A LUZ NA MENTE . Como
o Espiritismo explica o movimento hippie da década de 60/70?
Jorge
Hessen Nesse contexto, não
devemos esquecer que a ação social alternativa do movimento hippie, apesar de
abrir diálogos com certos anseios (democracia-participação-debate contra o
capitalismo), propunha como mote efetivo um estilo de vida libertina, sexo
livre, drogas, descompromisso familiar. Naquela conjuntura, o lar foi
colocado em plano secundário. Portanto, o fenômeno hippie foi maléfico em
linhas gerais.
Foi o
peculiar formato de vida dos diogeanos atuais, que esforçaram-se para romper
com as amarras da sociedade “vitoriana”. Nos idos dos anos 70 encontramos uma
geração com características acerbas. Nos anos 80 e 90, há uma invasão mundial
de ideologias estranhas, caracterizando o eclodir de seres repletos de
atavismos incultos, momento em que surgem as gangues neonazistas, os bad boys,
os punks. Sucede então a reencarnação coletiva de silvícolas que
afastam-se dos seus habitats e alcançam a cidade, na condição de cobradores das
amplas dívidas geradas pela sinistra colonização apadrinhada pelos
europeus nesses 600 anos. Ainda hoje notamos adolescentes
pilhados, andando em bandos “alegres”, de celular à mão e piercing no
corpo; góticos, emos, skatistas, darks, neo-hippies, todas as tribos metropolitanas
que se fazem representar, ruidosamente.
Um
estudioso citou as quatro frases abaixo:
1ª) "Nossa
juventude adora o luxo, é mal educada, caçoa da autoridade e não tem o menor
respeito pelos mais velhos. Nossos filhos, hoje, são verdadeiros tiranos. Eles
não se levantam quando uma pessoa idosa entra, respondem aos seus pais e são
simplesmente maus."
2ª) "Não
tenho mais nenhuma esperança no futuro do nosso país, se a juventude de hoje
tomar o poder amanhã; porque essa juventude é insuportável, desenfreada,
simplesmente horrível."
3ª) "Nosso
mundo atingiu seu ponto crítico. Os filhos não ouvem mais seus pais. O final do
mundo não pode estar muito longe!"
4ª) "Essa
juventude está estragada até o fundo do coração. Os jovens são malfeitores e
preguiçosos. Eles jamais serão como a juventude de antigamente. A juventude de
hoje não será capaz de manter a nossa cultura."
Após ter
citado os quatro itens, ficou muito satisfeito com a aprovação que os
espectadores davam às frases. Então, revelou a origem delas: A primeira frase é
de Sócrates (470-399 a.C.); a segunda é de Hesíodo (720 a.C.); a
terceira é de um sacerdote do ano 2000 a.C, e a quarta estava escrita em um
vaso de argila descoberto nas ruínas da Babilônia e tem mais de 4000 anos de
existência.
O palestrante
concluiu que o conflito de gerações é normal e a geração que está sendo
substituída sempre tenta diminuir as capacidades da que está ascendendo. Porém,
toda juventude tem o poder de transformação e deve usá-lo para criar sociedades
mais justas.
A despeito
de tudo isso, acreditamos que, após os processos de aferição e seleção dos
valores morais na Terra, em um determinado momento - quiçá não muito longe - a
sociedade será contemplada com uma geração de espíritos que, no transcurso da
adolescência, pelo plantio da paz, experimentarão a sua essência. Saberão
conservar essa paz, com Jesus, no seu mais lídimo ideal.
A LUZ NA MENTE . Como o Espiritismo explica as
encarnações das bruxas e a caça a elas na Idade Média?
Jorge
Hessen O
conceito de bruxa é geralmente retratado no imaginário popular como uma mulher
velha, sentada sobre uma vassoura voadora, nariguda e enrugada, exímia e
contumaz manipuladora de magia negra e dotada de uma gargalhada horripilante.
