segunda-feira, 22 de junho de 2015

É PELA “EDUCAÇÃO”, MAIS DO QUE PELA “INSTRUÇÃO” (Jorge Hessen)

Jorge Hessen

Algumas propostas sócio pedagógicas atuais são elogiáveis para instruir e formar o homem, entretanto "é pela educação, mais do que pela instrução, que se transformará a humanidade". [1] Para o notável Allan Kardec, “há um elemento que não se ponderou bastante, e sem o qual a ciência econômica não passa de teoria: a educação. Não a educação intelectual, mas a moral, e nem ainda a educação moral pelos livros, mas a que consiste na arte de formar o caráter, aquela que cria os hábitos adquiridos”. [2]

O que identificamos de forma generalizada é o absoluto distanciamento dos pais contemporâneos ao nível de educação dos filhos nesse sentido. De regra, transferem suas responsabilidades para as escolas ou para o Estado, enquanto eles, os pais, é que tinham que ensinar aos filhos se isso ou aquilo é acertado para eles. Sobretudo “os pais espiritistas devem compreender essa característica de suas obrigações sagradas, entendendo que o lar não se fez para a contemplação egoística da espécie, mas sim para santuário onde, por vezes, se exige a renúncia e o sacrifício de uma existência inteira.”[3]

Para Viviane Senna, coordenadora do Instituto Ayrton Senna (IAS), que vem organizando programas de reforço escolar , capacitação de professores, “numa escola não dá para continuar com um sistema retrógrado em que o professor é o detentor do conhecimento e o aluno um arquivo em que esse conteúdo deve ser "depositado". Segundo Viviane, o aluno não pode apenas decorar conceitos, precisa desenvolver um pensamento crítico e um raciocínio lógico aguçado, desenvolver sua capacidade de inovar, ser criativo e flexível e de resolver problemas.[4]

A fase infantil, em sua primeira etapa, é a mais importante para a educação, e não podemos relaxar na orientação dos filhos, nas grandes revelações da vida. Sob nenhuma hipótese, essa primeira etapa reencarnatória deve ser enfrentada com insensibilidade. Até aproximadamente os sete anos de idade é o período infantil mais acessível às impressões que recebe dos pais, razão pela qual não podemos esquecer nosso dever de orientar os filhos quanto aos conteúdos morais. [5]

Numa análise espírita da questão cremos que a escola (pública ou particular – espírita ou não) deve formar um homem novo e precisa ser uma escola inteiramente inovadora, rompendo com o modelo do século XIX do sistema vigente, pois a educação tradicional, conforme aferimos, já não atende às necessidades da atual geração. A escola deve incentivar a participação, a interação, o diálogo, o debate livre, o estudo em grupo e abolir todas as formas de repressão.

A rede de escolas charter KIPP (Knowlegde is Power Program), nos Estados Unidos, tem como meta levar seus alunos (quase 90% oriundos de famílias pobres) até a universidade. A proposta consubstancia-se em diversas atividades visando despertar entusiasmo, perseverança, autocontrole, gratidão, otimismo, inteligência social e curiosidade em seus alunos. Uma de suas unidades, localizada no Harlem, em Nova York, extrapolou e criou uma inusitada aula de “CARÁTER”. Nesse sentido a escola investiu no ensino de habilidades como comunicação, resiliência e determinação. A proposta é para fazer conexões com a ciência e explicar como o cérebro funciona, através de técnicas de meditação, concentração e yoga. [6]

Os pais são responsáveis pelo desenvolvimento dos valores dos filhos e não devem apostar somente na escola para exercer essa tarefa. Um pai legítimo é aquele que cultiva em casa a cidadania familiar. Ou seja, ninguém em casa pode fazer aquilo que não se pode fazer na sociedade. É preciso impor a obrigação de que o filho faça isso, assim, cria-se a noção de que ele tem que participar da vida comunitária. Não há dúvida, que ante as balizas do bom senso e moderação os pais precisam educar estabelecendo limites. Porém essa exigência é muito mais acompanhar os limites, daquilo que o filho é capaz de fazer. 

