segunda-feira, 24 de junho de 2013

DIZ-SE QUE “CADA POVO TEM O GOVERNO QUE MERECE”. SERÁ VÁLIDO ESSE ADÁGIO?

Não negocie  o seu voto, saiba votar com dignidade

Jorge Hessen
http://aluznamente.com.br
Bancaremos nestes comentários alguns acoplamentos fatuais a propósito da denúncia do jornal New York Post sobre famílias novayorquinas abastadas que subornam pessoas portadoras de deficiência a fim de se passar por seus parentes, mirando esquivarem-se das longas filas no parque de diversões da Disney(1), em Orlando, na Flórida. “O periódico acusa os ardilosos membros de grupos familiares americanos que permanecem no máximo 1 minuto para ter acesso às atrações do parque, enquanto as outras pessoas esperam mais de 2 horas.” (2) Infelizmente a defecção moral abrange a corrupção de costumes, a falta de caráter individual ou coletivo, o desleixo administrativo ou governamental, a falta de solidariedade social, a indiferença pela sorte alheia ou pelos interesses públicos.
Sem tanger  especulações impróprias sobre a insinuação do New York Post, afirmamos que qualquer semelhança com fatos e pessoas no Brasil não é mera coincidência. Nem é preciso fazermos um esforço descomunal de raciocínio a fim de identificar semelhanças cabais. Habituamos aquilatar negativamente assaltantes vigaristas, homicidas, encarcerados ou ex-detentos de forma geral. Todavia, será que fora das prisões há superávit de cidadãos honestos? Quantas vezes compramos produtos de origem duvidosa para sonegar impostos? Quantas vezes devolvemos o troco que o caixa do supermercado nos deu a mais? Quantos mecânicos de automóveis, técnicos de geladeiras, de televisão, máquinas de lavar, de computadores, ludibriam  para cobrar mais caro?
Quantas vezes estacionamos na vaga de idoso ou deficiente sem sermos um idoso ou deficiente? Quantos usam de sua autoridade para anular multas de trânsito? Quantos bebem alcoólicos e assumem a direção de veículo nas estradas? Não assombra que administradores se apropriem das verbas publicas, e que empresários demitam empregados para ter lucro máximo.
Em que pese a angústia coletiva da população brasileira, envolta atualmente pelo manto da conturbação, da ausência de justiça social, da descrença nas instituições do estado, é urgente a promoção de uma reforma de base moral generalizada. Mister se torna uma mudança visceral na cultura da desonestidade. Mudança de comportamento na base da massa popular que costumeiramente elege seus representantes a custa de negociata do próprio voto, dos legisladores que comercializam a honradez a fim de aprovar leis espúrias, dos juízes descompromissados com as vozes dos justos e dos (ir) responsáveis do (des) governo da administração estatal.
Nesse fatídico cenário é imperioso que se restabeleçam os valores da ética, da solidariedade, do amor e que se revitalize a reputação e o caráter de cada cidadão. Até porque a escassez de ética, sobretudo governamental que ora vigora no País, está fundada em valores (escusos), e se esvai através de um ethos compatível para vigorar, a saber: o cinismo ideológico das “autoridades” autoritárias que administram a nação, a inumanidade e as mentiras consentidas, o enriquecimento ilegítimo de alguns carismáticos líderes políticos.
Com os escândalos divulgados pelas mídias, constata-se um entrelaçamento crescente e preocupante da administração pública com as atividades delituosas, mediante um sistêmico processo de pressões, chantagens, tráfico de influência, intimidações e putrefações morais, com a prática do suborno e da propina, dentre outras falcatruas morais inimagináveis. "A violência urbana é reflexo natural dos que administram gabinetes luxuosos e desviam os valores que pertencem ao povo; que elaboram leis injustas, que apenas os favorecem; que esmagam os menos afortunados, utilizando-se de medidas especiais, de exceção, que os anulam; que exigem submissão das massas para que consigam o que lhes pertence de direito... produzindo o lixo moral e os desconsertos psicológicos, psíquicos, espirituais ".(3)
Nessa instável conjuntura, o cidadão de bem não pode conservar-se na inércia. Precisa reivindicar e batalhar pela rejeição da improbidade através do uso do voto consciencioso e dos exemplos de decoro. Não pode jamais esmorecer o ideal do bem. Precisa contrapor a institucionalização do mal que se faz através da arbitrariedade, da corrupção, da irresponsabilidade, da irracionalidade administrativa, da inversão dos valores morais.
Há os que desejam fazer do País a "casa-da-mãe-Joana", uma“terra de ninguém”. Nas atuais mobilizações populares assistimos atônitos os vândalos devastarem com selvageria os patrimônios públicos e privados. São seres dementes,avessos à civilidade, que acreditam não haver leis para regular suas sanhas criminosas. O País carrega uma história promíscua. A prática da rapinagem tem-se repetido através dos séculos nas plagas do Cruzeiro do Sul. Isso inspirou o Patriarca da Independência (José Bonifácio), reencarnado como Rui Barbosa (segundo o Espírito Humberto de Campos), a lançar o clamor de indignação ao deparar com todas as tramoias cometidas: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto." (4)
As estatísticas consagram ao Brasil a liderança do ranque dos Países campeões mundiais em corrupção, fazendo associação a determinados Países africanos em estágio primitivo. Que tipo de ambição exorbitante e estúpida está na base da deficiência de caráter capaz de olvidar todos os escrúpulos para com a consciência e arremessar-se tão sagazmente no cofre do Estado? Não somos o primeiro, o único ou o último a anunciar esse séquito de vícios, contudo a mídia, frequentemente, noticia e expõe tais fatos francamente execráveis e com grande repercussão.
Cumpre ao cidadão de bem afirmar a primazia da ética na inspeção da administração pública, por ser a instância fundante do valor dos preceitos da governabilidade: o interesse prioritário da população. E os governantes precisam “assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias.”(5) Até porque a Carta Magna do País consigna que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente nos termos da Constituição”. (6)
A rigor, ser incorruptível requer dignidade e sobriedade. Ser honesto demanda disciplina moral e ética, afã para abater más tendências, diligência por não se consentir desabar na perdição das trapaças. Que nesses instantes históricos pelos quais estamos passando no Brasil, restabeleçam-se os valores da Ética Cristã e que se revitalize o mundo da honestidade. Até  por uma  questão muito clara, “não há mais lugar na cultura moderna para o absurdo de governos arbitrários, nem da aplicação dos recursos que são arrancados do povo para extravagâncias disfarçadas de necessárias, enquanto a educação, a saúde, o trabalho são escassos ou colocados em plano inferior”. (7)
 Muitos se interrogam no imo da consciência: Haverá futuro promissor para uma sociedade estruturada assim como a nossa? Pensamos que sim! Considerando pelo lado, digamos mais transcendente da questão, para apurar a estrutura social deste País, a tese de Humberto de Campo, contida no livro “Brasil coração do Mundo e Pátria do Evangelho”, assegura um norte de esperança para todos nós. Creio que na “Pátria do Evangelho” estão sendo programadas reencarnações de almas nobres e sábias, e esse fato nos aponta para um futuro menos conturbado para as futuras gerações de brasileiros.
A prudência continua sendo a nossa melhor conselheira. Por questão de consciência ética, sabemos que um autêntico espírita tem que ser fiel aos princípios que a Doutrina dos Espíritos impõe e ter noção de que honestidade é prática obrigatória para todo ser humano, sobretudo para um cristão. Ou será que devemos reivindicar pedestais nos panteões terrenos por executarmos dignamente aquilo o que é nossa obrigação fazer?

