Jorge Hessen
Estava aqui pensando sobre o abjeto
mercantilismo da mensagem espírita. Já fizemos muitas preces direcionadas aos
confrades “vendilhões” e os equivocados oradores plagiadores. No Brasil
há um portal na WEB que não se oprime ao comercializar Cd’s e Dvd”s contendo as
palestras de orador ilustre. Pessoalmente (via e-mail) já arguimos a equipe do
célebre orador e d’outros confrades, em particular e até os repreendemos
através de testemunhas e pela imprensa, seguindo rigorosamente o que recomendou
Jesus.
Contudo, nada prosperou, pois não
nos escutaram. Infelizmente, ainda hoje vemos a corretagem de vídeos de
palestras espíritas pelo “You Tube”. Isso sem falar naqueles outros
palestrantes “espíritas” que estão surgindo cá e acolá, plagiando o tribuno
Divaldo Franco. Às vezes, copiam e proferem o roteiro das palestras
do tribuno baiano , imitando o seu estilo pessoal, seja na impostação e timbre
da fala, seja no gesto das mãos etc , etc ,etc...
Certa vez, um confrade explanou
para mim a respeito das peripécias de um “famoso” orador que fora convidado
para falar no Centro em que ele dirige. Confidenciou-me que o tal palestrante
escalado, plagiava, grotescamente, com gestos cômicos, modos de expressão
verbal e trechos decorados das conferências do Divaldo Franco, inclusive
(pasme!!) "incorporando" “Bezerra” (!) após a palestra (!?).
Segredou-me, ainda, que outro
orador “espírita” convidado por ele, utilizou equipamentos de filmagem para
edição e autoprodução de DVDs e CDs (para venda) como prática de incontida e
peculiaríssima AUTOPROMOÇÃO, achando que está divulgando a Doutrina dos
Espíritos. Ainda sobre esse último orador, outro dirigente disse-me que certo
dia ao final da palestra, foi exigido, com gracejos inadmissíveis, os aplausos
do público, dizendo que na terrinha onde ele (orador) nasceu era comum o púbico
aplaudir as suas palestras.
Vamos raciocinar um pouco (não
historiaremos sobre o portal que mercadeja as palestras do orador afamado).
Fixarei no orador “espírita” que
plagia e imita o Divaldo. Este não tem o menor senso de ridículo, pois,
apodera-se de temas e da identidade alheia, sem o menor escrúpulo, e essa é uma
atitude obsessiva e/ou psicopatológica, porque lhe é auto plasmada. Ao imitar o
Divaldo, esquece-se de que tal atitude não passa de uma dissimulação.
Como se não bastassem as momices,
os peculiares e grotescos fatos é comum alguns “famosos” oradores, sob o manto
da falsa humildade, oferecerem-se para proferir palestras em todas as
instituições espíritas. Fazem autopropaganda, entram em contato (via celular,
WhatsApp, facebook, e mail etc. etc. etc.) com os que coordenam as
escalas e se dispõem, "modestamente", a serem designados para
“palestrar” nos Centros Espíritas.
Aos burlescos palestrantes,
candidatos ao estrelismo no movimento espírita, urge adverti-los para não se
enceguecerem ante os holofotes e aplausos dos filhos da ignorância doutrinária.
Palestra não é show de teatro. Não podemos incorporar as caricatas charges de
missionários para divulgarmos o Espiritismo. O expositor espírita não é um
profissional da fé, que precisa dramatizar, ou usar recursos de imitação do
Divaldo, para angariar fiéis. Sua tarefa é informar de forma simples, nobre e
coerente sobre o Espiritismo.
A transmissão da palestra espírita
é coisa sublime, pessoal, inimitável. Destarte, temos a obrigação de jamais
plagiar quem quer que seja, sobretudo, os oradores que dão "Ibope",
que superlotam os centros de convenções. Em face disso, creio que todo
dirigente tem o dever de advertir os palestrantes imitadores, porque é um
despropósito a clonagem do Divaldo.
É importante sermos o que somos,
modestos, sem exageros, lembrando que uma palestra num Centro Espírita é mais
uma conversa do que um discurso laudatório ou uma conferência bombástica. Urge
recorrermos a linguagem simples e de bom gosto, lembrando que estamos, ali, a
serviço do Cristo para explicar e fazer o público entender a mensagem do
Espiritismo, não para exibir cultura e muito menos autopromoção.
Sobre este alerta, quem se encaixar
nele, deve acolher, com deferência , humildade e sem melindres, toda
advertência, procurando avaliar, cuidadosamente, o seu trabalho e, assim,
melhorar, cada vez mais, a “tarefa” que lhe cabe (eu disse “serviço” e não
“missão”).
Outra coisa, o orador não deve
abusar das anedotas e ou narrar casos chistosos, a fim de provocar
gargalhadas do público para angariar um fã clube. Não pode usar a tribuna como
se fosse um palco de teatro para humoristas. Se o orador tem o dom de fazer
humorismos que procure o teatro, a emissora de TV, o rádio, o cinema e exerça a
digna arte de ator. É muito mais honesto.
Sem querer ser "santo",
mas, alguém, sinceramente, empenhado em edificar-se moralmente, o orador, a
cada dia, deve lembrar, sempre, que, para o público ouvinte, ele representa o
Espiritismo e o Movimento Espírita. Ademais, o orador despretensioso é uma peça
importante na propaganda e na Difusão do Espiritismo. Por isso, a “tarefa” deve
ser encarada com extrema responsabilidade e praticada com esmerada bagagem
moral e cultural, sem prejuízo da indispensável coerência.
Não se pode esquecer que quando
alguém se propõe a ouvir um orador Espírita, o faz no pressuposto de que ele
sabe o que está falando e lhe oferece, silenciosamente, um voto de
credibilidade, capaz de mudar, metodicamente, ideias ou conceitos errôneos que
nele estavam arraigados, podendo transformar, até mesmo, toda uma trajetória de
vida!
Pensemos nisso, o quanto antes,
pois além da tumba não há tempo disponível para dissimulações.