Uma legítima educação é aquela em que os poderes espirituais regem a vida social. Antigamente, a pureza das crianças era uma realidade mensurável. Sua perspectiva não ultrapassava os simples livros didáticos, um único humilde caderno e brinquedos baratos. Para repreendê-las e educá-las, às vezes, bastava um olhar firme dos pais. Porém, aquele imaginário infantil, de quietude e sonho ingênuo, desmoronou sob o impacto da era do sensualismo, da violência, do materialismo.

Estejamos atentos à verdade de que educar não se resume apenas a providências de abrigo e alimentação do corpo perecível. A educação, por definição, constitui-se na base da formação de uma sociedade saudável. A tarefa que nos cumpre realizar é a da educação das crianças pelo exemplo de total dignificação moral sob as bênçãos de Deus. Nesse sentido, os postulados Espíritas são antídotos contra todos os venenosos ardis humanos, posto que aqueles que os conhecem têm consciência de que não poderão se eximir das suas responsabilidades sociais, sabendo que o futuro é uma decorrência do presente. Destarte, é urgente identificarmos no coração infantil o esboço da futura geração saudável.

Referências bibliográficas:

[1] Kardec ,Allan. Obras Póstumas, Rio de Janeiro: Ed. FEB 1980, página 384.
[2] ______ Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed FEB 2000, questão 685-A:
[3] XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995, Perg. 113
[5] XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995, perg. 113
[6] Disponível em http://www.mundosustentavel.com.br/2014/06/escola-nos-eua-inclui-aula-de-carater-no-curriculo/ acesso em 14/08/2014

sexta-feira, 19 de junho de 2015

“FBI VERSUS FIFA” – PENSANDO UM PAÍS SOB A DEGENERAÇÃO DA ÉTICA (Jorge Hessen)


Jorge Hessen

O deslumbre pelo esporte em quase todo o planeta, com muitos milhões de pessoas de todas as idades procurando dominar uma bola com os pés, potencializou globalmente um dos estupendos fenômenos da Terra, o tal futebol. Sua prática pode ser resumida pelo culminante evento: a “Copa do Mundo” realizada a cada 4 anos pela Fifa, uma organização internacional com mais países integrantes do que a ONU.

Em maio de 2006, o repórter investigativo britânico Andrew Jennings, autor do livro intitulado Foul! The Secret World of FIFA: Bribes, Vote-Rigging and Ticket Scandals, causou polêmica dentro do universo futebolístico ao denunciar as falcatruas da instituição que envolvia a venda de contratos, revelando ainda como alguns altos funcionários do futebol foram forçados a reembolsar as propinas que haviam recebido no passado. Os evangelistas registraram cada qual à sua maneira o seguinte: “pois nada há secreto que não haja de ser descoberto, nem nada oculto que não haja de ser conhecido e de aparecer publicamente”. [1]

Não ignoramos que a corrupção, ou seja, o pagamento de propina para conseguir vantagens, quer sejam de ordem financeira ou tráfico de influência, arruína a aquisição do bem coletivo, pois muitos são lesados para que poucos obtenham espúrios proveitos. No século XX, muito foi escrito denunciando os crimes que envolvem o mundo dos esportes. “Ai do mundo por causa dos escândalos; pois é necessário que venham escândalos; mas, ai do homem por quem o escândalo venha”. [2]

Recentemente o FBI mostrou concretamente a abominável putrefação moral que se instalou na entidade máxima do futebol mundial. A mídia divulgou a prisão de sete cartolas ligados à Fifa (em Zurique) por acusação de corrupção envolvendo acordos de marketing, venda de direitos de transmissão de eventos e escolha das sedes da Copa do Mundo. Outros sete foram indiciados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, em lista que reúne presidentes de federações e confederações, além de empresários.

Paradoxalmente a Fifa é uma organização sem fins lucrativos. No entanto, mantém uma grande reserva de dinheiro, que contabilizava mais de US$ 1,5 bilhão em 2014 – baseada na Suíça, onde é isenta de impostos. A Copa do Mundo 2014 no Brasil rendeu US$ 4,8 bilhões (R$ 15 bilhões) em quatro anos – o evento gerou um lucro de mais de US$ 2 bilhões para a Fifa. Direitos de transmissão pela TV são uma das principais fontes de renda da entidade. O lucro da Fifa é maior, na média do ciclo de quatro anos, do que o PIB de diversos países membros da organização, como a Guiné-Bissau e as Seicheles. 