Referências bibliográficas:
(1)            A Disney permite que visitantes em cadeira de rodas ou que se locomovam com veículos motorizados tenham acesso direto às atrações, junto com até seis membros de sua família. Mas o sistema, que foi implantado para benefício de pessoas com deficiência, está sendo comercializado de forma ilegal.
(2)            Disponível em  http://noticias.r7.com/internacional/familias-ricas-contratam-pessoas-com-deficiencia-para-escapar-das-longas-filas-na-disney-15052013 acesso em 23/06/13
(3)            FRANCO, Divaldo P. "Amor, imbatível amor". Pelo Espírito Joanna de Ângelis, 6ª ed. Salvador, BA: LEAL, 2000, p. 84
(4)            Disponível em http://www.casaruibarbosa.gov.br/scripts/scripts/rui/mostrafrasesrui.idc?CodFrase=883 acesso em 21/06/13
(5)            Constituição da República Federativa do Brasil /1988, Preâmbulo
(6)            Idem  Art. 1º, Parágrafo único
(7)            Franco Divaldo. Jornal A Tarde, de Salvador/Bahia, (http://atarde.uol.com.br/opiniao/materias/1512342-clamor-social-o-climax-e-a-indiferenca-dos-governantes). Acesso em 23/06/13

sexta-feira, 14 de junho de 2013

AS IDEOLOGIAS MATERIALISTAS NÃO SE AJUSTAM À MENSAGEM DOS ESPÍRITOS


 Jorge Hessen
http://aluznamente.com.br
Deus não concede privilégios a ninguém, e, se há sofredores e felizes é por força do mau ou bom uso do livre arbítrio do Espírito. Por força da liberdade de escolha, cada pessoa decide qual o caminho a seguir. Não é com regozijo que coexistimos com o infausto vulto do “mendicante social”. Quem é tal figura? Ressalvando-se as exceções, não ignoramos que há pessoa insensível, usurpadora, que abomina trabalhar, não produz nada para a sociedade e (sobre)vive vampirizando os recursos dos programas sociais do estado. Apresenta-se como uma coitadinha, “abandonada social”, e exige impetuosamente muitos direitos para si, despreocupada com os próprios deveres.
Existe pessoa que fala de si como uma infeliz desfavorecida, mas não cumpre  suas obrigações, ou se as cumpre, entende que está sendo explorada. Não gosta de estudos, detesta leituras (quando alfabetizada). Quase sempre por ter ojeriza à sala de aula e professores, esquivou-se da escola, mas responsabiliza a sociedade e o “(des)governo” por sua condição de iletrada e pobre. Não esqueçamos que Deus proporciona a todos os seres idênticas e incessantes oportunidades de crescimento. Coloca em estado latente o mesmo poder, a mesma sabedoria e os mesmos estímulos evolutivos para todos, no longo e difícil trajeto para a perfeição.
Nessa linha de raciocínio, o que pensar do cidadão que execra e exorciza tudo o que exige raciocínio? Aquele que vive na sua mansarda sem quaisquer bens, exceto um aparelho de TV, para poder discutir sobre capítulos de novela e jogos de futebol. Comumente alimenta a fé nas religiões que praticam o comércio espiritual, prioritariamente as que incluam exorcismos e rituais com berreiros e espasmos convulsivos. Culpa o destino, o governo, a raça, a cor, o bairro onde reside. Em suma, a responsabilidade da sua inércia é sempre do outro.
Por outro lado, há cidadãos que laboram de sol a sol com dignidade para enaltecer a vida na sociedade. Por oportuno, e com muita exultação, evocamos aqui no debate o célebre José Mujica, atual presidente do Uruguai, ele que é considerado o chefe de estado mais despojado do mundo. Possui um fusquinha e dedica cerca de 90% do salário para obras sociais. Vive assim por opção. É um idealista sincero e crê na igualdade e justiça dos homens para a conquista da paz. Adora mencionar Sêneca (1) quando diz que "pobres são aqueles que precisam de muito". Não proclama a "valorização da pobreza", mas do comedimento no viver. (2) Sem dúvida, Mujica é uma alma grandiosa e deveria ser  inspiração para os homens públicos do Brasil.
O presidente uruguaio, em que pese o seu estupendo exemplo de vida,  é arauto de uma sociedade igualitária. Será possível ou mera utopia o sonho de Mujica? Deus a nenhum homem concedeu superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela desencarnação: todos aos seus olhos são iguais. Eis o sentido correto da Lei de Igualdade. Portanto, perante Deus somos iguais a despeito da colossal fissura que se abre pelas disparidades sociais.
O Criador criou-nos essencialmente idênticos, contudo nem todos fomos criados na mesma época, e, por conseguinte, uns são mais velhos e somam maior conjunto de aquisições do que outros mais “jovens”. As desigualdades entre nós estão na diversidade dos graus da experiência alcançada e do exemplo nos caminhos do bem sob a tutela do livre arbítrio.