São também bastante públicas na literatura de ficção, como nas obras e filmes
da popular série Harry Potter.
Os bruxos
(médiuns), a rigor, eram pessoas dotadas de faculdades mediúnicas e não
ignoramos que a mediunidade é atributo peculiar ao psiquismo de todas as criaturas.
Médiuns existiram em todos os tempos. Na antiguidade remota,
eram adivinhos e pitonisas que, frequentemente, pagavam com a vida o
conhecimento inabitual de que se faziam portadores.
Na Idade
Média, eram santos e santas, quando se afinavam à cartilha religiosa da época,
ou então, feiticeiros e bruxas, recomendados à fogueira ou à forca, quando se
não ajustavam aos preconceitos do tempo em que nasceram. O Papa João XXII, em
1326, autorizou a perseguição às bruxas sob o disfarce de heresia. O Concílio
de Basileia (1431-1449) apelava à supressão de todos os males que pareciam
arruinar a Igreja. Em 1484 o Papa Inocêncio VIII promulgou a bula Summis
desiderantes affectibus, confirmando a existência da bruxaria. No mesmo ano foi
lançado o livro Malleus Maleficarum, pelos inquisidores Heinrich
Kraemer e James Sprenger. Com 28 edições, esse volumoso manual
se tornou uma espécie de bíblia da caça às bruxas. Contudo, Benedict
Capzov, um fanático luterano, foi responsável pela morte de aproximadamente
20.000 "bruxas", apoiando-se na “lei” do Êxodo (22,18); “Não deixarás
viver a feiticeira”.
Hoje há
médiuns de todos os matizes, em largas expressões, a saber: psicógrafos,
clarividentes, clariaudientes, curadores, poliglotas, psicofônicos,
materializadores, intuitivos etc. Paulo de Tarso foi admirável médium de
clarividência e clariaudiência, às portas de Damasco, ao ensejo de seu encontro
pessoal com Jesus. Todavia, não podemos esquecer que os subjugados – os
doentes mentais e os obsedados de todos os graus – que enxameavam a
estrada dos tempos apostólicos, eram também médiuns.
A LUZ NA MENTE . Como se dá o
"prolongamento" ou "diminuição" de encarnações? (ex.: uma
pessoa que tem que morrer aos 30 e morre aos 40)
Jorge
Hessen Dentre
outros aspectos, podemos dizer que (re)nascemos debaixo de uma prévia
programação para vivermos um período presumível de tempo de vida física na
Terra. Ante esses planos reencarnatórios, muitas vezes encurtamos o tempo
mínimo previsto através do mau comportamento (vícios, suicídio direto ou indireto) em
que exaurimos parte do quantum de fluido vital, responsável pela mantença
do arcabouço biológico. Há casos de modificação de planejamento espiritual em
que podemos ampliar a estada na carne, em face dos méritos adquiridos, seja na
ação no bem, na boa gestão da saúde física e mental, o que acarretará
interferência de um espírito especialista para que tal fenômeno ocorra.
A LUZ NA MENTE . Que informações temos acerca da
pré-história de acordo com o Espiritismo?
Jorge
Hessen Temos
excelentes dados sobre a formação da Terra nas obras A caminho da luz e Evolução em dois mundos. Pesquisadores
da Universidade de York descobriram que o homem de Neanderthal nutria
um grande sentimento de piedade. Para os arqueólogos, há cerca de 1,8 milhão de
anos atrás, o Homo erectus integrou o sentimento de compaixão com o
pensamento racional através de ações como cuidar dos doentes e dedicar atenção
especial aos mortos, demonstrando luto e desejo de suavizar o sofrimento
alheio.
Cremos
que as sepulturas datadas da era paleolítica comprovam já haver naquele período
uma crença na vida após a morte e no poder ou influência dos ancestrais sobre a
vida cotidiana do clã familiar.
