Jorge Hessen
Adolf Hitler, com todo seu carisma, não teria força suficiente para, sozinho, causar a Segunda Guerra Mundial. A rigor, nos momentos de grandes crises sociais, surgem “falsos profetas” oferecendo salvação. Não significa necessariamente que tais personagens sejam grandiosos, mas têm, mormente, qualidades de sedução. Um dos elementos de acesso de Hitler ao poder foi a sede de vingança do povo alemão contra os países vencedores da Primeira Guerra Mundial.
Anotamos também a influência de outras forças ocultas para explicar como o Führer, um indivíduo obsedado, excêntrico, desajustado mental em alto grau, chegou ao comando do Alemanha, em pleno coração da Europa. Como se explicaria, sem essa intervenção maciça de obsessores [encarnados e desencarnados], que um jovem fracassado, sem êxito, pobre, abandonado à sua sorte, rejeitado pela sociedade, tivesse conseguido montar o mais tenebroso instrumento de opressão que o mundo já conheceu?
As suas altissonantes revelações (provindas das trevas) ajudavam a cimentar a dependência carismática entre ele e o povo obsedado. Hitler era um médium pervertido, totalmente subjugado por falanges encarnadas e do além-tumba. Por mais irracionais que fossem as suas ordens, sempre houve alguém disposto a cumpri-las. Emanava um tipo de magnetismo tão estranho e hipnotizante que as pessoas acreditavam em qualquer coisa que pronunciasse. Transmitia mensagens exóticas, prometia que o Terceiro Reich seria um reinado de 1000 anos de fartura, poder e felicidade. Era uma marionete dos gênios das trevas que oferecia não opções de livre-arbítrio, mas uma tentadora visão milenarista, ilusória, oca, irracional e escravizante.
No livro Mein Kampf, de sua autoria (mancomunado com as sombras), Adolf Hitler divide os seres humanos em categorias com base na aparência física, estabelecendo ordens superiores e inferiores. No topo da qualificação está o homem germânico com sua pele clara, cabelos loiros e olhos azuis (ariano). Afirmava que o ariano é a forma suprema da raça humana. Sua filosofia de modo algum acreditava na igualdade de raças, por isso era obrigado a promover a elevação do mais forte e exigir a subordinação do mais fraco. Essa ideia seria compartilhada em diferentes graus por milhões de alemães e habitantes de países ocupados, que permaneceram em silêncio ou participaram do sistema.
O poder carismático, conforme explica Marx Weber, dependente das qualidades inerentes a um indivíduo e repousa numa qualidade excêntrica e arbitrária. Por isso o caráter durável, excêntrico e individualista de poder carismático deve ser regulado se se deseja estabelecer um sistema mais estável dentro de uma comunidade. A intransigência obsessiva ostentada por reformadores sociais que se julgam iluminados pela graça divina, e que por isso pensam possuir um conjunto de qualidades em liderança política, tidas como excepcionais ou sobrenaturais, levam ao fanatismo popular.
Aqueles que dizem ter o poder de carisma são o que Jesus chamou de falsos profetas (médiuns das sombras). A História demonstra isso. A obsessão tem sido a doença de todos os séculos. O surto de aparecimento dos fenômenos mediúnicos destrambelhados é o efeito natural da maior incidência dos Espíritos malignos sobre os homens. Hitler construiu para si a imagem de ser o escolhido, no sentido teológico da palavra. A insistência dele em possuir um poder e um mistério quase do outro mundo tinha um grande apelo, o que lhe deu a sensação de ser de fato o salvador.
A mediunidade luminosa foi um magnífico elemento nas vidas de Francisco de Assis, Mahatma Gandhi e Chico Xavier, mas a mediunidade trevosa por outro lado assomou os meandros do psiquismo de Adolf Hitler, um frequentador do grupo mediúnico de Tullis, no início do século XX, em Berlim. Ele sabia muito bem da sua condição de instrumento dos invisíveis. “Numa entrevista à imprensa, documentou claramente esse pensamento ao dizer: “movimento-me como um sonâmbulo, tal como me ordena a Providência”. Havia nele súbitas e tempestuosas mudanças de atitude. De uma placidez fria e meditativa, explodia, de repente, em cólera, pronunciando, alucinadamente, uma torrente de palavras, com emoção e impacto, especialmente quando a conversa enveredava pelos temas políticos e raciais.”. (1)
A sociedade precisa estar atenta a essas investidas, pois é muito apurada a técnica da infiltração das trevas. O lobo adere ao rebanho sob a pele do manso cordeiro; ele não pode dizer que vem destruir, nem pode apresentar-se como inimigo; tem de aparecer com um gesto sedutor, atitude de salvador, herói, um desejo de servir até a morte, sem restrições.
A sugestão pós-hipnótica tem sido até hoje muito bem aplicada por obsessores altamente treinados na técnica da manipulação da mente humana individual e coletiva. Hitler entrou para a História como a encarnação da maldade, o inventor do holocausto, o marco de um dos regimes mais apavorantes já experimentados pela humanidade. Sua personalidade tem oferecido inexaurível fonte de implicações para as mais variadas abordagens temáticas.
Muitas vezes, esses representantes das trevas nem têm ciência exata que estão servindo de utensílios aos entes sinistros das sombras. Cremos que Adolf Hitler e vários dos seus sequazes desempenharam terrível papel na tática geral de fundação do reino das trevas na Terra, num trabalho colossal que, obviamente, tem a marca pujante do Anticristo, consoante mencionou o apóstolo João (2).
Notas:
(1) Texto de Hermínio C. Miranda publicado no Reformador de Março de 1976.
(2) 1João2:18