A variedade das aptidões, ao contrário do ideal igualitário, é um meio propulsor do progresso social, já que cada homem contribui com sua parcela de conhecimento. As desigualdades que apresentamos entre nós, seja em inteligência ou moralidade, não derivam de privilégios de uns em detrimento de outros, mas do maior ou menor aproveitamento desse “tempo cósmico”, no esforço do alargamento das habilidades e virtudes que nos são inerentes, consoante o melhor uso do livre arbítrio por parte de cada um. Destarte, as desigualdades naturais das aptidões humanas são os degraus das múltiplas experiências do passado. E cremos que essas diferenças constituem os agentes do progresso e paz social.
Como se vê, a nossa tese é contrária à pretendida igualdade sócio-econômica, frequentemente artificial na vida de relação dos Espíritos encarnados. Por que não são igualmente ricos todos os homens? Com base nas instruções do XVI capítulo do Evangelho Segundo o Espiritismo, aprendemos que não o são por uma razão muito simples: por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar. A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da abnegação. (3)
A desigualdade social é o mais elevado testemunho da verdade da reencarnação, mediante a qual cada espírito tem sua posição definida de regeneração e resgate. “A pobreza, a miséria, a guerra, a ignorância, como outras calamidades coletivas, são enfermidades do organismo social, devido à situação de prova da quase generalidade dos seus membros. Cessada a causa patogênica com a iluminação espiritual de todos em Jesus-Cristo; a moléstia coletiva estará eliminada dos ambientes humanos. (4)”
Carece, pois, o pobre de motivo assim para acusar a Providência, como para invejar os ricos e estes para se glorificarem do que possuem. Se abusam, não será com decretos ou leis santuárias que se remediará o mal. As leis podem, de momento, mudar o exterior, mas não logram mudar o coração; daí vem serem elas de duração efêmera e quase sempre seguidas de uma reação mais desenfreada. A origem do mal reside no egoísmo e no orgulho: os abusos de toda espécie cessarão quando os homens se regerem pela lei da caridade. (5)
A Mensagem de Jesus não preconiza que os ricos do mundo se façam pobres e sim que todos os homens se façam ricos de conhecimento, porque somente nas aquisições de ordem moral descansa a verdadeira fortuna. Reconhecemos que o socialismo que vigora em muitos países da Terra é uma bela expressão de cultura humana, enquanto não resvala para os polos do extremismo. Porém, “a concepção igualitária absoluta é um erro grave dos estudiosos, em qualquer departamento da vida. A tirania política poderá tentar uma imposição nesse sentido, mas não passará das espetaculosas uniformizações simbólicas para efeitos exteriores, porquanto o verdadeiro valor de um homem está no seu íntimo, onde cada espírito tem sua posição definida pelo próprio esforço;”. (6)
Aos radicais segmentos progressistas vimos esclarecer que aceitar os preceitos espíritas não significa concordância conformista dos problemas de natureza econômica e política, porém maior compreensão desses estágios humanos. Os conceitos espíritas não concebem as desigualdades como algo estático e insensível a mudanças pelas nossas ações. As lições espíritas jamais visam privilegiar os interesses de uma elite rica no campo social. A necessidade de se transformar a nossa sociedade desigual em uma sociedade justa é o escopo doutrinário, sem necessidade absoluta de ideologias materialistas e tacanhas para esse desiderato.

Referências bibliográficas:
(1)           Contemporâneo de Jesus foi um dos mais célebres advogados, escritores e intelectuais do Império Romano
(2)           Disponível em http://epocanegocios.globo.com/Inspiracao/Vida/noticia/2013/05/vida-simples-de-pepe-mujica-presidente-do-uruguai.html
(3)           Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, "Desigualdades das Riquezas"; RJ: Ed. FEB, 2000
(4)           Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo espírito Emmanuel, RJ: Ed FEB 2001, pergs. 55,56,57
(5)           _____, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, "Desigualdades das Riquezas"; RJ: Ed. FEB, 2000
(6)           _____, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo espírito Emmanuel, RJ: Ed FEB 2001, pergs. 55,56,57

sexta-feira, 7 de junho de 2013

À GUISA DE UM BATE-REBATE FRATERNAL

Jorge Hessen, Heigorina Cunha e Eleusa Hessen
A LUZ NA MENTE .    Como o Espiritismo explica o movimento hippie da década de 60/70?

