quinta-feira, 26 de setembro de 2013

COMO DEVEMOS AGIR PERANTE OS CRIMINOSOS?


 
Jorge Hessen
http://aluznamente.com.br

É com imensa tristeza que lemos a notícia sobre alegada morte, no Iêmen, de Rawan (1), uma menina de 8 anos, em decorrência de lesões que sofreu na noite de núpcias com um homem de 40 anos. (2) O caso foi divulgado pelo jornalista Mohammad Radman e o Gulf News. Vários sites espalharam a história, incluindo o Opera Mundi – que se baseou em relatos da agência alemã DPA, do jornal alemão Der Tagesspiegel, do espanhol El País, do Huffington Post (em sua versão britânica) e da agência de notícias Reuters. Os chefes tribais locais estão acobertando a história. O governo do Iêmen nega o fato; entretanto, para Mohammad, as autoridades estão tentando sepultar a história”. (3)
Se é uma questão cultural, isso não absolve o crime de pedofilia. A rigor, é um processo de legalização da pedofilia nalguns países. Casamentos envolvendo menores de idade são corriqueiros no Iêmen. Em 2010 uma menina de 13 anos também morreu com graves lesões nos órgãos internos após ter sido forçada a se casar com um adulto, coforme denuncia uma organização de direitos humanos que atua no Iêmen.
Esse comportamento existe noutras comunidades muçulmanas ortodoxas, tais como ocorre em países como Somália, Nigéria e Afeganistão. Um relatório da Organização das Nações Unidas registra que mais de 50% de todas as jovens iemenitas estão casadas antes de completarem 18 anos e cerca de 14% estão para se casar sem terem ainda 15 anos. (4) A ativista Hooria Mashhour tem lutado para que a prática do casamento infantil seja de uma vez por todas banida do país. (5)
O casamento entre adulto e criança abaixo da idade de consentimento é um crime na legislação de inúmeros países. Contudo, há outro aspecto na discussão: muitas culturas reconhecem pessoas como “adultas” (idade de consentimento) em variadas faixas etárias. Por exemplo, a tradição do Judaismo considera como “adultos” (membros da sociedade) as mulheres aos 12 e os homens aos 13 anos de idade, sendo a cerimônia de transição chamada Bat Mitzvah para as garotas e Bar Mitzvah para os rapazes.
Ao longo da história antiga, no período medieval, na Idade moderna e nos séculos XIX e XX, eram comuns os casamentos de crianças e pré-adolescentes (sobretudo meninas menores de 12 anos de idade) com adultos. Atualmente, tal situação configura-se como ação delitiva que prejudica gravemente o desenvolvimento atual e futuro da criança. Tal aberração, à luz do código penal de diversos países, hoje é classificada como crime de pedofilia. (6)
Em que pese essa criminalização, a situação não se modificou em diversos paises. “Mais de 200 milhões de crianças sofrem violência sexual no mundo e quase metade das vítimas das agressões sexuais são meninas menores de 16 anos. Em nível global, estima-se um número entre 500 milhões e 1,5 bilhão de meninos e meninas que sofrem algum tipo de violência sexual a cada ano, segundo relatórios de organizações internacionais realizados em pelo menos 70 países.” (7)
Ao tratarmos sobre violência infantil que ocorre no Iêmen o assunto que se destaca é a pedofilia. Esse tema nos remete inteiramente aos desvios sexuais e/ou culturais, convidando-nos a embrenhar nos códigos da lei de causa e efeito. Entretanto, na perspectiva da criança não submergiremos nos “porquês”, nem nos rudimentos cáusicos reencarnatórios de espíritos que padecem tamanha crueldade. Não recorreremos à lógica (ação e reação) sobre esses processos expiatórios, enfocaremos tão somente o crime da pedofilia sob a lupa da indulgência. Seria isso possível?
O termo pedofilia (8) significa depravação sexual na qual a fascinação sexual do adulto ou adolescente está conduzida para crianças pré-púberes (antes da puberdade) ou no início da adolescência. A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, aprovada em 1989 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, define que os países signatários devem tomar "todas as medidas legislativas, administrativas, sociais e educativas" adequadas à proteção da criança, sobretudo no que se refere à violência sexual.
No que tange aos criminosos, inclusive agressores sexuais (pedófilos) que sucumbem diante de crianças para fúria das suas truculências, a Doutrina Espírita recomenda não condenar ninguém, advertindo sempre que tenhamos com todos a prática da caridade. Tais criminosos constituem espíritos que atravessam um momento difícil em que necessitam promover a sua edificação moral, através de uma conduta sexual equilibrada.
O tema é na essência potencialmente complexo, culturalmente polêmico e trágico; não há como ignorá-lo no contexto de nossa situação na terra. O pedófilo, sendo um desnorteado da alma, e ao mesmo tempo um criminoso, logicamente não pode ficar impune. Contudo, precisa, antes, de tratamento psíquico e espiritual.
Sim! Cabe aqui refletir, à luz da Doutrina Espírita, sobre os crimes e sobre a lei. O mandamento maior da lei divina inclui a caridade para com os criminosos, por mais difícil que possa parecer ter este sentimento diante da barbárie da pedofilia. Perante a Lei de Deus, somos todos irmãos, por mais repugnante que seja para alguns tal ideia. O criminoso é alguém que desconhece a Lei Divina, que não reconhece a paternidade divina e, portanto não vê no outro um irmão. Nós, que já temos esses valores, sabemos que ele é também um filho de Deus, por enquanto transviado do bem, que precisa do nosso amor fraterno.
Mas de que maneira amar um criminoso, um inimigo da sociedade? Kardec nos ensina que amar os inimigos não é ter-lhes uma afeição que não está na natureza, visto que o contato de um inimigo nos faz bater o coração de modo muito diverso do seu pulsar ao contato de um amigo. Amar tais inimigos é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal que causem; é desejar-lhes o bem e não o mal; é socorrê-los, em se apresentando ocasião; é abster-se, quer por palavras, quer por atos, de tudo o que os possa inutilizar; é, finalmente, retribuir-lhes sempre o mal com o bem, sem a intenção de degradá-los. (9)