Questão
instigante é como o primata se tornou hominídeo. A resposta é ainda
uma incógnita. Nunca foi encontrado o "elo perdido", a espécie
biológica que represente essa transição. “Pode-se dizer que, sob a influência e
por efeito da atividade intelectual de espíritos mais adiantados [que os
antropóides], o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades,
conservando a forma geral do conjunto. Melhorados os corpos, pela procriação,
deu-se origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo
primitivo, à proporção que o Espírito progrediu.
Allan
Kardec explica que desconhecemos a origem e o modo de criação dos Espíritos;
apenas sabemos que eles são criados simples e ignorantes, isto é, sem ciência e
sem conhecimento, porém perfectíveis e com igual aptidão para tudo adquirirem e
tudo conhecerem. O Espírito André Luiz argumenta que, para alcançar a idade da
razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o ser
automatizado em seus impulsos, no caminho para o reino angélico, despendeu nada
menos que um bilhão e meio de anos.
Muitas
das transformações que se verificaram no “homo” foram promovidas em suas
estruturas perispirituais, entre uma existência e outra (ou seja, no plano
espiritual). Os Espíritos construtores, sob a supervisão do Cristo, retocavam,
em vezes sucessivas, as formas perispiríticas, e essas alterações criariam o
campo magnético para as futuras mutações. Experiências múltiplas no patrimônio
genético dos nossos antepassados, coordenadas por geneticistas siderais, foram
modelando aquelas formas que deveriam persistir até os tempos atuais. A seleção
natural se incumbiria de fazer desaparecer as formas primitivas inaptas.
Conforme
afirma Emmanuel, atualmente a ciência procura os legítimos antepassados das
criaturas humanas nessa imensa vastidão da arena da evolução anímica. No
período terciário, sob a orientação das esferas espirituais, notavam-se algumas
raças de antropóides, no Plioceno inferior [de 5,3 milhões a 1,6 milhão de
anos]. Esses antropóides, antepassados do homem terrestre, e os ascendentes dos
símios que ainda existem no mundo, tiveram a sua evolução em pontos
convergentes, daí os parentescos sorológicos entre o organismo do homem moderno
e o do chimpanzé da atualidade.
Para o
autor de “Renúncia”, não houve propriamente uma "descida da árvore"
no início da evolução humana. “As forças espirituais que dirigem os fenômenos
terrestres, sob a orientação do Cristo, estabeleceram, na época da grande
maleabilidade dos elementos materiais, uma linhagem definitiva para todas as
espécies, dentro das quais o princípio espiritual encontraria o processo de seu
acrisolamento, em marcha para a racionalidade. Os antropóides das cavernas
espalharam-se então aos grupos pela superfície do globo, no curso vagaroso dos
séculos, sofrendo as influências do meio e formando os pródromos das raças
futuras em seus tipos diversificados; a realidade porém, é que as entidades
espirituais auxiliaram o homem do sílex, imprimindo-lhe novas expressões
biológicas.
Os
milênios correram o seu toldo de experiências drásticas sobre a fronte desses
seres de braços alongados e de pelos densos, até que um dia as hostes do
invisível operaram uma definitiva transição no corpo perispiritual preexistente
dos homens; surgem os primeiros selvagens de compleição melhorada, tendendo à
elegância dos tempos do porvir.
Elucida o
Espírito Emmanuel que há muitos milênios um dos orbes da Capela, que guarda
muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus
extraordinários ciclos evolutivos. Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá
existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas
conquistas daqueles povos cheios de piedade e virtudes, mas uma ação de
saneamento geral os alijaria daquela humanidade, que fizera jus à concórdia
perpétua, para a edificação dos seus elevados trabalhos.
As
grandes comunidades espirituais diretoras do Cosmos deliberam então localizar
aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui na Terra
longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu
ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionando, simultaneamente, o
progresso dos seus irmãos inferiores. Aqueles seres angustiados e aflitos
seriam degredados na face obscura do planeta terrestre; andariam desprezados na
noite dos milênios da saudade e da amargura; reencarnariam no seio das raças
ignorantes e primitivas, a lembrarem o paraíso perdido nos firmamentos
distantes.