Jorge Hessen   Nesse contexto, não devemos esquecer que a ação social alternativa do movimento hippie, apesar de abrir diálogos com certos anseios (democracia-participação-debate contra o capitalismo), propunha como mote efetivo um estilo de vida libertina, sexo livre, drogas, descompromisso familiar. Naquela conjuntura, o lar foi colocado em plano secundário. Portanto, o fenômeno hippie foi maléfico em linhas gerais.
Foi o peculiar formato de vida dos diogeanos atuais, que esforçaram-se para romper com as amarras da sociedade “vitoriana”. Nos idos dos anos 70 encontramos uma geração com características acerbas. Nos anos 80 e 90, há uma invasão mundial de ideologias estranhas, caracterizando o eclodir de seres repletos de atavismos incultos, momento em que surgem as gangues neonazistas, os bad boys, os punks. Sucede então a reencarnação coletiva de silvícolas que afastam-se dos seus habitats e alcançam a cidade, na condição de cobradores das amplas dívidas geradas pela sinistra colonização apadrinhada pelos europeus nesses 600 anos. Ainda hoje notamos adolescentes pilhados, andando em bandos “alegres”, de celular à mão e piercing no corpo; góticos, emos, skatistas, darks, neo-hippies, todas as tribos metropolitanas que se fazem representar, ruidosamente.
Um estudioso citou as quatro frases abaixo:
1ª) "Nossa juventude adora o luxo, é mal educada, caçoa da autoridade e não tem o menor respeito pelos mais velhos. Nossos filhos, hoje, são verdadeiros tiranos. Eles não se levantam quando uma pessoa idosa entra, respondem aos seus pais e são simplesmente maus."
2ª) "Não tenho mais nenhuma esperança no futuro do nosso país, se a juventude de hoje tomar o poder amanhã; porque essa juventude é insuportável, desenfreada, simplesmente horrível."
3ª) "Nosso mundo atingiu seu ponto crítico. Os filhos não ouvem mais seus pais. O final do mundo não pode estar muito longe!"
4ª) "Essa juventude está estragada até o fundo do coração. Os jovens são malfeitores e preguiçosos. Eles jamais serão como a juventude de antigamente. A juventude de hoje não será capaz de manter a nossa cultura."
Após ter citado os quatro itens, ficou muito satisfeito com a aprovação que os espectadores davam às frases. Então, revelou a origem delas: A primeira frase é de Sócrates (470-399 a.C.); a segunda é de Hesíodo (720 a.C.); a terceira é de um sacerdote do ano 2000 a.C, e a quarta estava escrita em um vaso de argila descoberto nas ruínas da Babilônia e tem mais de 4000 anos de existência.
O palestrante concluiu que o conflito de gerações é normal e a geração que está sendo substituída sempre tenta diminuir as capacidades da que está ascendendo. Porém, toda juventude tem o poder de transformação e deve usá-lo para criar sociedades mais justas.
A despeito de tudo isso, acreditamos que, após os processos de aferição e seleção dos valores morais na Terra, em um determinado momento - quiçá não muito longe - a sociedade será contemplada com uma geração de espíritos que, no transcurso da adolescência, pelo plantio da paz, experimentarão a sua essência. Saberão conservar essa paz, com Jesus, no seu mais lídimo ideal.

A LUZ NA MENTE .    Como o Espiritismo explica as encarnações das bruxas e a caça a elas na Idade Média?

Jorge Hessen   O conceito de bruxa é geralmente retratado no imaginário popular como uma mulher velha, sentada sobre uma vassoura voadora, nariguda e enrugada, exímia e contumaz manipuladora de magia negra e dotada de uma gargalhada horripilante. São também bastante públicas na literatura de ficção, como nas obras e filmes da popular série Harry Potter.
Os bruxos (médiuns), a rigor, eram pessoas dotadas de faculdades mediúnicas e não ignoramos que a mediunidade é atributo peculiar ao psiquismo de todas as criaturas. Médiuns existiram em todos os tempos. Na antiguidade remota, eram  adivinhos e pitonisas que, frequentemente, pagavam com a vida o conhecimento inabitual de que se faziam portadores.
Na Idade Média, eram santos e santas, quando se afinavam à cartilha religiosa da época, ou então, feiticeiros e bruxas, recomendados à fogueira ou à forca, quando se não ajustavam aos preconceitos do tempo em que nasceram. O Papa João XXII, em 1326, autorizou a perseguição às bruxas sob o disfarce de heresia. O Concílio de Basileia (1431-1449) apelava à supressão de todos os males que pareciam arruinar a Igreja. Em 1484 o Papa Inocêncio VIII promulgou a bula Summis desiderantes affectibus, confirmando a existência da bruxaria. No mesmo ano foi lançado o livro Malleus Maleficarum, pelos inquisidores Heinrich Kraemer e James Sprenger. Com 28 edições, esse volumoso manual se tornou uma espécie de bíblia da caça às bruxas. Contudo, Benedict Capzov, um fanático luterano, foi responsável pela morte de aproximadamente 20.000 "bruxas", apoiando-se na “lei” do Êxodo (22,18); “Não deixarás viver a feiticeira”.
Hoje há médiuns de todos os matizes, em largas expressões, a saber: psicógrafos, clarividentes, clariaudientes, curadores, poliglotas, psicofônicos, materializadores, intuitivos etc. Paulo de Tarso foi admirável médium de clarividência e clariaudiência, às portas de Damasco, ao ensejo de seu encontro pessoal com Jesus. Todavia, não podemos esquecer que os subjugados – os doentes mentais e os obsedados de todos os graus – que enxameavam a estrada dos tempos apostólicos, eram também médiuns.

A LUZ NA MENTE .     Como se dá o "prolongamento" ou "diminuição" de encarnações? (ex.: uma pessoa que tem que morrer aos 30 e morre aos 40)

Jorge Hessen   Dentre outros aspectos, podemos dizer que (re)nascemos debaixo de uma prévia programação para vivermos um período presumível de tempo de vida física na Terra. Ante esses planos reencarnatórios, muitas vezes encurtamos o tempo mínimo previsto através do mau comportamento (vícios, suicídio direto ou indireto) em que exaurimos parte do quantum de fluido vital, responsável pela mantença do arcabouço biológico. Há casos de modificação de planejamento espiritual em que podemos ampliar a estada na carne, em face dos méritos adquiridos, seja na ação no bem, na boa gestão da saúde física e mental, o que acarretará interferência de um espírito especialista para que tal fenômeno ocorra.

