domingo, 25 de abril de 2010

MERCENÁRIOS ESPÍRITAS, ATÉ QUANDO?...



(*) Editorial da Revista Eletrônica O Consolador

Ano 4 -
N° 155 - 25 de Abril de 2010


Ninguém de bom senso, em nosso meio, negará a importância dos congressos espíritas para a vitalidade do movimento espírita, a permuta de experiências e o congraçamento entre pessoas que enfrentam nas suas cidades dificuldades e problemas semelhantes.

Anos atrás a imprensa espírita registrou uma interessante polêmica acerca de um dos pontos relacionados com a realização dos congressos: seu custo financeiro. Nos lugares onde eles se desenvolvem, as chamadas taxas de participação ou inscrição têm sido cada vez mais altas, fato que, segundo a opinião de muitos, impediria a participação nesses eventos dos companheiros menos aquinhoados. Os congressos restringir-se-iam então a um pequeno grupo com condições de adquirir passagens de avião, hospedar-se em hotéis caros e, ainda, pagar taxas cada vez mais elevadas.

A polêmica instalou-se e logo apareceram as vozes dos que defendem o modelo que vem sendo adotado, alegando que os custos financeiros para a organização desses eventos são muito altos e que cabe aos espíritas, somente aos espíritas, o dever de custeá-los. Se o fato impede a participação dos companheiros de menores posses – dizem eles –, o problema não decorre do montante desses gastos, mas, sim, do poder aquisitivo da população brasileira, porquanto a maioria dos brasileiros vive efetivamente com rendimentos bem diminutos.

Entendemos que ambas as proposições têm fundamento, mas é inegável a marginalização de confrades valorosos que, devido à impossibilidade de arcar com tais despesas, ficam e continuarão a ficar excluídos dos congressos espíritas, como os que têm sido realizados ultimamente por diversas federativas estaduais e mesmo pela FEB.

Qual seria, então, a solução?

Em primeiro lugar, seria interessante examinar o modelo adotado historicamente pelas chamadas Semanas Espíritas e pelos encontros estaduais de jovens espíritas, algo que marcou época nos anos 60 do século passado, especialmente no Sudeste do Brasil.

As acomodações em alojamentos improvisados em escolas públicas ou nas próprias residências dos espíritas, o transporte em ônibus fretado por grupos de participantes e uma maior simplicidade na organização dos encontros, aliados a campanhas promocionais em que nas diferentes cidades abrangidas pelo evento se buscavam recursos para custear parte dos gastos, eis ideias que poderiam, com toda a certeza, permitir a presença nos congressos de pessoas de reduzidas posses mas que, como participantes do trabalho efetivo realizado nos Centros Espíritas, muito têm a oferecer ao debate dos temas propostos.

O local poderia também ser mais singelo. Em vez de um centro de convenções que, além de caro, abriga poucas pessoas, por que não um ginásio de esportes bem equipado, como se vê, de ordinário, nas apresentações dos grandes artistas do país?

A entrada deveria franqueada ao público, sem cobrança alguma, aceitando-se evidentemente a contribuição financeira daqueles que, podendo fazê-lo, somariam ao fundo comum obtido nas campanhas seus próprios recursos.

Num ginásio de esportes, com capacidade para quatro, cinco mil pessoas, haveria sempre espaço para que o público simpatizante pudesse comparecer e também usufruir os ensinamentos transmitidos por nossos oradores.

A mensagem espírita veio, como sabemos, para todas as pessoas. Mas, como ela chegará a um maior número, se é tão difícil e oneroso participar dos seus eventos mais significativos?

Outro ponto que já se discutiu muito no passado, e continua atual, refere-se à seleção dos temas. Tem-se notado em alguns congressos uma preocupação excessiva com a imagem externa do movimento espírita, a única explicação capaz de justificar o nível de sofisticação de certas programações que chegam às vezes ao absurdo, parecendo até, em determinados casos, que não se trata de um congresso espírita, tal o distanciamento entre os assuntos programados e a realidade em que vivem o povo e as Casas espíritas.

Os temas deveriam ser levantados a partir dos Centros Espíritas, de suas carências e necessidades. Obviamente, deve haver lugar e tempo para tudo, mas não podemos dirigir os esforços de um congresso de grande porte para os interesses de um diminuto grupo, de uma pequena elite, única capaz de compreender a terminologia e os conceitos exarados em determinadas conferências, enquanto a maioria da população brasileira segue sem saber ao certo o que é Espiritismo e quais as suas diferenças em relação à Umbanda e às religiões africanistas.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

ESPETACULARIZAÇÃO DA FÉ


Vania Borges Camargo

vaniabc@brturbo.com.br




ESPETACULARIZAÇÃO DA FÉ



A questão do custo de inscrição em eventos espíritas, bem assim a de captação de recursos financeiros, em geral, para esses mesmos eventos, retorna à ordem do dia, pois está sendo motivo de sérias discussões, atualmente, no nosso meio.