Se assim procedermos, preencheremos as condições do preceito do Mestre Jesus: “Amai os vossos inimigos.”(10)

Referência bibliográficas
(1)            Rawan residia em  Meedi, uma cidade na província norte-ocidental de Hajjah , fronteira com a Arábia Saudita. A  menina foi vendida pelo padrasto para um saudita por cerca de R$ 6 mil, segundo o jornal alemão Der Tagesspiegel
(2)            Segundo os médicos, a Rawan morreu com hemorragia  no útero e alguns órgãos internos decorrente da união carnal
(3)            Disponível no site http://oglobo.globo.com/mundo/policia-do-iemen-nega-morte-de-menina-de-oito-anos-apos-lua-de-mel-com-marido-de-meia-idade-diz-site-9904846#ixzz2fpzsOAFH
(4)            Disponível no site http://www.ionline.pt/artigos/mundo/iemen-luta-banir-casamento-infantil-num-dos-paises-arabes-mais-pobres
(5)            Disponível no site http://www.ionline.pt/artigos/mundo/iemen-luta-banir-casamento-infantil-num-dos-paises-arabes-mais-pobres
(6)            A Classificação Internacional de Doenças (CID-10), da Organização Mundial da Saúde (OMS), item F65.4, define a pedofilia como "Preferência sexual por crianças, quer se trate de meninos, meninas ou de crianças de um ou do outro sexo, geralmente pré-púberes
(7)            Disponível  no site http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/27705/mais+de+200+milhoes+de+criancas+sofrem+violencia+sexual+no+mundo+diz+ong.shtml
(8)            Também conhecida como paedophilia erótica ou pedosexualidade
(9)            Mateus 5:44

(10)          Kardec, Allan. O Evangelho Segundo O Espiritismo, Cap. XII, Item 3, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2000

