1)
A divulgação espírita atual faz jus ao apoio e o incentivo de todos nós? Sim! Não há como desconhecermos a importância da divulgação doutrinária para a manutenção da chama viva da Terceira Revelação. "O conhecimento espírita, na essência, é tão importante no reino da alma, quanto a alfabetização nos domínios da vida comum".(2)
A imprensa espírita é um notável canal de divulgação, capaz de conduzir o leitor às informações fundamentais da nossa realidade doutrinária, balizando-o, vigorosamente, em efetivos projetos de espiritualização. Destarte, é mister que os meios de comunicação estejam compromissados com a ética, com a verdade revelada pelos Espíritos Superiores e com a melhor qualidade dos temas difundidos.
Sendo poderoso meio de disseminação das verdades eternas e por dirigir-se a dois públicos – o espírita e o não espírita – a mídia kardeciana não deve ultrapassar os limites dos interesses doutrinários e imiscuir-se em altercações políticas ou disputas de lideranças pelo movimento espírita institucionalizado.
Para lograr os ideais de convivência pacífica na disseminação das verdades eternas entre pessoas de diferentes convicções, é forçoso fugir do egocentrismo. O Espiritismo é uma doutrina transcendente, destinada a influir na transformação social; por isso, deve tornar-se alteritária, para possibilitar o diálogo fraterno e não-excludente. Não se pode imaginar uma divulgação espírita desatenta ao mundo, enclausurada em si mesma.
Não é difícil averiguar que falecem meios de comunicação arejados (jornais, revistas, sites, televisão, rádios), que se pode confiar sem a sensação desagradável de asfixia, de sujeição servil a lideranças extravagantes. A coordenação do movimento espírita coevo estabeleceu um clima de autocensura, reduzindo a divulgação espírita a uma insensibilidade inerme, como se jazesse abafada a uma administração clerical.
Nos centros espíritas surgem palradores “estrelas”, funcionais e irrequietos, que transformam tribunas em ribaltas para os holofotes das mídias espíritas, quase sempre expondo a doutrina com superficialidade, aventurando uma cultura de aluguel. Não perdem a menor oportunidade de teatralizarem a palestra com surtos oratórios para extraírem dilúvios de palmas da plateia.
Outra realidade é: quanto mais se expande o ciberespaço, mais se amplia o universo da disseminação espírita na sociedade. Daí urge toda cautela para que a veiculação dos preceitos doutrinários, sobretudo virtuais, não venha a se converter em ingente esforço de propagação ideológica, a fim de converter a todos, sob o tacão da insensatez dos espiritismos à moda brasileira. Qual inumana expiação, notamos muito personalismo na difusão do Espiritismo; há muita presunção, prevalecem muitos interesses pessoais sobrepondo-se ao coletivo.
Poucos são os articulistas e oradores que têm a audácia e a consistência de se assentarem em amparo do restabelecimento da verdade revelada pelos Espíritos e do comportamento crítico no círculo doutrinário. Infelizmente, a massa popular ainda não entendeu a Doutrina Espírita. O nível baixo da cultura do povo não permitiu o desenvolvimento coerente da doutrina entre os “ilustres” excluídos do sistema elitizante. Quiçá não haja interesse da elite cultural pelo despertar das consciências vulgares, porque senão os aduladores desaparecem. Isso é muito evidente, até porque quanto mais esclarecimentos doutrinários, menos idolatrias, e como se busca shows e aplausos, é preferível "afagar" a todos, a "desgostar" o grande público de idólatras inscientes. E nessa direção a divulgação Espírita vai abafando a orientação do Evangelho Redivivo.
Jorge Hessen
http://jorgehessen.net/blog

Referência bibliográfica:

(1)    Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, Ditado pelo Espírito Emmanuel, questão 206, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001
(2)    Vieira, Waldo. Sol Nas Almas, ditado pelo espírito André Luiz, São Paulo: Ed. Boa Nova, 2010