A LUZ NA MENTE .     Que informações temos acerca da pré-história de acordo com o Espiritismo?

Jorge Hessen   Temos excelentes dados sobre a formação da Terra nas obras A caminho da luz e Evolução em dois mundos. Pesquisadores da Universidade de York descobriram que o homem de Neanderthal nutria um grande sentimento de piedade. Para os arqueólogos, há cerca de 1,8 milhão de anos atrás, o Homo erectus integrou o sentimento de compaixão com o pensamento racional através de ações como cuidar dos doentes e dedicar atenção especial aos mortos, demonstrando luto e desejo de suavizar o sofrimento alheio.
Cremos que as sepulturas datadas da era paleolítica comprovam já haver naquele período uma crença na vida após a morte e no poder ou influência dos ancestrais sobre a vida cotidiana do clã familiar.
Questão instigante é como o primata se tornou hominídeo. A resposta é ainda uma incógnita. Nunca foi encontrado o "elo perdido", a espécie biológica que represente essa transição. “Pode-se dizer que, sob a influência e por efeito da atividade intelectual de espíritos mais adiantados [que os antropóides], o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades, conservando a forma geral do conjunto. Melhorados os corpos, pela procriação, deu-se origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, à proporção que o Espírito progrediu.
Allan Kardec explica que desconhecemos a origem e o modo de criação dos Espíritos; apenas sabemos que eles são criados simples e ignorantes, isto é, sem ciência e sem conhecimento, porém perfectíveis e com igual aptidão para tudo adquirirem e tudo conhecerem. O Espírito André Luiz argumenta que, para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o ser automatizado em seus impulsos, no caminho para o reino angélico, despendeu nada menos que um bilhão e meio de anos.
Muitas das transformações que se verificaram no “homo” foram promovidas em suas estruturas perispirituais, entre uma existência e outra (ou seja, no plano espiritual). Os Espíritos construtores, sob a supervisão do Cristo, retocavam, em vezes sucessivas, as formas perispiríticas, e essas alterações criariam o campo magnético para as futuras mutações. Experiências múltiplas no patrimônio genético dos nossos antepassados, coordenadas por geneticistas siderais, foram modelando aquelas formas que deveriam persistir até os tempos atuais. A seleção natural se incumbiria de fazer desaparecer as formas primitivas inaptas.
Conforme afirma Emmanuel, atualmente a ciência procura os legítimos antepassados das criaturas humanas nessa imensa vastidão da arena da evolução anímica. No período terciário, sob a orientação das esferas espirituais, notavam-se algumas raças de antropóides, no Plioceno inferior [de 5,3 milhões a 1,6 milhão de anos]. Esses antropóides, antepassados do homem terrestre, e os ascendentes dos símios que ainda existem no mundo, tiveram a sua evolução em pontos convergentes, daí os parentescos sorológicos entre o organismo do homem moderno e o do chimpanzé da atualidade.
Para o autor de “Renúncia”, não houve propriamente uma "descida da árvore" no início da evolução humana. “As forças espirituais que dirigem os fenômenos terrestres, sob a orientação do Cristo, estabeleceram, na época da grande maleabilidade dos elementos materiais, uma linhagem definitiva para todas as espécies, dentro das quais o princípio espiritual encontraria o processo de seu acrisolamento, em marcha para a racionalidade. Os antropóides das cavernas espalharam-se então aos grupos pela superfície do globo, no curso vagaroso dos séculos, sofrendo as influências do meio e formando os pródromos das raças futuras em seus tipos diversificados; a realidade porém, é que as entidades espirituais auxiliaram o homem do sílex, imprimindo-lhe novas expressões biológicas.
Os milênios correram o seu toldo de experiências drásticas sobre a fronte desses seres de braços alongados e de pelos densos, até que um dia as hostes do invisível operaram uma definitiva transição no corpo perispiritual preexistente dos homens; surgem os primeiros selvagens de compleição melhorada, tendendo à elegância dos tempos do porvir.
Elucida o Espírito Emmanuel que há muitos milênios um dos orbes da Capela, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos. Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e virtudes, mas uma ação de saneamento geral os alijaria daquela humanidade, que fizera jus à concórdia perpétua, para a edificação dos seus elevados trabalhos.
As grandes comunidades espirituais diretoras do Cosmos deliberam então localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui na Terra longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionando, simultaneamente, o progresso dos seus irmãos inferiores. Aqueles seres angustiados e aflitos seriam degredados na face obscura do planeta terrestre; andariam desprezados na noite dos milênios da saudade e da amargura; reencarnariam no seio das raças ignorantes e primitivas, a lembrarem o paraíso perdido nos firmamentos distantes.
A Natureza ainda era, para os trabalhadores da espiritualidade, um campo vasto de experiências infinitas; tanto assim que, se as observações do mendelismo fossem transferidas àqueles milênios distantes, não se encontraria nenhuma equação definitiva nos seus estudos de biologia. A moderna genética não poderia fixar, como hoje, as expressões dos "genes", porquanto, no laboratório das forças invisíveis, as células ainda sofriam longos processos de acrisolamento, imprimindo-se-lhes elementos de astralidade, consolidando-se-lhes as expressões definitivas, com vistas às organizações do porvir.
Apostam os arqueólogos que no interregno de 500 mil e 40 mil anos, o sentimento evoluiu e os primeiros seres humanos, como o Homo heidelbergensis e o Neanderthal, já demonstravam compromisso com o bem-estar dos outros, o que pode ser comprovado através de uma adolescência longa e a dependência em caçar juntos. Cremos que não somos criações milagrosas, destinadas ao adorno de um paraíso de papelão. Somos filhos de Deus e herdeiros dos séculos, conquistando valores, de experiência em experiência, de milênio a milênio." Com a conquista da razão aparecem o raciocínio, a lucidez, o livre-arbítrio e o pensamento contínuo. Até então, o progresso tinha uma orientação centrípeta [de fora para dentro]; o ser crescia pela força das coisas, já que não tinha consciência de sua realidade, nem tampouco liberdade de escolha. Ao entrar no reino hominal, o princípio inteligente – agora sim, Espírito – está apto a dirigir a sua vida, a conquistar os seus valores pelo esforço próprio, a iniciar uma evolução de orientação centrífuga [de dentro para fora].
Mas a conquista da inteligência é apenas o primeiro passo que o Espírito vai dar em sua estada no reino hominal. Ele iniciou na valorosa luta para conquistar os valores superiores da alma: a responsabilidade, a sensibilidade, a sublimação das emoções, enfim, todos os condicionamentos que permitirão ao Espírito alçar-se à comunidade dos Seres Angélicos. Os sonhos premonitórios, as visões de Espíritos, a audição da voz dos mortos – inclusive nos fenômenos de voz direta – e a materialização de Espíritos foram fatos concretos, que levaram o homem primitivo à crença na continuação da vida após a morte. Diretamente dos médiuns neandertalenses surgiram os feiticeiros, ancestrais dos sacerdotes de todas as religiões.
Há um princípio sofista atribuído a Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas.". Mas uma medida, por assim dizer, afetiva, sem o controle da razão. Por isso Herculano Pires afirma que “é pelo sentimento, e não pelo raciocínio, que o homem primitivo humaniza o mundo.”. Destarte, ficam ratificadas as teses científicas sobre o homem pré-histórico que integrou o sentimento de compaixão na síntese do pensamento racional através de ações efetivas para o outro semelhante.