terça-feira, 17 de setembro de 2013

“CURANDEIROS ENDEUSADOS”, CIRURGIÕES DO ALÉM – SOB OS NARCÓTICOS INSENSATOS DO COMÉRCIO

Jorge Hessen
http://aluznamente.com.br


Após leitura de intrigante reportagem da Revista “VEJA” , deliberamos reproduzir e contextualizar alguns trechos da matéria publicada.  Intitulada “A face humana do mais endeusado médium brasileiro”(1) , a  “VEJA” destacou  a capacidade do famigerado médium de atrair gente do mundo inteiro para um município próximo do Distrito Federal. Afirma a reportagem que o “santificado médium” convive o cotidiano  sob o manto da contradição entre o “espírito e a carne”, a “cura e a doença”, o “desprendimento e a vaidade”, os gestos de “generosidade , os arroubos de cólera” e os negócios terrenos(2) [é milionário], os amores [tem onze filhos com dez mulheres diferentes]. A cada  dois anos, o “curandeiro-endeusado do cerrado”  troca a frota de carros da família. O dele é um Mohave Kia, avaliado em 170 000 reais..” (3)
Sabemos que a  mediunidade não guarda relação com o desenvolvimento moral, seu funcionamento independe das qualidades morais, assim como o coração pulsa independentemente dos sentimentos bons ou maus que a pessoa alimente. O fato é que os médiuns de tais “cirurgiões do além” sempre seduzem grande número de fregueses,  estabelecendo, não raro, com a mediunidade, um negócio rendoso,  uma polpuda fonte de captação de dólares e reais. Para comprovar, consideremos o fato aqui comentado. Chequemos o seguinte: o PIB - Produto Interno Bruto do município onde “médium-feiticeiro do cerrado” comercializa disfarçada e generosamente  a “cirurgia transcendental” é de 15 milhões de reais ao ano. No mesmo período, a instituição dirigida por tal “deus da mediunidade de cura” “ tem faturamento de ,no mínimo, 7,2 milhões de reais, levando-se em conta exclusivamente  o comércio de passiflora, preparado à base de maracujá, produzido ali mesmo, vendido a 50 reais o frasco e receitado a uma média de 3 000 visitantes semanais.” (4)
Por sérias razões não apreciamos e sequer indicamos esse tipo de mediunidade, embora, excepcionalmente, acatemos os efeitos mediúnicos atingidos por alguns poucos médiuns humildes e honestos. Infelizmente alguns  “deuses dos bisturis”, que promovem cirurgias com auxílio de supostos médicos do além,  conseguem robustecer suas contas bancárias. Há algumas décadas Chico Xavier advertiu: “Creio que isto deva ser fruto da educação da pessoa simplória, acreditar que, pagando bem, irá conseguir curas espirituais. O verdadeiro Espiritismo não pode cobrar, nem mesmo os remédios que receita aos doentes. Também sou contra essa estória de meter instrumentos cortantes no corpo dos outros, sem ser clínico. O médico estudou bastante anatomia, patologia e, por isso, está habilitado a fazer uma cirurgia. Por que eu, sendo médium, vou agora pegar uma faca e abrir o corpo de um cristão sem ser considerado um criminoso?” (5)
O médium de Pedro Leopoldo disse que foi operado pelos médicos terrenos cinco vezes, e vários médiuns lhe ofereceram seus serviços. “O Espírito Emmanuel lhe repreendeu: Você deveria ter vergonha até em pensar em receber esse tipo de cura, porque todos os outros doentes vertem sangue, usam éter, tomam determinados remédios para melhorar. Como você pretende se curar numa cadeira de balanço?”(6)