A
Natureza ainda era, para os trabalhadores da espiritualidade, um campo vasto de
experiências infinitas; tanto assim que, se as observações do mendelismo fossem
transferidas àqueles milênios distantes, não se encontraria nenhuma equação
definitiva nos seus estudos de biologia. A moderna genética não poderia fixar,
como hoje, as expressões dos "genes", porquanto, no laboratório das
forças invisíveis, as células ainda sofriam longos processos de acrisolamento,
imprimindo-se-lhes elementos de astralidade, consolidando-se-lhes as expressões
definitivas, com vistas às organizações do porvir.
Apostam
os arqueólogos que no interregno de 500 mil e 40 mil anos, o sentimento evoluiu
e os primeiros seres humanos, como o Homo heidelbergensis e
o Neanderthal, já demonstravam compromisso com o bem-estar dos outros, o
que pode ser comprovado através de uma adolescência longa e a dependência em
caçar juntos. Cremos que não somos criações milagrosas, destinadas ao adorno de
um paraíso de papelão. Somos filhos de Deus e herdeiros dos séculos,
conquistando valores, de experiência em experiência, de milênio a
milênio." Com a conquista da razão aparecem o raciocínio, a lucidez, o
livre-arbítrio e o pensamento contínuo. Até então, o progresso tinha uma
orientação centrípeta [de fora para dentro]; o ser crescia pela força das
coisas, já que não tinha consciência de sua realidade, nem tampouco liberdade
de escolha. Ao entrar no reino hominal, o princípio inteligente – agora sim,
Espírito – está apto a dirigir a sua vida, a conquistar os seus valores pelo
esforço próprio, a iniciar uma evolução de orientação centrífuga [de dentro
para fora].
Mas a
conquista da inteligência é apenas o primeiro passo que o Espírito vai dar em
sua estada no reino hominal. Ele iniciou na valorosa luta para conquistar os
valores superiores da alma: a responsabilidade, a sensibilidade, a sublimação
das emoções, enfim, todos os condicionamentos que permitirão ao Espírito
alçar-se à comunidade dos Seres Angélicos. Os sonhos premonitórios, as visões
de Espíritos, a audição da voz dos mortos – inclusive nos fenômenos de voz
direta – e a materialização de Espíritos foram fatos concretos, que levaram o
homem primitivo à crença na continuação da vida após a morte. Diretamente dos
médiuns neandertalenses surgiram os feiticeiros, ancestrais dos sacerdotes de
todas as religiões.
Há um
princípio sofista atribuído a Protágoras: “O homem é a medida de todas as
coisas.". Mas uma medida, por assim dizer, afetiva, sem o controle da
razão. Por isso Herculano Pires afirma que “é pelo sentimento, e não pelo
raciocínio, que o homem primitivo humaniza o mundo.”. Destarte, ficam
ratificadas as teses científicas sobre o homem pré-histórico que integrou o
sentimento de compaixão na síntese do pensamento racional através de ações
efetivas para o outro semelhante.
A LUZ NA MENTE . Há alguma menção/explicação sobre
os "seres elementais" no Espiritismo?
Jorge
Hessen A questão
é complicada. Essa terminologia não está presente na codificação. Mas
o conceito existe, embora não tenha cunho místico ou oculto. Elemental vem de
espíritos dos elementos da natureza – são os seres inferiores começando a
trilhar o reino hominal, subordinados a espíritos mais experimentados. Estes
fazem o serviço mais pesado – executam parte dos fenômenos da natureza.