No meu entendimento, essa questão apresenta dois aspectos mais relevantes, dentre outros.

Um primeiro aspecto, que, a igual tempo, constitui um tema de fundo, diz respeito à própria natureza religiosa de Igrejas, movimentos e correntes que, em comparação com a prática da Doutrina Espírita, na experiência brasileira atual, leva a reflexões comparativas dessa prática com a daquelas Igrejas, no campo da comunicação mercadológica, midiática e massiva, com cultos em grandes espaços abertos ou fechados, inclusive com a presença de artistas e músicos, pastores-âncoras, exibições com depoimentos de pessoas, supostamente beneficiadas com curas, conquistas materiais de toda sorte, a corrida ao ouro das contribuições ensacadas. É tudo a espetacularização da fé. É, nem tanto assim, a demonização do demônio. É a vitória na vida à custa da cegueira da crença e de um, progressivamente, elevado custo do prêmio do “seguro” da realização dos anelos materiais em calorosas e fortes manifestações de esperança-espiral-espiritual.

As mais fortes e consolidadas dessas Igrejas e movimentos usam e abusam da televisão própria ou de tempo de televisão alheia, locado com o dinheiro de crentes, irmãos e fiéis.

Nada disso faz parte do “show” dos espíritas e do Espiritismo. Ao contrário, estes primam pela discrição, pela reflexão silenciosa. Os “améns”, as “aleluias” e os “vivas” não reverberam nos Centros Espíritas, verdadeiros templos de estudos, orações, forças do pensamento, do sentimento, do sensorial, do cativo-sensitivo-humanista. Quer dizer, o Espiritismo é a pregação de pequenos cultos do homem pelo homem, enquanto homem feito carne, mas, conscientemente, pronto a se fazer Espírito.

A espetacularização disso é o antiespiritismo. Seria um Espiritismo, caminhando para viver de “shows” de comunicação em grandes auditórios. Cobra-se uma “contribuição compulsória” dos participantes; em tudo ele passaria a concorrer com as Igrejas do mercado, que sugam a fé, a esperança, pior, a necessidade de quem, por esta própria natureza, necessita mais do que não necessita. E quem seriam os “pastores” da comunicação? Os palestrantes, os conferencistas, doutrinadores nacionais e estrangeiros? Ora, que venham estes, se quiserem, trazer sua contribuição “superior” ao desenvolvimento do permanente processo de “superiorização” daqueles que se entregam às missões individuais e sociais espíritas.

Chegam a ser grosseiras algumas manifestações daqueles que propõem o caminho da tendência da espetacularização do Espiritismo. É a tendência para o “ter”, superando a inclinação para o “ser”.

Um segundo aspecto, que é um contraponto do primeiro, é a humildade, o despojamento, o desprendimento, a descida ao nível dos participantes, a interlocução, o diálogo, tudo isso é o Espiritismo, praticado e ensinado, principalmente, pelos cultores e divulgadores da Doutrina Espírita, à voz surda dos livros, ou à voz baixa das pregações.

Aliás, o verdadeiro espírita tende a ser um pobre rico. Os espíritas vaidosos, orgulhosos, que adotam o lema do “custe o que custar”, tendem a ser ricos pobres. Nenhum espírita convicto, nenhum médium verdadeiro, nenhum teórico da doutrina pode ou, ao menos, deve discrepar dessa realidade na qual seu perfil de espiritista e espiritualista está traçado.

Se preferirem uma posição mais encorpada de adeptos espíritas, não completamente desafetos de poucas e específicas alternativas de custeio a eventos espíritas, creio que a posição adotada pela Federação Espírita do Paraná seja, plenamente, aceitável.

Nada além disso, sob pena de desconstruirmos, aos poucos, o Espiritismo no Brasil. Nossos crentes podem vir a se transformar em descrentes.

Estejamos, pois, de prontidão para agir contra idéias que denigram a pureza doutrinária espírita, pois atrás de nós vêm nossos herdeiros, a enfrentar um mundo em momentos de grande e maior inquietação moral, e, para esse enfrentamento, deverão estar bem apoiados na fé raciocinada, ou seja, na Doutrina Espírita, única com texto religioso, filosófico e científico capaz de elevar as consciências em desajuste a planos superiores.



quinta-feira, 8 de abril de 2010

JOSE PASSINI COMENTA SOBRE INDUSTRIALIZAÇÃO DE EVENTOS ESPÍRITAS "GRANDIOSOS”

CARO JORGE HESSEN

Concordo plenamente com o que você diz.
O Espiritismo chegou até aqui, íntegro, sem nada disso que se faz atualmente. Sinto não ter a minha assinatura esse oportuno e excelente trabalho sobre INDUSTRIALIZAÇÃO DE EVENTOS ESPÍRITAS "GRANDIOSOS”
É um alertamento que ficará na história.

Avante, prossigamos!

Abraço,

José Passini