Do exposto, indagamos o seguinte: como ajuizarmos atualmente esses “curandeiros e cirurgiões do além”? Chico Xavier quando estava para se submeter a uma cirurgia, em 1968, de um tumor na próstata, Zé Arigó [que não era espírita], mandou lhe avisar que estava pronto para realizar a operação. Chico respondeu: “como é que eu ficaria diante de tanto sofredor que me procura e que vai a caminho do bisturi, como o boi vai para o matadouro? E eu, sabendo disso, vou querer facilidades? Eu tenho é que operar [com médicos encarnados] como os outros, sofrendo com eles! (7) Por isso, o Espírito André Luiz advertiu para "aceitar o auxílio dos missionários e obreiros da medicina terrena, não exigindo proteção e responsabilidade exclusivos dos médicos desencarnados”. (8)
É deplorável os médiuns evocarem "Espíritos"  para que lhes atendam como “cirurgiões do além”, a fim de  retalhar e perfurar  corpos em nome de “operações espirituais”; que lhes prescrevam placebos. É lamentável essa tendência de subestimar a contribuição da medicina humana, entregando nossas enfermidades aos Espíritos “curandeiros do além” (preferencialmente com nome germânico ou hindu) para que "curem" doenças.  Precisamos "aproveitar a moléstia como período de lições, sobretudo como tempo de aplicação de valores alusivos à convicção religiosa. A enfermidade pode ser considerada por termômetro da fé”. (9) 
Não desconhecemos a plausível intervenção dos desencarnados nos processos terapêuticos na Terra, mas não se pode dar proeminência a esse tipo de trabalho, na suposição de curas ou na pérfida ideia de robustecimento do Espiritismo por esses meios. É urgente não abrirmos mão da precaução! Ainda mesmo  que o excesso em tudo seja prejudicial, contudo, Kardec endossa nossa atitude  dizendo que “em semelhante caso, vale mais pecar por excesso de prudência do que por excesso de confiança".(10)
Acreditamos que as "terapias alternativas", "curandeirismos" e a fascinação na prática mediúnica, são fatores que têm desestabilizado o plano [da união] entre os espíritas e da unidade doutrinária.(11) É pouco significante que um “cirurgião do além-túmulo”  faça desaparecer anomalias inibidoras ou deformantes do corpo. Até porque o perispírito conservará a patologia, que vai se projetar para reencarnações futuras, exceto que nos ajustemos com a lei da justiça, cobrindo com amor a "multidão de pecados" que carregamos. Jamais olvidemos que a cirurgia transcendente pode até mesmo refrear temporariamente as doenças físicas, mas o amor, trabalhando nos tecidos sutis da alma, cura, purifica e redime para a eternidade.
Segundo Divaldo Franco   “é uma temeridade transformar o centro espírita em pequeno hospital para atendimento de todas as mazelas , isso é uma loucura. É um desvio da finalidade da prática do Espiritismo. Podemos, sim, fazer uma atividade de atendimento a doentes que são portadores de problemas na área da saúde espiritual. Poderemos aplicar-lhes passes, doar-lhes a água fluidificada, se for o caso, mas a função principal do Centro Espírita é iluminar a consciência daqueles que o buscam.”(12)
Ressalta o tribuno baiano que certa vez o Espírito do “Dr. Fritz” quis operar Chico Xavier, em 1965, através do médium não espírita Zé Arigó: - "Eu te ponho bom desse olho. Faço-te a cirurgia agora! Pronunciou  Arigó e  Chico Xavier respondeu-lhe: - "Não, isso é um karma. Eu sei que o senhor pode consertar o meu olho. Mas como o karma continuará, vai aparecer-me outra doença. Como eu já estou acostumado com essa, eu a prefiro. Por que eu iria querer uma doença nova?". (13)
Os Espíritos não estão a disposição para promoverem curas de patologias que não raro representam providências corretivas para nosso crescimento espiritual no buril expiatório. 
Nesse sentido, os dirigentes de núcleos espíritas deveriam promover bases de estudos e reflexões sobre as propostas filosóficas, científicas e religiosas do Espiritismo ao invés de encetarem trabalhos espirituais para os inócuos "curanderismos".