VIOLAÇÃO DO DIREITO AUTORAL PUBLICADO NO JORNAL O BEM



EMPRÉSTIMO DE LIVRO PELO CENTRO ESPÍRITA É VIOLAÇÃO DO “DIREITO AUTORAL”?
Em época de Internet é natural o emprego dos recursos virtuais para pesquisas e estudos. Em face disso, a divulgação das ideias espíritas através dos livros para download não pode ficar condicionada à questão dos “direitos autorais”. À semelhança das bibliotecas dos centros espíritas que emprestam livros doutrinários, há sites espíritas com função de bibliotecas virtuais, sem finalidade de lucro financeiro, disponibilizando para download os livros espíritas gratuitos.
Infelizmente esses portais têm esbarrado com a avareza dos negociantes de livros, que sob o jargão da suposta destinação dos lucros financeiros para obras filantrópicas, elevam a bandeira do famoso “direito autoral”, promovendo ameaças ridículas e antidoutrinárias através de intimidações extrajudiciais. (Pasmem!)
O movimento espírita transformou-se num negócio lucrativo, em que o comércio de livros doutrinários, CDs, DVDs (de palestras) reflete a cobiça de vendilhões compulsivos. Existem até atacadistas e distribuidores dos livros espíritas, que passam por vários atravessadores até chegarem às mãos de quem verdadeiramente procura o conhecimento, e por motivo do elevado preço muitas vezes não os pode adquirir. Será que tal sovinice alcançará os Centros Espíritas? Será que algum dia, em nome dos “direitos autorais”, as editoras impetrarão mandados extrajudiciais proibindo os empréstimos de livros dos Autores espirituais, contidos nas bibliotecas dos Centros Espíritas?
É evidente que a divulgação da Doutrina Espírita deve ser feita em total acatamento às leis do País. Contudo, urge ponderar que a Lei sobre os “Direitos Autorais” foi promulgada em 1998, ou seja, está desatualizada.(1) Destaque-se também que na época da publicação da Lei, a amplitude do mundo cibernético não era satisfatoriamente conhecida.
É urgente reconhecer que o mundo virtual tem sido admirável veículo de disseminação dos conteúdos revelados pelo mundo espiritual. Além disso, tem facilitado a democratização da apropriação do conhecimento espírita e a inserção social dos espíritas assalariados. Portanto é inaceitável a proibição das reproduções de livros espíritas pela Internet para fins específicos de pesquisa. A Terceira Revelação não pode demorar-se à mercê dos avarentos e nem dos truanescos interesses do mundo material.
Sem ferir os princípios da ética e do respeito aos “direitos” das editoras, cremos que tais comerciantes de livros deveriam estimular e apoiar os divulgadores dos portais (bibliotecas espíritas virtuais) para o exercício do pleno direito da divulgação gratuita dos princípios doutrinários. Até porque, inevitavelmente diversas obras já foram e continuarão sendo digitalizadas e publicadas pelas redes sociais, e se encontram atualmente dispersas e disponíveis através da rede mundial de computadores, sendo inexecutável o controle jurídico desse cenário.
Em que pese existirem muitos espíritas excluídos do ambiente virtual, sobretudo aqueles mais pobres, que não possuem computador / internet, e os menos afeitos às tecnologias novas, a Doutrina dos Espíritos tem um colossal papel social e em tempo de Internet é um absurdo a exclusão das leituras virtuais gratuitas para um enorme número de espíritas que não podem comprar livros psicografados caros.