Não
localizamos a palavra "Elemental" no dicionário do Aurélio, e que
tampouco consta nas obras codificadas por Allan Kardec. Aliás, o Espírito São
Luís, na Revista Espírita do mês de março de 1860, empregou o termo
"elementar” ao invés de “Elemental”. O professor Rivail cita a palavra
"duende" referindo-se aos espíritos perturbadores, em duas
oportunidades. A primeira quando faz alusão ao duende de Bayonne, que apareceu
para sua irmã, provocando travessuras. Na segunda, descreve a experiência do
Sr. J. com alguns espíritos perturbadores, em sua residência. Mas em ambas as
oportunidades o Codificador os descreveu como espíritos perturbadores, sem no
entanto lhes conferir as propriedades que a crendice popular dá aos duendes e
elementais.
Nessa
abordagem teórica, não podemos adentrar pela porta larga das concepções
místicas, até porque a nomenclatura espírita é concisa e clara, e precisa estar
acima da imaginação popular, que concebe, geralmente, a mediunidade de maneira
mística, e quase sempre denominando esses seres de Silfos (elementais do ar),
Salamandras (elementais do fogo), Ondinas (elementais da água) e Gnomos
(elementais da terra).
Sabemos
que nas hostes espíritas existem muitas terminologias novas, que não estão
inscritas nas Obras Básicas. Todavia, no decorrer do século XX, foram sendo
incorporadas no dicionário kardeciano, a exemplo dos termos "colônias
espirituais”, “bioenergia”, “monoideísmo”, “ovóides", "umbral",
"vampirismo", "aura" etc. Expressões essas que, se não
foram utilizadas pelo Codificador, estavam de alguma forma implícitas nas
ideias, através de outras terminologias do século XIX.
O termo
"Elemental" é comumente empregado de forma esotérica, sobretudo na
cultura teosófica. Porém, André Luiz faz alusão à palavra referindo-se a entes
servidores comuns do reino vegetal, ou seja, espíritos da Natureza totalmente
estranhos à sua compreensão.
Algumas
obras espíritas complementares confirmam que os seres infra-humanos são os
"entes servidores da natureza”, executores dos fenômenos naturais. Segundo
o ilustre lionês, os Espíritos constituem a força inteligente da Natureza e
concorrem para a execução dos desígnios do Criador, que não criou seres intelectuais
perpetuamente destinados à inferioridade, uma vez que tudo na Natureza se
encadeia por elos que ainda não podemos apreender.
Os
Instrutores Espirituais intervêm na melhoria das formas evolutivas inferiores,
nas quais o princípio inteligente estagia. Em verdade, todos os campos da
Natureza contam com agentes da Sabedoria Divina para formação e expansão dos
valores evolutivos. A rigor, o espírito não chega à fase da razão sem
haver passado pela série divinamente necessária dos seres inferiores, entre
os quais se elabora lentamente a obra da sua individualização. Destarte, o
princípio inteligente, distinto do princípio material, se individualiza e se
elabora, passando pelo diversos graus da animalidade. É aí que a alma se ensaia
para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades.
Certa
vez, conhecendo uma colônia purgatorial de vasta expressão, André Luiz foi
informado sobre as milhares de criaturas “utilizadas nos serviços mais rudes da
natureza, que se movimentam naquelas regiões em posição infraterrestre. Talvez
essas entidades não habitem o interior da Terra, porém, “presidem aos fenômenos
geológicos e os dirigem de acordo com as atribuições que têm. Dia virá em que
receberemos a explicação de todos esses fenômenos e os compreenderemos melhor.
Na escala
da evolução, eles estariam entre a fase animal e hominal. Muitos esotéricos
acreditam que essas entidades são superiores ao homem, crença essa contrária
aos conceitos e conhecimentos espíritas. Para nós, esses seres situam-se entre
o raciocínio fragmentário do macacóide e a ideia simples do homem primitivo da
floresta.
No
Capítulo IX de O Livro dos Espíritos, questões 536 a 540, o mestre lionês fez
perguntas pertinentes sobre a ação dos espíritos nos fenômenos da natureza.
Compreendemos, assim, sobre a existência de "princípios inteligentes"
que auxiliam no controle dos fenômenos da natureza, sob a supervisão de
espíritos mais elevados, operando em nome de Deus, que “não exerce ação direta
sob a matéria”.
