Jorge Hessen http://aluznamente.com.br
Há exatos onze anos, na cidade mexicana de Mérida, mais de 110 países assinaram a Convenção Nações Unidas contra a Corrupção. O referido acordo prevê a cooperação para a recuperação de somas de dinheiro desviado dos países e a criminalização do suborno, lavagem de dinheiro e outros atos de corrupção. Nas celebrações do “Dia Internacional contra a Corrupção”, o procurador-geral da República do Brasil defendeu a punição de todos os envolvidos no esquema de corrupção que acontece há décadas no âmbito de esplêndida instituição petrolífera brasileira.
Na Europa existem empresas que dispõem em seus orçamentos de uma parcela para gorjeta (propina) de auditores ou de gerentes de empresas que lhes compram os produtos. A cultura da desonestidade chegou a tal ponto que na Alemanha era prática normal que o dinheiro gasto em gratificação (propina) no exterior pudesse ser declarado e ser abatido no Imposto de Renda. E a justificativa era o total “respeito” à cultura nativa: se a corrupção faz parte do cotidiano de um determinado país, não seriam os alemães a lutar contra a maré, prejudicando seus próprios negócios. Nesse caso, os fins justificam os meios, e todos saem satisfeitos – o subornado com dinheiro extra no bolso, os funcionários com seus empregos, a empresa com seus negócios, o governo com seu imposto e o povo no charco.
Nos noticiários brasileiros percebemos que os governantes não conseguem escapar da corrupção. O noticiário político é um mar de lama; na área econômica, irrompem golpes dos mais variados tipos, com prejuízos globais em cifras de bilhões de reais. A desonestidade chega ao seu cume ante os comportamentos maquiavélicos na administração do Estado. Os nossos governantes, ao defenderem a falácia de que os fins são justificados pelos ilegítimos meios, têm contaminado a coletividade, pois a sociedade se espelha e justifica seus vícios morais nas tramoias do governo.
Diante da constrangedora deterioração da ética, da malversação do dinheiro público, do total aparelhamento de todas instâncias jurídicas e legislativas, com enfoque na sustentação da IMPUNIDADE, irrompeu-se no cenário brasileiro uma espécie de afasia da população, ganhando espaços preciosos a timidez e a omissão generalizada. Jazem reclusos ou amordaçados os segmentos midiáticos, os religiosos, os grupos familiares, as instâncias militares, os indiferentes jovens, os agentes administrativos e outros atores públicos, sem o entusiasmo patriótico e o interesse para a reorganização da BRASILIDADE VERDE-AMARELA, visando alcançar uma Pátria totalmente livre do demagógico “jacobinismo” ideológico que confunde a humanidade desde a Revolução francesa aos alucinados gritos de protesto proferidos em 1848 sob liderança dos camaradas Carlos e Frederico (Karl e Friedrich ).
O efeito daqueles alucinantes berros originários do famoso “Manifesto de 1848” (contraditada pelos trabalhadores que mataram-se na Primeira Guerra Mundial) foi o catastrófico morticínio de dezenas de milhões seres humanos a partir de 1917, na URSS e doravante na China, Camboja, Cuba, Coreia do Norte. Quem sabe esteja faltando no Brasil o equilíbrio para o reencontro do caminho da ação pacífica e constante, por causa da descrença dos valores da honra cidadã. Estamos atravessando o apogeu de um ciclo desmoralizante que a tudo tem atingido com a alienação emocional de uma sociedade apática e visivelmente sem norte.
Como já enunciava Rui Barbosa, "de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."[1] Dentro desse triste panorama, a população tem sobrevivido sob os escombros da má gestão pública e está diante de um horizonte emblemático na Pátria do Evangelho, considerando a anarquia da corrupção que fatalmente acarretará consequências assombrosas para a paz social. No Brasil, conquanto as rédeas do poder permaneçam desde 1990 nas mãos de determinados políticos que não têm nenhum escrúpulo e nem compromisso com a honra, não podemos jamais desanimar das virtudes, nem zombar da honestidade e muito menos nos envergonharmos de agir patrioticamente.
Por felicidade, há exemplos de cidadãos que não se envergonham de trabalhar em patamares de honestidade. Fulanos simples do povo, que ao acharem objetos perdidos como celulares, carteiras, bolsas, cheques devolvem aos seus legítimos donos quando poderiam valerem-se do famigerado “achado não é roubado” e “tirar vantagem”, mas não o fazem; Pessoas simples que devolvem altas quantias em dinheiro encontradas em pastas, bolsas ou caixas aos donos ou às autoridades.
Portanto, nem todos os cidadãos da nossa admirável Pátria são corruptos ou corruptores, por saberem que a corrupção esfola como chibata cruel e faz correr o sangue no dorso do brasileiro! Um Brasil, legitimamente nacional, é construção de todos bons brasileiros! Os filhos do Brasil não podem se ajoelhar diante da putrefação moral e da corrupção que sangra o Coração da Pátria do Evangelho. Urge orar, exorar a Ismael, pedindo-lhe que implore diretamente ao Governador do Planeta a imediata intercessão a favor BONS BRASILEIROS e das futuras gerações de brasileirinhos.
Sim! Que Jesus tenha comiseração de todos nós, filhos desta abençoada Pátria VERDE-AMARELA!
Referência:
[1] Barbosa, Rui. Trecho do discurso "Requerimento de Informações sobre o Caso do Satélite - II". Disponível no portal da Fundação Casa de Rui Barbosa http://www.casaruibarbosa.gov.br/ acessado em 10/12/2014