Chico Xavier teria se locupletado se se atrevesse a vender os direitos autorais dos mais de 400 livros que psicografou. Porém, cônscio de que os livros não lhe pertenciam, já que procediam de autores espirituais, cedeu de boa fé todos os direitos autorais para algumas privilegiadas editoras que atualmente vendem e (re)vendem, editam e (re)editam as obras psicografadas. O médium de Uberaba doou os direitos autorais convicto de que suas psicografias jamais seriam minas de dinheiro. Em boa lógica! As obras cedidas não podem ser convertidas em lavras de ouro para garimpeiros cobiçosos.
Os Espíritos e o médium de Uberaba ansiavam que todas as pessoas indistintamente pudessem ter acesso aos livros cedidos; porém, a voracidade pelo lucro através da monopolização editorial e a majoração de preço das obras psicografadas tem excluído os menos favorecidos da compra dos livros. É inconcebível e inaceitável surgirem no amanhã editoras espíritas cujos donos venham locupletar-se através do comércio das obras psicografadas (presenteadas de mãos beijadas pelo cândido Chico), visando supostamente a divulgação doutrinária e os “serviços de filantropia”.
A publicação da literatura espírita, mormente as psicografadas, dispensa as incubações de pré-edições com “provocantes” capas luxuosas e conteúdos velhos, com categoria gráfica requintada, impressão “esplendorosa”, forjando-se aspectos visuais de material inédito, como se fosse uma mensagem saída do forno, mirando com essa estratégia majorar o preço. Onde está o limite dessa exploração comercial? E tem mais: cremos que os legítimos livros espíritas, se comercializados, devem ter preços populares, e sempre que possível, distribuídos gratuitamente aos centros espíritas pobres, ou pelo menos cedidos a preços iguais ao custo de sua confecção. Isso é divulgação espírita para todos, com todos e ao alcance de todos, tão desejada por Chico Xavier.
Cremos que o Espiritismo não assenta com interesses comerciais, e a publicação das mensagens do mundo espiritual não pode ser objeto de lucro financeiro, apenas moral. Isso não faz o menor sentido, já que na espiritualidade não precisamos desse artifício do mundo material, que tanto corrompe o homem encarnado. Entendemos que é uma improbidade falar em direitos autorais quando se trata de uma obra espírita psicografada. O seu autor dispensa este recurso, pois não precisa dele. Seu objetivo são a elevação e a educação, fatores essenciais à nossa evolução, e não há como colocar preço nisso.
Uma instituição espírita, por mais briosa que seja, por mais filantrópica consistam as suas atividades, seu interesse não pode sobrepor aos objetivos doutrinários da divulgação correta e honesta do Espiritismo, sobretudo através da Internet, que pode proporcionar consolação aos corações e mentes atormentados. Entendemos que a Associação de Editoras Espíritas deveria apoiar a divulgação do Livro Espírita por todas as bibliotecas espíritas virtuais idôneas da Internet, até porque se o Apóstolo de Uberaba fosse encarnado atualmente, criaria um site para divulgar e disponibilizar seus livros a todos os leitores, sem necessitar de qualquer editora para desfrutar de lucros financeiros com o produto da sua psicografia.
Jorge Hessen
http://jorgehessen.net