Há mais de dez anos, na cidade mexicana de Mérida, mais de 110 países assinaram a Convenção Nações Unidas contra a Corrupção. [3] O referido acordo prevê a cooperação para a recuperação de somas de dinheiro desviado dos países e a criminalização do suborno, lavagem de dinheiro e outros atos de corrupção. Infelizmente não é só na Fifa que prolifera a desonestidade. É com pesar que vemos no Brasil a improbidade, a falcatrua, a propina com o status de “normalidade”. Na suposta pátria do “Evangelho” se observa a crise que desafia o otimismo de cartolas [4], políticos e eleitores. Estamos assistindo a uma enxurrada de denúncias, que vão desde o chamado caixa 2 de campanha política, até a compra de votos para aprovar projetos importantes na área governamental. 

Nos noticiários descobrimos que os governantes brasileiros não conseguem viver longe da corrupção, ela está institucionalizada. O noticiário político é um oceano de lodo; na área econômica, irrompem golpes dos mais variados tipos, com prejuízos globais em cifras de bilhões de reais. A desonestidade fincou raízes e chegou ao seu cume ante os comportamentos maquiavélicos na administração do Estado. Os nossos governantes, ao defenderem a falácia de que os fins são justificados pelos ilegítimos meios, têm contaminado a coletividade, pois a sociedade se espelha e justifica seus vícios morais nas tramoias dos governantes.

Diante da constrangedora deterioração da ética, da malversação do dinheiro público, do absoluto aparelhamento de todas instâncias (tribunais de justiça e câmaras legislativas), com enfoque na sustentação da impunidade, brotou no cenário brasileiro uma espécie de escárnio do povo, ganhando espaços preciosos o acovardamento e a omissão generalizada. Estamos atravessando o apogeu de um ciclo desmoralizante que a tudo e a todos tem atingido com a alienação emocional de uma sociedade indolente e visivelmente doente. 

Porém nem tudo está perdido nestas área tupiniquins. Há exemplos de cidadãos brasileiros que não se envergonham de trabalhar em patamares de honradez e honestidade. Pessoas simples do povo, que ao acharem objetos perdidos como celulares, carteiras, bolsas, cheques devolvem aos seus legítimos donos quando poderiam valer-se do famigerado “achado não é roubado” e “tirar vantagem”, mas não o fazem; Gente simples que devolve altas quantias em dinheiro encontradas em pastas, bolsas ou caixas aos donos ou às autoridades. 

Os filhos desta abençoada Pátria não podem se ajoelhar diante da putrefação moral e da corrupção que sangra o suposto coração da suposta nação do Evangelho. Urge orar, exorar a Jesus pedindo-lhe que interceda a favor dos bons cidadãos de hoje e das futuras gerações de brasileirinhos. [5]

Notas e referências bibliográficas:

[1] Lc.12:2, Mt.10:26. Mc.4:22,Lc.8:.Jo.7:4
[2] Mt 18:7
[3] Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, adotada pela Assembleia-Geral das Nações Unidas em 31 de outubro de 2003 foi assinada pelo Brasil em 9 de dezembro de 2003
[4] Diretores de clubes esportivos
[5] Hessen, Jorge. Artigo publicado em http://aluznamente.com.br/exaltemos-a-brasilidade-verde-amarela-na-patria-do-evangelho/