Referências bibliográficas:

(1) Disponível em http://vejabrasil.abril.com.br/brasilia/materia/joao-do-ceu-e-da-terra-508 acesso em 14/09/2013
(2) Suas economias vêm do garimpo. Ele é dono de fazendas na região, é proprietário de apartamentos em Brasília, Goiânia, Anápolis e Abadiânia.
(3) Disponível em http://vejabrasil.abril.com.br/brasilia/materia/joao-do-ceu-e-da-terra-508 acesso em 14/09/2013
(4) Idem
(5) Entrevista, concedida aos jornalistas goianos Batista Custódio — Diário da Manhã — e Consuelo Nasser — Revista Presença —publicado no jornal “Goiás Espírita” — órgão de divulgação da Federação Espírita do Estado de Goiás — edição 284, de janeiro/fevereiro de 1988
(6) Idem
(7) Idem
(8) Vieira, Waldo. Conduta Espírita, Ditado pelo Espírito André Luiz, Cap.35. RJ: Editora FEB, 1977-5ª edição
(9) Idem
(10) Kardec, Allan. Viagem Espírita-1862, Brasília, Ed. Edicel, 2002, pág. 33
(11) Franco. Divaldo. Publicado no jornal Alavanca - abril/maio-2000 
(12)Entrevista com Divaldo Franco publicado no jornal "A Gazeta do Iguaçu" em julho de 1997

