Sofrimentos e doenças
são heranças de nós mesmos (Jorge Hessen)
Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com
Os
sofrimentos e as doenças compõem a lista das provas e das vicissitudes da vida
terrena e são inerentes à grosseria da natureza material da Terra e à
imperfeição moral do homem. Nos orbes mais avançados, física ou moralmente, o
organismo humano, mais depurado e menos material, não está sujeito às mesmas
enfermidades da Terra.
Sob o ponto de vista
espírita, analisamos as doenças usualmente como espelhos dos distúrbios
psicossomáticos. Tanto a medicina quanto a psicologia estão
percebendo que não existe separação na inter-relação da mente e do
corpo que transitam nos múltiplos contextos da vida social, familiar,
profissional e pessoal. Ademais, há, sem dúvida, distintas ocasiões em que as
“enfermidades” do corpo são convocadas para “curar” as ulcerações da “alma”.
“Mens sana in corpore
sano”, ou seja,
"mente sã num corpo são" é uma referência atribuída ao poeta romano
Juvenal. A intenção do autor foi lembrar àqueles dentre os cidadãos romanos que
faziam orações ingênuas, ao passo que tudo que se deveria pedir numa
oração era saúde física e espiritual. Podemos proferir que a frase de Juvenal é
uma afirmação de que somente uma mente sadia pode produzir ou sustentar um
corpo saudável.
É verdade! As células do
nosso organismo se alimentam do mesmo teor das nossas vontades, pensamentos e
desejos. Tudo que se passa na mente se passa no corpo. As doenças nascem não só
do descuido com o corpo, mas principalmente da negligência sobre a nossa forma
de pensar. A invasão microbiana comumente está vinculada a causas espirituais
que fragilizam a imunidade biológica; assim sendo, as doenças nascem
da mente desorganizada. E dentre os causadores de doenças estão a raiva, a
mágoa, as frustrações, o rancor, a inveja, o sentimento de culpa.
Nossas imperfeições morais
provocam naturalmente os sofrimentos e as moléstias do corpo físico. As emoções
malsãs atingem imediatamente o corpo físico, que serve como um dreno por onde
escoam essas potências negativas. Muitas vezes os acúmulos de emoções não
escoam, não fluem; ficam presos ao corpo físico e se manifestam em algum
órgão em forma de grave doença.
Somos livres para fazermos o
que quisermos, mas também somos os responsáveis pelos atos que originam
consequências naturais. Recebemos da vida aquilo que à vida oferecemos.
Colhemos o que plantamos, pois os nossos males morais são provocados por nós
mesmos; daí compete somente a nós modificá-los, a fim de que a doença não
se instale em nossa vida como teste compulsório contra os desvios de conduta.
Os mecanismos de causa e
efeito não têm caráter punitivo, mas educativo. Enquanto permanecermos na
imperfeição moral o sofrimento e as doenças serão reflexos naturais das nossas
livres escolhas, convidando-nos para as obrigações de esforços do
aperfeiçoamento espiritual a fim de refazermo-nos conosco mesmos.
Em resumo, ainda que sob o
tacão das provas e expiações, somos e sempre seremos herdeiros de nós
mesmos, pois encontramo-nos em processo de crescimento interior na busca da
auto iluminação, que é o destino do qual nenhum de nós consegue escapar.