A LUZ NA MENTE .     Há alguma menção/explicação sobre os "seres elementais" no Espiritismo?

Jorge Hessen   A questão é complicada. Essa terminologia não está presente na codificação. Mas o conceito existe, embora não tenha cunho místico ou oculto. Elemental vem de espíritos dos elementos da natureza – são os seres inferiores começando a trilhar o reino hominal, subordinados a espíritos mais experimentados. Estes fazem o serviço mais pesado – executam parte dos fenômenos da natureza.
Não localizamos a palavra "Elemental" no dicionário do Aurélio, e que tampouco consta nas obras codificadas por Allan Kardec. Aliás, o Espírito São Luís, na Revista Espírita do mês de março de 1860, empregou o termo "elementar” ao invés de “Elemental”. O professor Rivail cita a palavra "duende" referindo-se aos espíritos perturbadores, em duas oportunidades. A primeira quando faz alusão ao duende de Bayonne, que apareceu para sua irmã, provocando travessuras. Na segunda, descreve a experiência do Sr. J. com alguns espíritos perturbadores, em sua residência. Mas em ambas as oportunidades o Codificador os descreveu como espíritos perturbadores, sem no entanto lhes conferir as propriedades que a crendice popular dá aos duendes e elementais.
Nessa abordagem teórica, não podemos adentrar pela porta larga das concepções místicas, até porque a nomenclatura espírita é concisa e clara, e precisa estar acima da imaginação popular, que concebe, geralmente, a mediunidade de maneira mística, e quase sempre denominando esses seres de Silfos (elementais do ar), Salamandras (elementais do fogo), Ondinas (elementais da água) e Gnomos (elementais da terra).
Sabemos que nas hostes espíritas existem muitas terminologias novas, que não estão inscritas nas Obras Básicas. Todavia, no decorrer do século XX, foram sendo incorporadas no dicionário kardeciano, a exemplo dos termos "colônias espirituais”, “bioenergia”, “monoideísmo”, “ovóides", "umbral", "vampirismo", "aura" etc. Expressões essas que, se não foram utilizadas pelo Codificador, estavam de alguma forma implícitas nas ideias, através de outras terminologias do século XIX.
O termo "Elemental" é comumente empregado de forma esotérica, sobretudo na cultura teosófica. Porém, André Luiz faz alusão à palavra referindo-se a entes servidores comuns do reino vegetal, ou seja, espíritos da Natureza totalmente estranhos à sua compreensão.
Algumas obras espíritas complementares confirmam que os seres infra-humanos são os "entes servidores da natureza”, executores dos fenômenos naturais. Segundo o ilustre lionês, os Espíritos constituem a força inteligente da Natureza e concorrem para a execução dos desígnios do Criador, que não criou seres intelectuais perpetuamente destinados à inferioridade, uma vez que tudo na Natureza se encadeia por elos que ainda não podemos apreender.
Os Instrutores Espirituais intervêm na melhoria das formas evolutivas inferiores, nas quais o princípio inteligente estagia. Em verdade, todos os campos da Natureza contam com agentes da Sabedoria Divina para formação e expansão dos valores evolutivos. A rigor, o espírito não chega à fase da razão sem haver passado pela série divinamente necessária dos seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra da sua individualização. Destarte, o princípio inteligente, distinto do princípio material, se individualiza e se elabora, passando pelo diversos graus da animalidade. É aí que a alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades.
Certa vez, conhecendo uma colônia purgatorial de vasta expressão, André Luiz foi informado sobre as milhares de criaturas “utilizadas nos serviços mais rudes da natureza, que se movimentam naquelas regiões em posição infraterrestre. Talvez essas entidades não habitem o interior da Terra, porém, “presidem aos fenômenos geológicos e os dirigem de acordo com as atribuições que têm. Dia virá em que receberemos a explicação de todos esses fenômenos e os compreenderemos melhor.
Na escala da evolução, eles estariam entre a fase animal e hominal. Muitos esotéricos acreditam que essas entidades são superiores ao homem, crença essa contrária aos conceitos e conhecimentos espíritas. Para nós, esses seres situam-se entre o raciocínio fragmentário do macacóide e a ideia simples do homem primitivo da floresta.
No Capítulo IX de O Livro dos Espíritos, questões 536 a 540, o mestre lionês fez perguntas pertinentes sobre a ação dos espíritos nos fenômenos da natureza. Compreendemos, assim, sobre a existência de "princípios inteligentes" que auxiliam no controle dos fenômenos da natureza, sob a supervisão de espíritos mais elevados, operando em nome de Deus, que “não exerce ação direta sob a matéria”.
Não seria justo dizer que os elementais não existem. A experiência, a tradição e a própria Doutrina Espírita acolhem tais seres como realidade e não como mera fantasia. Todavia, não podemos esquecer que o Espiritismo tem em seu vocabulário os termos adequados para designar precisamente esses entes espirituais. Razoável então não adotarmos palavras inadequadas e distorcidas pelas crenças mitológicas.