Não seria
justo dizer que os elementais não existem. A experiência, a tradição e a
própria Doutrina Espírita acolhem tais seres como realidade e não como mera
fantasia. Todavia, não podemos esquecer que o Espiritismo tem em seu
vocabulário os termos adequados para designar precisamente esses entes
espirituais. Razoável então não adotarmos palavras inadequadas e distorcidas
pelas crenças mitológicas.
A LUZ NA MENTE . Os espíritos influenciam os
fenômenos da natureza? (chuvas, tornados, tsunamis e etc)
Jorge
Hessen Sim! As
questões 536 e 539 do Livro dos Espíritos esclarecem o tema. Os espíritos
interferem nos fenômenos materiais e exercem certa influência sobre os
elementos para os agitar, acalmar ou dirigir a natureza. E nem poderia ser de
outro modo. Deus não exerce ação direta sobre a matéria. Ele encontra agentes
dedicados em todos os graus da escala dos mundos. A produção de certos
fenômenos, das tempestades, por exemplo, é obra de vários Espíritos que se
reúnem, formando grandes massas, para produzi-los. Óbvio que o assunto é bem
mais abrangente no Livro dos Espíritos.
A LUZ NA MENTE . Existe esporte no plano
espiritual? Os espíritos que encarnam como grandes atletas "treinam"
antes de encarnar?
Jorge
Hessen Não há
treinamento para competição esportiva nas colônias espirituais; ali as atividades
são voltadas para outros interesses. Não temos informes sobre as regiões mais
densas (umbral). Há silêncio de maiores notícias sobre essas paragens, portanto
não podemos comentar muito sem fontes seguras.
Considerando
a questão genética (hereditária) fisicamente falando, os treinamentos e
empenho, muitas vezes insanos, formam os grandes atletas que são
espíritos disciplinados. Muitos deles trazem largas experiências de vidas
passadas num ou noutro esporte e desenvolvem naturalmente os reflexos, a força
e outras habilidades na vida corporal e esses automatismos (treinamento) são
arquivados e podem permanecer como patrimônio individual para as próximas
existências, sobretudo se o espírito optar em continuar no esporte nas vidas
ulteriores, portanto tudo é herança, fruto da conquista no campo da disciplina
e isso vale para a cultura, o saber, a inteligência, a destreza musical etc.
Lembremos
que os materialistas fomentaram a prática do esporte em todas as suas
modalidades, visando os perigos possíveis, na excessiva acumulação de forças
nervosas [como são chamadas as secreções elétricas da pineal], e têm aconselhado aos
jovens o uso do remo, da bola, do salto, da barra, das corridas a pé etc.
Dizem que desse modo preservam-se os valores orgânicos, legítimos
e normais para as funções da hereditariedade. Emmanuel explica que a
medida, embora satisfaça em parte, é contudo incompleta e defeituosa.
Incontestavelmente, a ginástica e o exercício controlados são fatores valiosos
de saúde; a competição esportiva honesta é fundamento precioso de
socialização; no entanto, podem circunscrever-se a meras providências em
benefício dos ossos e, por vezes, degenera-se em elástico das paixões menos
dignas.
São muito
raros ainda, na Terra, os que reconhecem a necessidade de
preservação das energias psíquicas para engrandecimento do Espírito
eterno. O homem vive esquecido de que Jesus ensinou a virtude
como esporte da alma, e nem sempre se recorda de que, no problema
do aprimoramento interior, não se trata de retificar a sombra
da substância, e sim a substância em si mesma.
A LUZ NA MENTE . Existe idioma no plano
espiritual? Quando estamos no plano espiritual falamos todas as línguas?
