A doença não pode ser instrumento de
punição (Jorge Hessen)
Jorge
Hessen
jorgehessen@gmail.com
Brasília/DF
Os órgãos do corpo
físico respondem a todos os estímulos (internos ou externos),
determinando um encadeamento de reações, além dos estímulos físicos que
impactam, através dos sentidos, as emoções ou sentimentos que também provocam
reações. Estas excitam ou bloqueiam os mecanismos de funcionamento. Em verdade,
o processo de preservação e deterioração de qualquer órgão tem uma relação
direta com as emoções e os sentimentos.
A cólera, a raiva, o
temor, a ansiedade, a depressão, o desgosto, a aflição, assim como todas
as emoções derivadas delas, sobrecarregam a economia saudável do corpo.
Há outros fatores emocionais que podem influenciar patologias físicas,
como relacionamentos afetivos infelizes, penúria econômica, desigualdade de
renda e estresse relacionado ao trabalho profissional. Quando estamos tristes e
depressivos por uma desilusão amorosa, ou quando estamos ansiosos e irritados
por causa de dívidas, também desenvolvemos enfermidades.
Mens sana in corpore sano ("uma mente sã num corpo
são") é uma célebre frase latina, proveniente da Sátira X do
poeta romano Juvenal. Nós somos o que sentimos. René Descartes
já dizia que somos aquilo que pensamos. Quando as nossas emoções são
reprimidas, elas acabam se constituindo na fonte de um conflito emocional
crônico, segundo Sigmund Freud, que gerará distúrbios físicos ou
psicológicos, se não forem aliviadas, mediante os canais fisiológicos competentes.
O
estresse é como um conjunto de reações fisiológicas produzidas pelo
nosso organismo para reagir e se adaptar às situações apresentadas no dia
a dia. O problema é que tais reações, psíquicas e orgânicas, podem
provocar um desequilíbrio no nosso organismo caso ocorram de forma
exagerada ou intensa, dependendo também do tempo de duração. Quanto mais durar
o estresse, obviamente a ruína será maior.
Adquirimos doenças
porque não conseguimos conviver em harmonia com o meio e com as pessoas ao
nosso redor. Enfermamos porque mantemos antipatias, inimizades, desgostos,
culpas, arrependimentos, ressentimentos, temores e frustrações que não queremos
superar. Por desconhecermos as nossas próprias emoções, muitas vezes desejamos
ocultá-las dos outros, e de nós mesmos, mormente os pensamentos e os
sentimentos egoísticos.
Cada doença, cada dor,
cada sofrimento, cada frustração, cada sintoma traz uma mensagem única e
exclusiva para nós e apenas para nós. Quando estivermos prontos
para abrigá-los e compreendermos o que elas querem nos dizer,
estaremos aptos a andar firmes pelo caminho do nosso aperfeiçoamento espiritual
que decisivamente passa pelas vias da nossa saúde moral.
Naturalmente, as nossas
doenças são advertências da vida para que venhamos a ter mais consciência de nós
mesmos e dos nossos compromissos na família, na natureza e na sociedade,
governando-nos pela vida caridosa, solidária e amorosa.
Precisamos ter
consciência de que doença e saúde são consequências das nossas livres escolhas
através das emoções ou sentimentos, e tal responsabilidade não pode ser
terceirizada. Além do quê, a doença não pode ser instrumento de
punição. Na verdade, deve ser um expediente de aprendizado, na sábia pedagogia
divina, convidando-nos ao exercício do amor