A LUZ NA MENTE .     Os espíritos influenciam os fenômenos da natureza? (chuvas, tornados, tsunamis e etc)

Jorge Hessen   Sim! As questões 536 e 539 do Livro dos Espíritos esclarecem o tema. Os espíritos interferem nos fenômenos materiais e exercem certa influência sobre os elementos para os agitar, acalmar ou dirigir a natureza. E nem poderia ser de outro modo. Deus não exerce ação direta sobre a matéria. Ele encontra agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos. A produção de certos fenômenos, das tempestades, por exemplo, é obra de vários Espíritos que se reúnem, formando grandes massas, para produzi-los. Óbvio que o assunto é bem mais abrangente no Livro dos Espíritos.

A LUZ NA MENTE .     Existe esporte no plano espiritual? Os espíritos que encarnam como grandes atletas "treinam" antes de encarnar?

Jorge Hessen   Não há treinamento para competição esportiva nas colônias espirituais; ali as atividades são voltadas para outros interesses. Não temos informes sobre as regiões mais densas (umbral). Há silêncio de maiores notícias sobre essas paragens, portanto não podemos comentar muito sem fontes seguras.
Considerando a questão genética (hereditária) fisicamente falando, os treinamentos e empenho, muitas vezes insanos, formam os grandes atletas que são espíritos disciplinados. Muitos deles trazem largas experiências de vidas passadas num ou noutro esporte e desenvolvem naturalmente os reflexos, a força e outras habilidades na vida corporal e esses automatismos (treinamento) são arquivados e podem permanecer como patrimônio individual para as próximas existências, sobretudo se o espírito optar em continuar no esporte nas vidas ulteriores, portanto tudo é herança, fruto da conquista no campo da disciplina e isso vale para a cultura, o saber, a inteligência, a destreza musical etc.
Lembremos que os materialistas fomentaram a prática do esporte em todas as suas modalidades, visando os perigos possíveis, na excessiva acumulação de forças nervosas [como são chamadas as secreções elétricas da pineal], e têm aconselhado aos jovens o uso do remo, da bola, do salto, da barra, das corridas a pé etc. Dizem que desse modo preservam-se os valores orgânicos, legítimos e normais para as funções da hereditariedade. Emmanuel explica que a medida, embora satisfaça em parte, é contudo incompleta e defeituosa. Incontestavelmente, a ginástica e o exercício controlados são fatores valiosos de saúde; a competição esportiva honesta é fundamento precioso de socialização; no entanto, podem circunscrever-se a meras providências em benefício dos ossos e, por vezes, degenera-se em elástico das paixões menos dignas.
São muito raros ainda, na Terra, os que reconhecem a necessidade de preservação das energias psíquicas para engrandecimento do Espírito eterno. O homem vive esquecido de que Jesus ensinou a virtude como esporte da alma, e nem sempre se recorda de que, no problema do aprimoramento interior, não se trata de retificar a sombra da substância, e sim a substância em si mesma.

A LUZ NA MENTE .     Existe idioma no plano espiritual? Quando estamos no plano espiritual falamos todas as línguas?

Jorge Hessen   No capítulo 24 do Livro Nosso Lar lemos que, tal como na Terra, os que se afinam perfeitamente entre si podem permutar pensamentos sem as barreiras idiomáticas; mas de modo geral, não se pode prescindir da forma. A humanidade terrestre, constituída de milhões de seres, une-se à humanidade invisível do planeta, que integra muitos bilhões de criaturas. Não seria, portanto, possível atingir as zonas aperfeiçoadas logo após a morte do corpo físico. Os patrimônios nacionais e linguísticos remanescem no além, condicionados a fronteiras psíquicas. Isto é, os desencarnados encontram no além a habitação, o utensílio e a linguagem terrestres. Ressalte-se porém que falar todas as línguas não é necessário, pois a linguagem universal é o pensamento. Mas para atingir esse patamar é preciso crescer muito aqui e no além.

A LUZ NA MENTE .    O corpo de Cristo, que não foi encontrado por Maria de Madalena no sepulcro, qual a sua opinião sobre esse assunto. Ocorreu a "desmaterialização" do corpo ?  O Cristo pode ter sido  um "agênere" (Espírito apenas materializado) ou será que o Corpo do Cristo era fluídico ? Não tinha como nós o corpo físico e o espiritual ?