domingo, 15 de setembro de 2013

O ALTRUÍSMO E EGOÍSMO NUMA CONCISA PONDERAÇÃO ESPÍRITA


Jorge Hessen
http://aluznamente.com.br
Novas pesquisas revelam que o princípio da evolução pode ocorrer em termos bem mais caritativos do que habituamos conceber.  Contrariando a velha tese de Charles Darwin que sugeria ser melhor para o homem tomar decisões favorecendo a si mesmo (egoísmo), estudiosos têm alegado que o princípio evolucionista só favorece aos altruístas. Tais pesquisas atestaram que se os homens elegessem desempenhar relações egoístas, a raça humana poderia ter sido extinta do planeta. Assim a abnegação e o espírito cooperativo trazem a conservação da humanidade. (1) 
Edward Wilson, da Universidade de Harvard, Estados Unidos, afiança que a evolução do altruísmo é o problema teórico central da sociobiologia (2). A questão já intrigava o Pai da Teoria da Evolução, que em 1871, no livro “A Origem do Homem”, utilizou a seleção de grupo para explicar a evolução da moralidade humana. Darwin defendia que o comportamento moral não traz vantagem para o indivíduo, que lucraria mais desobedecendo as regras para agir de acordo com sua vontade própria. Embora, reconheça que uma tribo regida por valores que enfatizem “o espírito de patriotismo, fidelidade, obediência, coragem e solidariedade” certamente será mais coesa e organizada e assim terá maiores chances de vitória na disputa por recursos naturais ou territórios com tribos menos virtuosas. Destarte, a seleção natural agiria não somente sobre indivíduos, mas também sobre grupos competidores. 
Na visão do biólogo Robert Trivers, da Universidade de Rutgers, em Nova Jersey, os seres humanos, são menos cooperativos do que os insetos sociais [formigas e abelhas]. Entretanto, os seus colegas Williams Hamilton, considerado um dos maiores teóricos da evolução de todos os tempos e Richard Dawkins, da Universidade de Oxford,  entendem que a natureza não é pródiga e guarda tantos ou mais exemplos de egoísmo quanto de altruísmo.  (3)
Alguns teóricos afirmam que entre os humanos há um sistema de altruísmo recíproco com um meio de troca – o dinheiro – que uniu o mundo inteiro em uma economia interligada, mas com muito mais conflito interno e muito menos altruísmo. Afirma-se que  quem é altruísta aos “seus” não é generoso – é nepotista. (4) Será que  podemos qualificar de altruísmo aquilo que fazemos com vistas a uma retribuição futura? Fica a sensação de que, sob a pele de cordeiro do altruísmo, vamos sempre encontrar um lobo egoísta. Aliás, é exatamente o que afirmou em 1974 o biólogo americano Michael Ghiselin: “arranhe um altruísta, e você verá um egoísta sangrar”. (5)
A palavra "altruísmo" foi cunhada em 1831, por Augusto Comte, Pai do Positivismo, para caracterizar o conjunto das disposições humanas (individuais e coletivas) que inclinam os homens a dedicarem-se aos outros. Esse conceito opõe-se, portanto, ao egoísmo, que são as inclinações específica e exclusivamente individuais (pessoais ou coletivas).
O pensador Samuel Bowles (6) coloca  em dúvida a teoria do Darwin sobre ideia de que os homens são inteiramente egoístas. O comportamento humano é muito mais complexo do que a teoria da evolução supõe. Para Bowles a seleção natural pode produzir espécies altruístas e cooperativas. Diversas pesquisas que realizou demonstraram que a seleção natural pode produzir espécies altruístas e cooperativas – em vez de seres humanos inteiramente egoístas. No ponto de vista de Samuel Bowles, o naturalista Charles Darwin estava errado. 
Bowles radicaliza sua tese  ao afirmar que as pessoas se ajudavam antes de existir a bíblia. Para ele, ajudar é um ato humano,  sem necessariamente estar relacionado a aprendizagem de uma religião. A maioria das pessoas não age de maneira egoísta, como se acreditava  antigamente à luz da teoria da evolução ,até porque,  menos de um terço das pessoas é egoísta. O mundo está se tornando mais altruísta e menos egoísta segundo a concepção de Bowles. (7)
Será que a tese de Bowles procede? As instruções dos Espíritos não confirmam.  “Tendo o Espiritismo, a tarefa de colaborar para o desenvolvimento moral da humanidade, o que elevará a Terra na hierarquia dos mundos, o egoísmo é o alvo, para o qual, os espíritas, principalmente, “devem dirigir suas armas, suas forças e sua coragem”, combatendo-o em si próprio. ”(8) O egoísmo, considerado por Emmanuel, como o “filho do orgulho” e o “monstro devorador de todas as inteligências”, porque as domina, direcionando- as para o mal, a dor e o sofrimento, “é a fonte de todas as misérias terrenas”, porque leva o homem a pensar somente em si, impedindo-o de fazer crescer o amor, inerente em si, no ser espiritual, em potencialidade a ser desenvolvida por sua vontade. “A Terra é um planeta surpreendente, um rico educandário, mas o único elemento que aí destoa da Natureza é justamente o  homem, avassalado pelo egoísmo. O atual estado de espírito do homem moderno, que tanto se preocupa  com o “estar bem na vida”, “ganhar bem” e “trabalhar para enriquecer” constitui forte expressão  de ignorância dos valores espirituais na Terra, onde se verifica a inversão de  quase todas as conquistas morais.  Esse excesso de inquietação, no mais desenfreado egoísmo, tem provocado a crise moral do mundo. Em face disso os maiores  obstáculos que Deus encontra em nós, para que recebamos os seus socorro  indireto, afetuoso e eficiente são oriundos da ausência de humildade  sincera nos corações; para o exame da própria situação de egoísmo.” (9)
As anomalias morais nos procedimentos de desordem e de brutalidade são indícios de atraso moral ou de estacionamento no exclusivismo. “As criaturas, de um modo geral, ainda têm muito da tribo, encontrando se encarcerados nos instintos propriamente humanos, na luta das posições e das  aquisições, dentro de um egoísmo quase feroz, como se guardassem consigo,  indefinidamente, as heranças da vida animal.” (10)
A Doutrina Espírita expõe que na  eclosão dos manifestos egoísticos, inatos no seres humanos,   há sempre o sabor amargo da inutilidade no coração dos seres desenganados pela hegemonia do individualismo. Nesse sentimento de frustração pode degustar a expansão de suas buscas irresistíveis e  profundas para o “mais alto”. Nesse ensejo, o altruísmo, a fraternidade e o amor conquistam uma nova expressão no íntimo da criatura, a fim de que o homem  possa alçar o grande voo para os mais excelsos destinos.