Referência:
Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

VIOLAÇÃO DO DIREITO AUTORAL?

EMPRÉSTIMO DE LIVRO PELO CENTRO ESPÍRITA É VIOLAÇÃO DO “DIREITO AUTORAL”?

 Em época de Internet é natural o emprego dos recursos virtuais para pesquisas e estudos. Em face disso, a divulgação das ideias espíritas através dos livros para download não pode ficar condicionada à questão dos “direitos autorais”. À semelhança das bibliotecas dos centros espíritas que emprestam livros doutrinários, há sites espíritas com função de bibliotecas virtuais, sem finalidade de lucro financeiro, disponibilizando para download os livros espíritas gratuitos.
Infelizmente esses portais têm esbarrado com a avareza dos negociantes de livros, que sob o jargão da suposta destinação dos lucros financeiros para obras filantrópicas, elevam a bandeira do famoso “direito autoral”, promovendo ameaças ridículas e antidoutrinárias através de intimidações extrajudiciais. (Pasmem!)
O movimento espírita transformou-se num negócio lucrativo, em que o comércio de livros doutrinários, CDs, DVDs (de palestras) reflete a cobiça de vendilhões compulsivos. Existem até atacadistas e distribuidores dos livros espíritas, que passam por vários atravessadores até chegarem às mãos de quem verdadeiramente procura o conhecimento, e por motivo do elevado preço muitas vezes não os pode adquirir. Será que tal sovinice alcançará os Centros Espíritas? Será que algum dia, em nome dos “direitos autorais”, as editoras impetrarão mandados extrajudiciais proibindo os empréstimos de livros dos Autores espirituais, contidos nas bibliotecas dos Centros Espíritas?
É evidente que a divulgação da Doutrina Espírita deve ser feita em total acatamento às leis do País. Contudo, urge ponderar que a Lei sobre os “Direitos Autorais” foi promulgada em 1998, ou seja, está desatualizada.(1) Destaque-se também que na época da publicação da Lei, a amplitude do mundo cibernético não era satisfatoriamente conhecida.
É urgente reconhecer que o mundo virtual tem sido admirável veículo de disseminação dos conteúdos revelados pelo mundo espiritual. Além disso, tem facilitado a democratização da apropriação do conhecimento espírita e a inserção social dos espíritas assalariados. Portanto é inaceitável a proibição das reproduções de livros espíritas pela Internet para fins específicos de pesquisa. A Terceira Revelação não pode demorar-se à mercê dos avarentos e nem dos truanescos interesses do mundo material.
Sem ferir os princípios da ética e do respeito aos “direitos” das editoras, cremos que tais comerciantes de livros deveriam estimular e apoiar os divulgadores dos portais (bibliotecas espíritas virtuais) para o exercício do pleno direito da divulgação gratuita dos princípios doutrinários. Até porque, inevitavelmente diversas obras já foram e continuarão sendo digitalizadas e publicadas pelas redes sociais, e se encontram atualmente dispersas e disponíveis através da rede mundial de computadores, sendo inexecutável o controle jurídico desse cenário.
Em que pese existirem muitos espíritas excluídos do ambiente virtual, sobretudo aqueles mais pobres, que não possuem computador / internet, e os menos afeitos às tecnologias novas, a Doutrina dos Espíritos tem um colossal papel social e em tempo de Internet é um absurdo a exclusão das leituras virtuais gratuitas para um enorme número de espíritas que não podem comprar livros psicografados caros.