Jorge Hessen   Kardec analisa a questão dos agêneres no capítulo XIV e XV do livro A Gênese e obviamente acompanho o pensamento do mestre lionês .  Aprendemos com o Codificador que Jesus não era um agênere. Ele  tinha um molde (perispírito) do corpo físico  o mais imaculado que admitimos. O Seu psicossoma jamais poderia ser igual ao do homem comum, entretanto quanto ao corpo físico  era material numa etapa e fluídico noutra, notemos: 
Para  Kardec o desaparecimento do corpo de Jesus após sua morte há sido objeto de inúmeros comentários. Atestam-no os quatro evangelistas, baseados nas narrativas das mulheres que foram ao sepulcro no terceiro dia depois da crucificação e lá não o encontraram. Viram alguns, nesse desaparecimento, um fato milagroso, atribuindo-o outros a uma subtração clandestina. Segundo outra opinião, Jesus não teria tido um corpo carnal, mas apenas um corpo fluídico; não teria sido, em toda a sua vida, mais do que uma aparição tangível; numa palavra: uma espécie de agênere. Seu nascimento, sua morte e todos os atos materiais de sua vida teriam sido apenas aparentes. Assim foi que, dizem, seu corpo, voltado ao estado fluídico, pode desaparecer do sepulcro e com esse mesmo corpo é que ele se teria mostrado depois de sua morte.
É fora de dúvida que semelhante fato não se pode considerar radicalmente impossível, dentro do que hoje se sabe acerca das propriedades dos fluidos; mas, seria, pelo menos, inteiramente excepcional e em formal oposição ao caráter dos agêneres, conforme  assinala o item 36 do Cap. XIV.  Trata-se, pois, de saber se tal hipótese é admissível, se os fatos a confirmam ou contradizem.
Kardec explica ainda que  a estada de Jesus na Terra apresenta dois períodos: o que  precedeu e o que se seguiu à sua morte. No primeiro, desde o momento da  concepção até o nascimento,   tudo, em seus atos, na sua linguagem e nas diversas circunstâncias da sua  vida revela os caracteres inequívocos da corporeidade. São acidentais os  fenômenos de ordem psíquica que nele se produzem e nada têm de anômalos, pois que se explicam pelas propriedades do perispírito e se dão, em graus  diferentes, noutros indivíduos. 
Depois de sua crucificação, ao contrário, tudo nele  revela o ser fluídico. É tão marcada a diferença entre os dois estados, que não  podem ser assimilados.  
O corpo carnal tem as propriedades inerentes à matéria propriamente  dita, propriedades que diferem essencialmente das dos fluidos etéreos; naquela,  a desorganização se opera pela ruptura da coesão molecular. Ao penetrar no  corpo material, um instrumento cortante lhe divide os tecidos; se os órgãos essenciais à vida são atacados, cessa-lhes o  funcionamento e sobrevém a morte, isto é, a do corpo. Não existindo nos corpos  fluídicos essa coesão, a vida aí já não repousa no jogo de órgãos especiais e  não se podem produzir desordens análogas àquelas. Um instrumento cortante  ou outro qualquer penetra num corpo fluídico como se penetrasse numa massa  de vapor, sem lhe ocasionar qualquer lesão. Tal a razão por que não podem  morrer os corpos dessa espécie e por que os seres fluídicos, designados pelo  nome de agêneres, não podem ser mortos.
Após o suplício de Jesus, seu corpo se conservou inerte e sem vida; foi  sepultado como o são de ordinário os corpos e todos o puderam ver e tocar.  Após a sua ressurreição, quando quis deixar a Terra, não morreu de novo; seu  corpo se elevou, desvaneceu e desapareceu, sem deixar qualquer vestígio,  prova evidente de que aquele corpo era de natureza diversa da do que pereceu  na cruz; donde forçoso é concluir que, se foi possível que Jesus morresse, é  que carnal era o seu corpo.
Jesus, pois, teve, como todo homem, um corpo carnal e um corpo fluídico, que é atestado pelos fenômenos materiais e pelos fenômenos psíquicos que lhe assinalaram a existência.
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A LUZ NA MENTE .     Como se dá a materialização nas colônias que se encontram em regiões umbralinas?

Jorge Hessen   Assunto muito longo. Por “lá”, tudo é plasmado pela força magnética da irradiação mental  dos Benfeitores e pelo conjunto de suas virtudes espirituais.

A LUZ NA MENTE .     Como os espíritos menos evoluídos possuem "força" e permissão para construir colônias que têm a intenção de fazer o mal?

Jorge Hessen   Tais seres não têm força nem permissão para construir “colônias”. Eles vivem mergulhados nos tormentos das suas psicosferas densas. O que cometem são meros resultantes da Lei dos fluidos. Eles vivem mergulhados nas faixas vibracionais das suas próprias emanações psíquicas deletérias, e os ambientes que perpetram não podem ser consideradas “colônias”, mas simplesmente gueto brumoso oriundo das suas emanações psíquicas.

A LUZ NA MENTE .     Há referências espíritas sobre as civilizações mesoamericanas e sul-americanas (astecas, maias, incas)?

Jorge Hessen   A obra A caminho da Luz faz referências que permitem conexões. Emmanuel lembra no capítulo 9 que os vários povos e as grandes coletividades que floresceram na América do Sul, então quase ligada à China pelas extensões da Lemúria, e da América do Norte, que se ligava à Atlântida. As grandes civilizações pré-históricas, que desabrocharam e desapareceram no continente americano, de cujos cataclismos e arrasamentos ficaram ainda as expressões interessantes dos incas e dos astecas que, como todos os outros agrupamentos do mundo, receberam a palavra indireta do Senhor, na sua marcha coletiva através de augustos caminhos.

A LUZ NA MENTE .     O "anjo da guarda" para o Espiritismo seria o "mentor espiritual"?

Jorge Hessen   Anjo da guarda – expressão de fundo alegórico – é o espírito protetor que temos. Protetor ou orientador são expressões mais adequadas. Mentor passa uma ideia de espírito excessivamente  mais elevado que o assistido – na maioria das vezes não é o caso.

A LUZ NA MENTE .     Ismael é o guia espiritual do Brasil? Como são escolhidos os guias de cada pais?

Jorge Hessen   Sim, é o governador espiritual do Brasil sob o ideal mais puro do lema Deus, Cristo e caridade. Obviamente, os mentores de cada nação são eleitos pela qualidade moral e intelectual, pelo compromisso com os objetivos nacionais, pela vinculação cultural e histórica, pelo potencial de trabalho e de amor – quanto mais importante a nação, mais evoluído o espírito que a governa.