Referências bibliográficas:
(1) Divulgado pela publicação científica Nature Communications e disponível em http://super.abril.com.br/ciencia/evolucao-bondade-443958.shtml acesso em 12/09/2013
(2) Ciência que busca entender em bases biológicas o comportamento social dos seres
(3) Disponível em http://super.abril.com.br/ciencia/evolucao-bondade-443958.shtml acesso em 12/09/2013
(4) Idem
(5) Idem
(6) Conselheiro econômico em Cuba, na Grécia, do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela e dos ex-candidatos à Presidência dos Estados Unidos Robert F. Kennedy e Jesse Jackson. Seus estudos sobre a evolução genética e cultural dos humanos têm repercutido em publicações de prestígio, como as revistas “Nature” e “Science”
(7) disponível em http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe/129045_CHARLES+DARWIN+ESTAVA+ERRADO+
(8) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XI: Amar o próximo como a si mesmo, Instruções dos Espíritos: o egoísmo, item 11, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001
(9) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1990, perguntas  68 72 125  183  313  348  410
(10) Idem

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

TALISMÃS, FITINHAS DO “SENHOR DO BONFIM” E OUTROS AMULETOS NUM CONCISO COMENTÁRIO ESPÍRITA



Jorge Hessen
http://aluznamente.com.br

Para o enredo místico os “talismãs são objetos de proteção, imantados de força magnética, ao qual se atribui um poder sobrenatural de realização dos desejos do usuário. Os amuletos são os objetos consagrados através da magia que devem ser usados junto ao corpo (anéis, correntes, medalhas). Segundo creem, um objeto sagrado tem uma função (proteger, vincular, aproximar) determinada pela sua forma no plano material (gravura, anel, estátua, medalha, porta-incenso). Por outro lado, a natureza da energia que pode ser canalizada pelo objeto varia de acordo com o símbolo ou divindade que este objeto represente.”(1)
Acatamos fraternalmente o nível moral de quem usa e crê na eficácia dos talismãs e amuletos,  entretanto, quem utiliza  cristaliza a fé, razão pelo qual não recomendamos o uso de implementos místicos ,  até porque são inúteis e completamente dispensáveis. Na compreensão espírita “a virtude dos [talismãs e amuletos] de qualquer natureza que seja,  não existe senão na imaginação das pessoas crédulas[ingênuas].”(2)
O Espiritismo e o magnetismo elucidam uma vastidão de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu um sem-número de fantasias mitológicas, em que os eventos se oferecem excedidos pela imaginação. “O conhecimento lúcido dessas duas ciências [Espiritismo e o magnetismo] constitui o melhor preservativo contra as ideias supersticiosas, porque revela o que é possível e o que é impossível, o que está nas leis da Natureza e o que não passa de ridícula crendice.”(3)
Os Espíritos Superiores dizem que os crédulos na força do talismã podem atrair seres espirituais de qualquer natureza, posto ser o pensamento a energia induzidora enquanto o apetrecho tão somente uma referência que conduz o pensamento. A rigor, “a virtude dos talismãs, de qualquer natureza que sejam, jamais existiu, senão, na imaginação das pessoas crédulas."(4) Deste modo, não há nenhuma palavra sacramental, nenhum sinal cabalístico, nenhum talismã que tenha qualquer ação sobre os Espíritos, porque eles são atraídos somente pelo pensamento e não pelas coisas materiais. 
A realidade é que  “a natureza do Espírito atraído terá afinidade com a pureza da intenção e da elevação dos sentimentos; porém, obviamente,  quem assenta fé na virtude de um talismã tem um intento mais material do que moral, isso denota em muitos casos uma inferioridade e fraqueza de ideias que o expõem aos Espíritos imperfeitos e zombeteiros.”(5) Os Instrutores espirituais, em todos os tempos, condenaram o emprego de sinais e das formas cabalísticas, e todo [encarnado ou desencarnado] que lhes atribui uma virtude qualquer, ou  pretenda valorizar  talismãs que tangem para a magia, revela, com isso, sua inferioridade, esteja agindo de boa fé ou por ignorância.
Não negamos a relativa influência oculta de certos objetos de uso pessoal (joias, por exemplo) que parecem funestos magneticamente. Emmanuel explana que os objetos, principalmente de uso pessoal, “têm a sua história viva e por vezes, podem constituir o ponto de atenção das entidades perturbadas, de seus antigos possuidores no mundo; razão porque parecem tocados, por vezes, de singulares influências ocultas, porém, nosso esforço deve ser o da libertação espiritual, sendo indispensável lutarmos contra os fetiches, para considerar tão somente os valores morais do homem na sua jornada para o Perfeito.”(6)
Os Espíritos que aconselham sinais, palavras extravagantes ou receitam determinadas fórmulas secretas são seres primários que caçoam e brincam com a ingênua credulidade dos incautos. Há pessoas que atribuem poderes nas defumações domésticas a fim de afastar os “maus” espíritos do lar, será isso eficaz? Obviamente, não! Quando muito a fumaça poluirá a atmosfera e, quem sabe! Espante algumas muriçocas e carapanãs, mas quanto aos obsessores, não haverá qualquer efeito. A fuligem defumatória tão somente sinalizará aos espíritos zombeteiros que em tal ou qual moradia residem crendices e superstições, portanto, ambiente fértil e facilmente influenciável por eles. Portanto, não exercendo qualquer controle sobre os Espíritos [bons ou maus], a defumação é completamente ineficaz para suposta proteção da influência dos Espíritos.
Kardec adverte que “não há [qualquer força sobrenatural], para alcançar esse [ou aquele] objetivo, nem palavras sacramentais, nem fórmulas, nem talismãs, nem quaisquer sinais materiais [riscados, cantados, defumados, fitas do Senhor do Bonfim etc]. Os maus Espíritos disso se riem e se alegram frequentemente em indicarem [tais apetrechos]. [Tais seres zombeteiros] sempre têm o cuidado de se dizer infalíveis, para melhor captar a confiança daqueles que querem enganar, porque então estes confiantes na virtude do procedimento, se entregam sem medo."(7)
Por razões lógicas o Espiritismo não adota e nem usa em suas reuniões e em suas práticas: altares, imagens, andores, velas, procissões, sacramentos, concessões de indulgência, paramentos, bebidas alcoólicas ou alucinógenas, incenso, fumo, talismãs, amuletos, horóscopos, cartomancia, pirâmides, cristais, búzios ou quaisquer outros objetos, rituais ou formas de culto exterior. Até porque os Espíritos são atraídos somente pelo pensamento; portanto, nenhum talismã, amuleto, palavra sacramental, sinal cabalístico ou qualquer tipo fórmula exterior poderá exercer qualquer influência sobre eles. 
Respeitamos os que creem na influência dos talismãs da felicidade pessoal, porém somos convidados a informar que o talismã para a felicidade pessoal, definitiva, se constitui de um bom coração sempre afeito à harmonia, à humildade e ao amor, no integral cumprimento dos desígnios de Deus.  