Chico Xavier teria se locupletado se se atrevesse a vender os direitos autorais dos mais de 400 livros que psicografou. Porém, cônscio de que os livros não lhe pertenciam, já que procediam de autores espirituais, cedeu de boa fé todos os direitos autorais para algumas privilegiadas editoras que atualmente vendem e (re)vendem, editam e (re)editam as obras psicografadas. O médium de Uberaba doou os direitos autorais convicto de que suas psicografias jamais seriam minas de dinheiro. Em boa lógica! As obras cedidas não podem ser convertidas em lavras de ouro para garimpeiros cobiçosos.
Os Espíritos e o médium de Uberaba ansiavam que todas as pessoas indistintamente pudessem ter acesso aos livros cedidos; porém, a voracidade pelo lucro através da monopolização editorial e a majoração de preço das obras psicografadas tem excluído os menos favorecidos da compra dos livros. É inconcebível e inaceitável surgirem no amanhã editoras espíritas cujos donos venham locupletar-se através do comércio das obras psicografadas (presenteadas de mãos beijadas pelo cândido Chico), visando supostamente a divulgação doutrinária e os “serviços de filantropia”.
A publicação da literatura espírita, mormente as psicografadas, dispensa as incubações de pré-edições com “provocantes” capas luxuosas e conteúdos velhos, com categoria gráfica requintada, impressão “esplendorosa”, forjando-se aspectos visuais de material inédito, como se fosse uma mensagem saída do forno, mirando com essa estratégia majorar o preço. Onde está o limite dessa exploração comercial? E tem mais: cremos que os legítimos livros espíritas, se comercializados, devem ter preços populares, e sempre que possível, distribuídos gratuitamente aos centros espíritas pobres, ou pelo menos cedidos a preços iguais ao custo de sua confecção. Isso é divulgação espírita para todos, com todos e ao alcance de todos, tão desejada por Chico Xavier.
Cremos que o Espiritismo não assenta com interesses comerciais, e a publicação das mensagens do mundo espiritual não pode ser objeto de lucro financeiro, apenas moral. Isso não faz o menor sentido, já que na espiritualidade não precisamos desse artifício do mundo material, que tanto corrompe o homem encarnado.  Entendemos  que é uma improbidade falar em direitos autorais quando se trata de uma obra espírita psicografada. O seu autor dispensa este recurso, pois não precisa dele. Seu objetivo são a elevação e a educação, fatores essenciais à nossa evolução, e não há como colocar preço nisso.
Uma instituição espírita, por mais briosa que seja, por mais filantrópica consistam as suas atividades, seu interesse não pode sobrepor aos objetivos doutrinários da divulgação correta e honesta do Espiritismo, sobretudo através da Internet, que pode proporcionar consolação aos corações e mentes atormentados. Entendemos que a Associação de Editoras Espíritas deveria apoiar a divulgação do Livro Espírita por todas as bibliotecas espíritas virtuais idôneas da Internet, até porque se o Apóstolo de Uberaba fosse encarnado atualmente, criaria um site para divulgar e disponibilizar seus livros a todos os leitores, sem necessitar de qualquer editora para desfrutar de lucros financeiros com o produto da sua psicografia.
Jorge Hessen
http://jorgehessen.net