Jorge
Hessen No capítulo 24 do Livro Nosso Lar lemos que, tal
como na Terra, os que se afinam perfeitamente entre si podem permutar
pensamentos sem as barreiras idiomáticas; mas de modo geral, não se pode
prescindir da forma. A humanidade terrestre,
constituída de milhões de seres, une-se à humanidade
invisível do planeta, que integra muitos bilhões de criaturas. Não seria,
portanto, possível atingir as zonas
aperfeiçoadas logo após a morte do corpo físico. Os patrimônios nacionais e
linguísticos remanescem no além, condicionados a fronteiras psíquicas. Isto é,
os desencarnados encontram no além a habitação, o utensílio e a linguagem
terrestres. Ressalte-se porém que falar todas as línguas não é necessário, pois
a linguagem universal é o pensamento. Mas para atingir esse
patamar é preciso crescer muito aqui e no
além.
A LUZ NA
MENTE . O
corpo de Cristo, que não foi encontrado por Maria de Madalena no sepulcro, qual
a sua opinião sobre esse assunto. Ocorreu a "desmaterialização" do corpo ? O
Cristo pode ter sido um "agênere" (Espírito apenas
materializado) ou será que o Corpo do Cristo era fluídico ?
Não tinha como nós o corpo físico e o espiritual ?
Jorge
Hessen Kardec analisa a questão dos agêneres no capítulo XIV e XV do livro A Gênese
e obviamente acompanho o pensamento do mestre lionês . Aprendemos com o Codificador
que Jesus não era um agênere. Ele tinha um molde (perispírito) do corpo físico o mais imaculado que admitimos.
O Seu psicossoma jamais poderia ser igual ao do homem comum, entretanto quanto
ao corpo físico era material numa
etapa e fluídico noutra, notemos:
Para
Kardec o desaparecimento do corpo de Jesus após sua morte há sido objeto de inúmeros comentários.
Atestam-no os quatro evangelistas, baseados nas narrativas das mulheres que
foram ao sepulcro no terceiro dia depois da crucificação e lá não o
encontraram. Viram alguns, nesse desaparecimento, um fato milagroso,
atribuindo-o outros a uma subtração clandestina. Segundo outra opinião, Jesus
não teria tido um corpo carnal, mas apenas um corpo fluídico; não teria sido, em toda a sua vida, mais do que uma aparição tangível;
numa palavra: uma espécie de agênere. Seu nascimento, sua morte e todos os atos
materiais de sua vida teriam sido apenas aparentes. Assim foi que, dizem, seu corpo, voltado
ao estado fluídico, pode desaparecer do sepulcro e com esse mesmo corpo é que ele
se teria mostrado depois de sua morte.
É fora de
dúvida que semelhante fato não se pode considerar radicalmente impossível,
dentro do que hoje se sabe acerca das propriedades dos fluidos; mas, seria,
pelo menos, inteiramente excepcional e em formal oposição ao caráter dos
agêneres, conforme assinala o item 36 do Cap. XIV. Trata-se, pois, de saber se tal hipótese é
admissível, se os fatos a confirmam ou contradizem.
Kardec
explica ainda que a estada de Jesus na Terra apresenta dois períodos: o
que precedeu e o que se seguiu à sua morte. No primeiro, desde o
momento da concepção até o nascimento, tudo, em
seus atos, na sua linguagem e nas diversas circunstâncias da sua vida
revela os caracteres inequívocos da corporeidade. São acidentais os fenômenos
de ordem psíquica que nele se produzem e nada têm de anômalos, pois que se
explicam pelas propriedades do perispírito e se dão, em graus diferentes,
noutros indivíduos.
Depois de
sua crucificação, ao contrário, tudo nele revela o ser fluídico. É tão
marcada a diferença entre os dois estados, que não podem
ser assimilados.
