Jorge Hessen
Quando o corpo físico morre,
decompõe-se mormente em face da humidade, da temperatura e a presença de
microrganismos. O processo costuma ser sempre o mesmo: primeiro, ocorre a
autólise, quando as células param de se oxigenar e o sangue é invadido por dióxido
de carbono. O pH diminui e dejetos acumulados envenenam e destroem as células.
Depois, enzimas “quebram” essas células, provocando a necrose fazendo o corpo “apodrecer”
de dentro para fora.
Esse é o curso natural para a
maioria dos corpos físicos, no entanto há muitas exceções, pois existem
cadáveres que não se decompõem totalmente. E quando ocorre tal fenômeno os
cadáveres são absurdamente santificados e/ou reverenciados. Há relatos de
corpos que não “apodreceram” e são encontrados intactos durante as exumações
(após os períodos naturais de sepultamento) e tais relatos são frequentes o suficiente para não poderem
ser classificados como casos atípicos.
Não obstante, os princípios que
governam o “apodrecimento” dos corpos serem complexos e não compreendidos em
seu conjunto, seguramente no futuro a ciência esclarecerá os enigmas da
corrupção e incorrupção [1]. Para certas crenças a incorruptibilidade é um
“milagre” não resultante de embalsamento, nem mumificação. Superstições à
parte, em verdade os corpos embalsamados e mumificados apresentam
características facilmente reconhecíveis pela ciência. Quanto aos cadáveres
incorruptos urge desvendarmos as mais profundas funções do magnetismo, e
especialmente abarcarmos as performances do fluido vital nas estruturas
orgânicas.
As mumificações ou preservações
de corpos também ocorrem por processos naturais não apenas com humanos mas
também com as mais variadas formas de vida - de microrganismos ou plantas
unicelulares até mamutes ou mesmo árvores inteiras - como demonstram a miríade
de fósseis de tecidos moles já encontrados e catalogados.
Cerca de 500 anos atrás, uma
mocinha inca de 15 anos de idade foi levada até as íngremes montanhas
argentinas e assassinada num sacrifício religioso com forte golpe na cabeça, sendo
deixada sentada com suas roupas e objetos cerimoniais. As baixas temperaturas e
o ar quase rarefeito dos Andes preservaram o estado do seu corpo durante
séculos, até sua descoberta em 1999. Eis aí um caso natural de preservação do
corpo.
Por outro lado, há casos não
menos curiosos como o de Rosália Lombardo, uma menina italiana que morreu 87
anos atrás, com apenas 2 anos de idade. O seu corpo permanece intacto com o
rosto delicado dentro de um caixão coberto com um suporte de mármore nas
“Catacumbas dos Capuchinhos de Palermo”. [2] Porém, Rosália foi embalsamada
pelo Dr. Alfredo Solafia, que usou um processo secreto nunca divulgado antes de
sua morte.
Sabemos que a mumificação de
cadáveres não é uma novidade, até porque os antigos egípcios empregaram técnicas
(ainda desconhecidas) para preservação de defuntos. Descreve o Espírito
Emmanuel que os antigos papiros nos discorrem sobre as avançadas ciências
“ocultas” nesse sentido e, através dessas fontes, podem os egiptólogos modernos
reconhecer que os iniciados [egípcios] sabiam da existência do corpo espiritual
preexistente [períspirito], que organiza o mundo das coisas e das formas. “Seus
conhecimentos a respeito das energias solares com relação ao magnetismo humano
eram muito superiores aos da atualidade. Desses conhecimentos nasceram os
processos de mumificação dos corpos, cujas fórmulas se perderam na indiferença
e na inquietação dos outros povos. [3]
Para o mentor de Chico Xavier os
faraós eram iniciados e detinham muitos poderes “espirituais” e muitas
informações ocultas das ciência secretas. “É por isso que a sua desencarnação
provocava a concentração mágica de todas as vontades, no sentido de cercar-lhes
o túmulo de veneração e de supremo respeito. Esse amor não se traduzia apenas
nos atos solenes da mumificação - também o ambiente dos túmulos era saturado
por um estranho magnetismo [4] e nessas saturações magnéticas, que ainda aí
estão a desafiar milênios, residem as razões da tragédia amarga de Lord
Carnarvon, o patrocinador das escavações que descobriram a tumba secreta do
faraó Tutankhamon e um dos homens que lá entraram. Sua morte, ocasionada por
uma infecção após ser picado por um inseto foi atribuída à maldição contra os
que incomodam “o sono de um faraó”, a exemplo de outras tragédias ocorridas com
os que participaram daquela excursão.
Referências bibliográficas:
[1] Incorruptibilidade é a crença de
que a intervenção sobrenatural (de Deus) permite que alguns corpos humanos não
passem pelo processo normal de decomposição após a morte. No Catolicismo
Romano, se um corpo permanece incorrupto após a morte, isso significa,
geralmente, que a pessoa é um ‘santo’ ou uma ‘santa’, embora não se espere que
todos os santos e santas tenham o corpo incorrupto.
[2] Uma espécie de museu de múmias
[3] Xavier, Francisco Cândido. A
Caminho da Luz, O Egito, ditado pelo espírito Emmanuel , RJ: Ed. FEB 1999
[4] Idem