terça-feira, 9 de junho de 2015

CONEXÕES SOLIDÁRIAS (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
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Christian McPhilamy, um garoto de 8 anos, de Melbourne, na Florida, EUA, decidiu deixar os cabelos crescerem a fim de fazer perucas para crianças com câncer. McPhilamy teve a ideia há alguns anos, assistindo a um comercial de câncer pediátrico. Na ocasião descobriu que as crianças ficavam carecas com a quimioterapia e que poderia ajudá-las doando os próprios cabelos. Para isso, deixou seus cabelos crescerem. Ficou tão cabeludo que começou a sofrer bullying na escola, todavia, suportou as críticas e o assédio moral. Foram dois anos de provocações de colegas e adultos que o chamavam de menina. Quando as madeixas já estavam bem longas, ele raspou a cabeça e doou 30 centímetros de cabelos a uma instituição que faz perucas gratuitas para cancerosos.
Por falar nisso, no Irã, o professor Ali Mohammadian percebeu que Mahan Rahimi, de oito anos, um dos seus alunos, era portador de uma doença rara que provoca a perda dos cabelos. Rahimi ficou muito isolado depois de ter ficado careca, sua alegria desapareceu completamente e o professor, preocupado com desempenho escolar do menino por causa do bullying, decidiu raspar a cabeça e ficar careca como o menino a fim de dar um basta às agressões verbais e físicas que Mahan sofria no colégio. Alguns dias depois, inspirados pelo professor, todos os colegas de turma de Mahan decidiram raspar o cabelo também, gerando uma onda de solidariedade que surpreendeu a todos. A corajosa atitude do professor foi amplamente divulgada nos meios de comunicação do Irã e Ali Mohammadian tornou-se um herói nacional.
Quando visitamos o doente no leito de um hospital, quando estendemos às mãos ao preso no cárcere, quando expedimos um cartão de “feliz aniversário” para um amigo, quando doamos o farnel de cesta básica para a família carente, quando telefonamos para alguém que não vemos há muito tempo, quando prestamos atenção no próximo, estabelecemos um vínculo solidário.
Obviamente, a solidariedade é uma palavra que assombra os individualistas, porque inflige a mobilização de recursos em favor do próximo, porém gostem ou não é a lei da assistência mútua e da dependência recíproca, sem a qual todo progresso, no planeta, é praticamente impossível. A Lei que rege as relações sociais impulsiona o homem à solidariedade e ao amor, fagulha sublime que todos, sem exceção, têm no coração, haja vista que um homem, por mais abominável que seja, vota a alguém, a um animal ou a um objeto qualquer, viva e ardente afeição.
Allan Kardec indagou aos Espíritos se “o homem, ao buscar a sociedade, obedece apenas a um sentimento pessoal ou há também nesse sentimento uma finalidade providencial de ordem geral? Os Benfeitores esclareceram: O homem deve progredir, mas sozinho não o pode fazer porque não possui todas as faculdades; precisa do contato dos outros homens. No isolamento, ele se embrutece e se estiola”.[1]
Ser solidário é sentir necessidade íntima de dividir algo ou alguma coisa com o próximo. A solidarização é o anseio de identificação com as dificuldades dos outros, que leva as pessoas a se auxiliarem mutuamente. É o compromisso pelo qual nos percebemos no comprometimento de ajudar-nos uns aos outros. Sem o devido culto à solidariedade nossos passos, por mais firmes, não surpreenderiam à frente senão intranquilidade e agitação, discórdia e destruição. Tudo é interdependência e sustentação recíproca em toda natureza, para que desfrutemos a experiência da existência física rumo a nobre elevação à imortalidade vencedora.
Em Devon, Inglaterra,  a senhora  Molly-Mole Povey, preocupada com seu filho Roman que reclamou não ter amigos na escola, deliberou postar uma mensagem no Facebook solicitando às pessoas que almejassem um“feliz aniversário” ao filho. A mensagem de Molly “viralizou”[2] e centenas de cartões chegaram à casa da família, até mesmo de lugares distantes como Nova Zelândia, Dubai, Finlândia, Dinamarca, Egito, Noruega, Alemanha e Austrália. Na verdade , Molly-Mole aguardava apenas que algumas pessoas da escola dessem um cartão “virtual” a seu filho, mas (o post) foi muito compartilhado  e as pessoas do mundo inteiro  se ofereceram para enviar cartões de “boas festas”. Isso é prova cabal que o ser humano tende à solidariedade.
Aristóteles, o filósofo grego, afirmou que “o homem é um animal social”, isto é, ele não basta a si mesmo, pois (re)nasceu para interagir com o seu semelhante. Emmanuel ensina que a Terra deve ser considerada escola de solidariedade para o aperfeiçoamento e regeneração de todos nós. “Na dor como na alegria, no trabalho feliz como na experiência escabrosa devemos considerar a reencarnação um processo de sublime aprendizado fraternal, concedido por Deus aos seus filhos, no caminho do progresso e da redenção.”[3] Todavia, diversas criaturas, de um modo geral, ainda têm muito da tribo, encontrando se encarcerados nos instintos propriamente humanos, na luta das posições e das aquisições, dentro de um egoísmo quase feroz, como se guardassem consigo, indefinidamente, as heranças da vida animal. “A fraternidade [solidariedade]conquista uma nova expressão no íntimo da criatura, a fim de que o Espírito possa alçar o grande voo para os mais gloriosos destinos.” [4]
Fraternidade [solidariedade] pode traduzir-se “por cooperação sincera e legítima, em todos os trabalhos da vida, e, em toda cooperação verdadeira, o personalismo não pode subsistir, salientando-se que quem coopera cede sempre alguma coisa de si mesmo, dando o testemunho de abnegação, sem a qual a fraternidade não se manifestaria no mundo, de modo algum.” [5]
Dentro dos autênticos manifestos cristãos, nasce a solidariedade, que só pode ser exercida pelos que não vivem somente para si. Atendamos aos impositivos da solidariedade e compreendamos que a Lei Divina, em tempo algum, nos sugere isolamento que, na verdade, é sempre egoísmo, ainda mesmo quando nos ausentemos da batalha humana, sob a argumentação de cultivar a virtude e garantir a fé.
Observemos que a própria família consanguínea é uma ordem de auxílio mútuo. Ninguém reencarna sem o desvelo do berço e o berço é sucessivamente o desvelo de mãe, o arrimo do pai a desfazer-se em disposições de paz e luz. A solidariedade é uma atitude que tem uma função preponderante nesta batalha travada pelo homem contra si próprio. Alguns infelizmente permanecem  sob o jugo da solidão, do estar em si mesmo, no seio de um agrupamento de sete bilhões de pessoas. Ser solidário é acudir incondicionalmente os que carecem de ajuda. Não podemos cair na vala profunda do egoísmo, ou seja a vala que a experiência já demonstrou não ser tapada por bens materiais. Um buraco que só pode ser preenchido por uma vida honrada, cujo desígnio básico é ser solidário , pelo simples prazer de sê-lo.