O corpo carnal
tem as propriedades inerentes à matéria propriamente dita,
propriedades que diferem essencialmente das dos fluidos etéreos; naquela, a
desorganização se opera pela ruptura da coesão molecular. Ao penetrar no corpo material,
um instrumento cortante lhe divide os tecidos; se os órgãos essenciais à
vida são atacados, cessa-lhes o funcionamento e sobrevém a morte, isto é, a do corpo. Não
existindo nos corpos fluídicos essa coesão, a vida aí já não repousa no jogo de órgãos
especiais e não se podem produzir desordens análogas àquelas. Um instrumento
cortante ou outro qualquer penetra num corpo fluídico como se
penetrasse numa massa de vapor, sem lhe ocasionar qualquer lesão. Tal a razão por que
não podem morrer os corpos dessa espécie e por que os seres fluídicos,
designados pelo nome de agêneres, não podem ser mortos.
Após o
suplício de Jesus, seu corpo se conservou inerte e sem vida; foi sepultado como o são de
ordinário os corpos e todos o puderam ver e tocar. Após
a sua ressurreição, quando quis deixar a Terra, não morreu de novo; seu corpo se
elevou, desvaneceu e desapareceu, sem deixar qualquer vestígio, prova
evidente de que aquele corpo era de natureza diversa da do que pereceu na cruz; donde forçoso é
concluir que, se foi possível que Jesus morresse, é que
carnal era o seu corpo.
Jesus,
pois, teve, como todo homem, um corpo carnal e um corpo fluídico, que é atestado pelos fenômenos materiais e pelos fenômenos psíquicos
que lhe assinalaram a existência.
.
A LUZ NA MENTE . Como se dá a materialização nas colônias
que se encontram em regiões umbralinas?
Jorge
Hessen Assunto
muito longo. Por “lá”, tudo é plasmado pela força magnética da irradiação mental
dos Benfeitores e pelo conjunto de suas virtudes
espirituais.
A LUZ NA MENTE . Como os espíritos menos
evoluídos possuem "força" e permissão para construir colônias
que têm a intenção de fazer o mal?
Jorge
Hessen Tais
seres não têm força nem permissão para construir “colônias”. Eles
vivem mergulhados nos tormentos das suas psicosferas densas. O que cometem são meros resultantes
da Lei dos fluidos. Eles vivem mergulhados nas faixas vibracionais das suas
próprias emanações psíquicas deletérias, e os ambientes que perpetram não podem
ser consideradas “colônias”, mas simplesmente gueto brumoso oriundo das suas
emanações psíquicas.
A LUZ NA MENTE . Há referências espíritas sobre
as civilizações mesoamericanas e sul-americanas (astecas, maias, incas)?
Jorge
Hessen A obra A
caminho da Luz faz referências que permitem conexões. Emmanuel lembra
no capítulo 9 que os vários povos e as grandes coletividades
que floresceram na América do Sul, então quase ligada à China pelas
extensões da Lemúria, e da América do Norte, que se ligava à Atlântida. As
grandes civilizações pré-históricas, que desabrocharam e desapareceram no
continente americano, de cujos cataclismos e arrasamentos ficaram ainda as
expressões interessantes dos incas e dos astecas que, como todos os outros
agrupamentos do mundo, receberam a palavra indireta do Senhor, na sua
marcha coletiva através de augustos caminhos.
A LUZ NA MENTE . O "anjo da guarda"
para o Espiritismo seria o "mentor espiritual"?
Jorge
Hessen Anjo da
guarda – expressão de fundo alegórico – é o espírito protetor que
temos. Protetor ou orientador são expressões mais adequadas. Mentor passa uma
ideia de espírito excessivamente mais
elevado que o assistido – na maioria das vezes não é o caso.
A LUZ NA MENTE . Ismael é o guia espiritual do
Brasil? Como são escolhidos os guias de cada pais?
Jorge
Hessen Sim,
é o governador espiritual do Brasil sob o ideal mais puro do lema Deus, Cristo e caridade.
Obviamente, os mentores de cada nação são eleitos pela qualidade
moral e intelectual, pelo compromisso com os objetivos nacionais, pela
vinculação cultural e histórica, pelo potencial de trabalho e de amor – quanto
mais importante a nação, mais evoluído o espírito que a governa.