Referência bibliográfica:
(1) Disponível em http://mistico.com/p/talisma/ acesso em 23/08/13
(2) Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. XXV, item 282-17ª, Rio de Janeiro: Ed FEB, 1991
(3) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos,  perg. 555, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1994
(4) Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. XXV, item 282-17ª, Rio de Janeiro: Ed FEB, 1991 
(5) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos,  perg. 553 e 554, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1994
(6) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo Espírito Emmanuel,  perg. 143, Rio de janeiro: Ed. FEB, 1997
(7) Kardec, Allan. Revista Espírita,  dezembro de 1862, Brasília: Ed. Edicel, 2002

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

SONAMBULISMO –FACULDADE INTRIGANTE E POUCO DEBATIDA

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Jorge Hessen
http://aluznamente.com.br
 
 
Uma neozelandesa conseguiu dirigir e enviar mensagens (1) pelo celular (enquanto “dormia” ao volante) em completo estado de transe sonambúlico (2). Eis aqui um tema desafiador para cogitação espírita, porquanto o sonambulismo [do latim somnus= sono e ambulare= marchar, passear] consiste no estado de emancipação da alma mais completo do que no sonho. O sonho é um sonambulismo imperfeito. No sonambulismo, a lucidez da alma, isto é, a faculdade de ver, que é um dos atributos de sua natureza,  é mais desenvolvida. Ela vê as coisas com mais precisão e nitidez, o corpo pode agir sob o impulso da vontade da alma. O esquecimento absoluto no momento do despertar é um dos sinais característicos do verdadeiro sonambulismo, visto que a independência da alma e do corpo é mais completa do que no sonho.
Allan Kardec informa na Introdução de O Livro dos Espíritos que se interessou pelo sonambulismo e magnetismo desde sua juventude. Na época o tema era observado em todo continente europeu, despertando interesse acadêmico de numerosos estudiosos. O Marques de Puysegur, um dos mais célebres discípulos de Franz Anton Mesmer, provocava a “crise mesmérica” e aproveitava esse período de “sono provocado” para curar seus pacientes. Durante o transe, certos sonâmbulos podiam ditar recomendações sobre o diagnóstico e o tratamento de enfermos ali presentes.
O século XIX, portanto, além de despertar o interesse da comunidade científica, o “magnetismo” foi bastante estudado nas obras Espíritas. O Codificador, um pesquisador do magnetismo desde os 18 anos de idade, redefiniu alguns conceitos sobre o tema. Palavras como “espírito” e “médium” já existiam, entretanto Kardec deu-lhes outra acepção, visando estratificar os arcabouços da Doutrina que vinha ao mundo sob as orientações dos Instrutores desencarnados.
O “médium” na concepção mesmerista, significava uma pessoa que se colocava sob o controle de um magnetizador. Todavia, Kardec anota no Cap. XIV do Livro dos Médiuns que “médium” é todo aquele que, sente num grau qualquer, a influência dos espíritos.
Comparemos o termo “médium sonâmbulo”: para os seguidores de Mesmer era uma faculdade que permitia uma pessoa entrar em transe sonambúlico sob influência magnética. Kardec ao estudar o tema percebeu algumas variáveis do transe sonambúlico. Primeiro percebeu quando o sonâmbulo age espontaneamente sob a influência do seu próprio Espírito (animismo); é a própria alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites dos sentidos. Por outro lado, o médium sonâmbulo, pode ser instrumento de uma inteligência estranha; quando é passivo e o que diz não vem de si. Em suma, o sonâmbulo exprime o seu próprio pensamento, enquanto que o médium exprime o de outrem.
Lembrando aqui que o Espírito que se comunica com um médium comum igualmente o pode fazer com um sonâmbulo; porque o estado de emancipação da alma facilita essa comunicação. Muitos sonâmbulos veem impecavelmente os Espíritos e os apresentam com tanta exatidão, como fazem os médiuns videntes. Podem dialogar com eles e transmitir-nos as suas ideias. O que narram, fora do âmbito de seus conhecimentos particulares, lhes é com certeza recomendada por outros Espíritos.
No Brasil o sonambulismo ainda é pouco compreendido porque é raramente pesquisado, daí a dificuldade de muitos dirigentes de reuniões mediúnicas em identificá-lo. Infelizmente é tema menosprezado pela maioria dos espíritas. Enquanto isso, sabemos de caso de sonâmbulo que se atirou do 7º andar do prédio em que residia. O infeliz caiu sobre a copa de uma árvore e só vindo despertar no pronto socorro com a medula completamente comprometida. Nunca mais conseguiu andar. Existem muitas pessoas sob o impacto das crises de sonambulismos.
Entendemos que o assunto merece ser examinado e debatido com mais frequência, mirando-se abrigo e socorro aos portadores dessa faculdade, que muitas vezes padecem agruras imensas, por não haver maior número de estudiosos para socorrê-los.
Como percebemos o sonambulismo natural é espontâneo ao passo que o sonambulismo magnético é voluntário e por isso pode ser provocado. Um não suprime o outro já que, em ambos persiste a faculdade da alma em emancipar-se; ocorre apenas outra diretriz, que disciplina o fenômeno. A educação mediúnica também permite ao médium que, por sua vontade, ele tenha controle voluntário sobre o Espírito que vai por ele se manifestar.
Assim sendo, pode considerar-se o sonambulismo como sendo uma variedade da faculdade mediúnica. Ambos caminham juntos e, nos dois fenômenos encontramos a alma, emancipada e livre para se manifestar. Reiteramos que  o sonâmbulo age sob a influência do seu próprio Espírito, é sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites dos sentidos. O médium ao contrário, como disse acima, é instrumento de uma inteligência estranha; é passivo e o que diz não vem de si. O sonâmbulo exprime o seu próprio pensamento, enquanto o médium exprime o de outrem. Sonâmbulos são médiuns independentemente de entrarem no transe anímico e, nessa condição, “incorporam” espíritos sofredores, ou não, mas o fazem também no decorrer desse transe, quando se desdobram e ocorre a psicofonia sonambúlica. Passam, assim, do transe anímico ao transe mediúnico.
Reenfatizamos que a deficiência de estudo dessa faculdade é falha gravíssima no movimento espírita, em face dos expedientes que proporciona no auxílio a espíritos padecentes, seja porque o médium, desdobrado, desloca-se a regiões distantes, ou próximas, onde existam intensos sofrimentos, seja porque permite “[quando os Mentores Espirituais concordam com a aplicação desse recurso ] submeter o espírito rebelde à regressão de memória, quando “incorporado” ao médium em transe sonambúlico e, em casos assim, ele atua na condição de médium, exercitando a psicofonia sonambúlica.” (3)
O sonambulismo puro, quando em mãos desavisadas, pode produzir belos fenômenos, mas é menos útil na construção espiritual do bem. Porquanto “a psicofonia inconsciente, naqueles que não possuem méritos morais suficientes à própria defesa, pode levar à possessão, sempre nociva, e que por isso, apenas se evidencia integral nos obsessos que se renderam às forças vampirizantes.” (4)


Referências bibliográficas:

(1)    As mensagens enviadas eram desconexa
(2)    Dados mostraram que ela estava enviando mensagens enquanto dirigia de sua casa, na cidade de Hamilton, à cidade de praia Mount Maunganui, a uma distância de 300 quilômetros.
(3)    XAVIER, Francisco C. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 9. Ed. - Rio de Janeiro: FEB, 1979. Cap. 3, 8 e 11. Sugerimos leitura do item 173, de O Livro dos Médiuns
(4)    Idem Cap. 3, 8 e 11.