Nota e referências bibliográficas:
[1]            KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 2000, perg. 768:
[2]           Espalhar(-se) de maneira a criar um efeito semelhante ao de um vírus.
[3]           XAVIER, Francisco cândido. O Consolador, ditado pelo espirito Emmanuel , RJ: Ed. FEB, 2002,
[4]           idem

[5]           idem

segunda-feira, 1 de junho de 2015

DEFUNTOS QUE NÃO SE DECOMPÕEM, MUMIFICAÇOES E EMBALSAMENTOS (Jorge Hessen)


Jorge Hessen


Quando o corpo físico morre, decompõe-se mormente em face da humidade, da temperatura e a presença de microrganismos. O processo costuma ser sempre o mesmo: primeiro, ocorre a autólise, quando as células param de se oxigenar e o sangue é invadido por dióxido de carbono. O pH diminui e dejetos acumulados envenenam e destroem as células. Depois, enzimas “quebram” essas células, provocando a necrose fazendo o corpo “apodrecer” de dentro para fora.

Esse é o curso natural para a maioria dos corpos físicos, no entanto há muitas exceções, pois existem cadáveres que não se decompõem totalmente. E quando ocorre tal fenômeno os cadáveres são absurdamente santificados e/ou reverenciados. Há relatos de corpos que não “apodreceram” e são encontrados intactos durante as exumações (após os períodos naturais de sepultamento) e tais relatos  são frequentes o suficiente para não poderem ser classificados como casos atípicos.