Referência:
Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A REVISTA AURORA PUBLICOU

ESPIRITISM0 - 155 ANOS (ALGUNS COMENTÁRIOS)


Meio século após a Revolução Francesa, também no palco da grande demanda popular, o professor Rivail, com o aporte dos luminares Benfeitores do além, publicava o livro que apontaria o alvorecer de distinta, porém ampla revolução aos franceses e ao mundo. Desta vez, uma insurreição intrínseca, sucessiva e silenciosa, por consubstanciar na intimidade de cada indivíduo.
Estava sendo oferecido à Humanidade O Livro dos Espíritos, numa clara manhã de primavera sob o pulsar da Estrela Maior, regente do sistema planetário, que alberga a humanidade. Era o dia 18 de abril de 1857, no majestoso Palais Royal, na Rua de Rivoli, Galeria d' Orleans, número 13, exatamente na Livraria E. Dentu, que é publicado o primeiro livro espírita, contendo os excelsos postulados da Terceira Revelação. Ante este espetáculo transcendente surgia a Doutrina Codificada pelo gênio de Lyon, Allan Kardec.
O Livro dos Espíritos é acatado pelos estudiosos como a insigne literatura da mais avançada Filosofia que se tem notícia na História terrestre, pois aborda temas que raiam todas as províncias do conhecimento. Com o notável livro inaugura-se a Era do Espírito e da Fé Racional.
Um dos pontos culminantes da extraordinária obra espírita é o preceito da lei das vidas sucessivas (reencarnação), recomendando abonar a realidade de que não encarnamos uma só vez, mas, tantas e quantas forem necessárias a fim de nos tornarmos seres perfeitos e portadores das mais nobres qualidades intelectuais, morais e espirituais.
Cento e cinquenta e cinco anos se esvaíram, e nesta quadra em que a badalação na mídia, em especial no cinema e na televisão, se destaca como fator de publicidade doutrinária, constituindo em novo campo de disputa no espaço público, o Espiritismo vem alargando sua inserção social entre as camadas de classe sociais de todos os segmentos.
Doutrina de educação moral e de liberdade, propõe a revisão de modelos comportamentais, assumindo-se valores verdadeiros e imorredouros, como humildade, honestidade, dignidade, amor ao próximo e outras virtudes como sendo a fórmula revolucionária de melhoria progressiva da Humanidade.
Nesses 155 anos, quando muitos confrades e instituições se movimentam para comemorações ao longo de 2012, cabível advertir que não bastam as manifestações exteriores alusivas ao Espiritismo e as reuniões de congraçamento de grande número de pessoas. Mais importante de tudo será o alcance em profundidade que essa mensagem de renovação e de esperança se dê em nós, para que movimente-nos a intimidade, impulsionando-nos no dia-a-dia para uma vivência em plena consonância com as proposições de Jesus.
Para esse mister torna-se imperioso mantermos o Espiritismo com a pureza essencial, aos moldes do Cristianismo nascente, sem permitir que sejam incorporadas práticas estranhas ao projeto dos Espíritos Superiores.
A unidade doutrinária foi a única e derradeira divisa de Allan Kardec, por ser a fortaleza intransponível do Espiritismo. Para tornarmos o Espiritismo inexpugnável, urge munir-nos contra a infiltração nas fileiras espíritas de ideologias discutíveis, ligadas a movimentos incompatíveis com os sãos princípios e com as finalidades essenciais da Doutrina. Por essa razão, e por não ser tarefa das mais fáceis, os chamados órgãos “unificadores” ainda encontram extremas dificuldades em realizar o ideal sonhado por Bezerra de Menezes na Pátria do Evangelho. Isto porque as trevas são extremamente poderosas e organizadas, e assestam suas armas para destruir o projeto doutrinário, incrementando, por exemplo, a publicação de livros “espíritas” que jamais deveriam existir nas hostes doutrinárias.
Recordemos que por força dos interesses aristocráticos, financeiros e de poder pessoal, a mensagem do Cristo sofreu no decorrer dos séculos um desgaste irreparável. A atual liderança do Movimento Espírita permanece claudicando, rejeitando e desviando o Projeto do Espiritismo, promovendo pomposos e ricos congressos não GRATUITOS, eventos em que “escritores” insignificantes (mascates de livros), expõem vergonhosamente seus livros via “noites de autógrafos”, mirando projetar seus “nomes” definitivamente na galeria da fama.
Infelizmente alguns líderes espíritas vão adequando a proposta doutrinária às suas ambições e prepotências, corrompendo os textos da codificação, escondendo o tirocínio histórico do mestre lionês e dos seus cooperadores, acarretando para as instituições espíritas comportamentos autoritários, contagiados caprichos e vaidades pessoais. São seres dominados por um dissimulado ranço clerical, ciumentos, intolerantes, e quais vinhos acres e frutos deteriorados, contaminam os mais caros celeiros doutrinários.
Porém, tão estáveis são os fundamentos espíritas que, apesar desses desmandos pessoais, a Doutrina Espírita permanecerá com o homem, sem o homem e apesar do homem. Anos se passaram de convite ao amor e à instrução à luz da Terceira Revelação. Atualmente são milhões, em todos os quadrantes do Globo, aqueles que aceitam a convocação, penetram o conhecimento da vida em sua máxima amplitude e grandeza, e estão trabalhando proficuamente para a grande reforma moral, numa revolução silenciosa, porém constante, rendendo preito de gratidão ao Espiritismo, por tudo o que ele já fez e continua fazendo a cada dia pela humanidade.
Jorge Hessen
http://jorgehessen.net

domingo, 11 de novembro de 2012

Dom de curar



Restituí a saúde aos doentes, ressuscitai os mortos, curai os leprosos, expulsai os demônios. Dai gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido. (S. MATEUS, cap. X, v. 8.)
“Dai gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido”, diz Jesus a seus discípulos. Com essa recomendação, prescreve que ninguém se faça pagar daquilo por que nada pagou. Ora, o que eles haviam recebido gratuitamente era a faculdade de curar os doentes e de expulsar os demônios, isto é, os maus Espíritos. Esse dom Deus lhes dera gratuitamente, para alívio dos que sofrem e como meio de propagação da fé; Jesus, pois, recomendava-lhes que não fizessem dele objeto de comércio, nem de especulação, nem meio de vida.
 
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVI, itens 1 e 2.)