Não obstante, os princípios que governam o “apodrecimento” dos corpos serem complexos e não compreendidos em seu conjunto, seguramente no futuro a ciência esclarecerá os enigmas da corrupção e incorrupção [1]. Para certas crenças a incorruptibilidade é um “milagre” não resultante de embalsamento, nem mumificação. Superstições à parte, em verdade os corpos embalsamados e mumificados apresentam características facilmente reconhecíveis pela ciência. Quanto aos cadáveres incorruptos urge desvendarmos as mais profundas funções do magnetismo, e especialmente abarcarmos as performances do fluido vital nas estruturas orgânicas.

As mumificações ou preservações de corpos também ocorrem por processos naturais não apenas com humanos mas também com as mais variadas formas de vida - de microrganismos ou plantas unicelulares até mamutes ou mesmo árvores inteiras - como demonstram a miríade de fósseis de tecidos moles já encontrados e catalogados.

Cerca de 500 anos atrás, uma mocinha inca de 15 anos de idade foi levada até as íngremes montanhas argentinas e assassinada num sacrifício religioso com forte golpe na cabeça, sendo deixada sentada com suas roupas e objetos cerimoniais. As baixas temperaturas e o ar quase rarefeito dos Andes preservaram o estado do seu corpo durante séculos, até sua descoberta em 1999. Eis aí um caso natural de preservação do corpo.

Por outro lado, há casos não menos curiosos como o de Rosália Lombardo, uma menina italiana que morreu 87 anos atrás, com apenas 2 anos de idade. O seu corpo permanece intacto com o rosto delicado dentro de um caixão coberto com um suporte de mármore nas “Catacumbas dos Capuchinhos de Palermo”. [2] Porém, Rosália foi embalsamada pelo Dr. Alfredo Solafia, que usou um processo secreto nunca divulgado antes de sua morte.

Sabemos que a mumificação de cadáveres não é uma novidade, até porque os antigos egípcios empregaram técnicas (ainda desconhecidas) para preservação de defuntos. Descreve o Espírito Emmanuel que os antigos papiros nos discorrem sobre as avançadas ciências “ocultas” nesse sentido e, através dessas fontes, podem os egiptólogos modernos reconhecer que os iniciados [egípcios] sabiam da existência do corpo espiritual preexistente [períspirito], que organiza o mundo das coisas e das formas. “Seus conhecimentos a respeito das energias solares com relação ao magnetismo humano eram muito superiores aos da atualidade. Desses conhecimentos nasceram os processos de mumificação dos corpos, cujas fórmulas se perderam na indiferença e na inquietação dos outros povos. [3]

Para o mentor de Chico Xavier os faraós eram iniciados e detinham muitos poderes “espirituais” e muitas informações ocultas das ciência secretas. “É por isso que a sua desencarnação provocava a concentração mágica de todas as vontades, no sentido de cercar-lhes o túmulo de veneração e de supremo respeito. Esse amor não se traduzia apenas nos atos solenes da mumificação - também o ambiente dos túmulos era saturado por um estranho magnetismo [4] e nessas saturações magnéticas, que ainda aí estão a desafiar milênios, residem as razões da tragédia amarga de Lord Carnarvon, o patrocinador das escavações que descobriram a tumba secreta do faraó Tutankhamon e um dos homens que lá entraram. Sua morte, ocasionada por uma infecção após ser picado por um inseto foi atribuída à maldição contra os que incomodam “o sono de um faraó”, a exemplo de outras tragédias ocorridas com os que participaram daquela excursão.

Referências bibliográficas:

[1]            Incorruptibilidade é a crença de que a intervenção sobrenatural (de Deus) permite que alguns corpos humanos não passem pelo processo normal de decomposição após a morte. No Catolicismo Romano, se um corpo permanece incorrupto após a morte, isso significa, geralmente, que a pessoa é um ‘santo’ ou uma ‘santa’, embora não se espere que todos os santos e santas tenham o corpo incorrupto.
[2]            Uma espécie de museu de múmias
[3]            Xavier, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, O Egito, ditado pelo espírito Emmanuel , RJ: Ed. FEB 1999
[4]            Idem