Jorge Hessen
O papa Francisco (*) é, sem dúvida, um aguerrido e alumiado proletário de Jesus. O portal “Mundo História”, da Espanha, divulgou uma preleção poderosa do “Santo papa” que está ecoando em todo o mundo católico. Dentre outras lúcidas declarações, destacamos: “não há fogo no inferno, Adão e Eva não são reais” (1). Os postulados doutrinários que afrontam a razão e a natureza excelsa de Deus, mantidos pela Igreja romana, estão sendo reavaliados pelo brilhante Sumo Sacerdote.
Diz o papa que “a igreja já não acredita em um inferno literal, onde as pessoas sofrem. Essa doutrina é incompatível com o amor infinito de Deus. Deus não é um juiz, mas um amigo e um amante da humanidade. Deus nos procura não para condenar, mas para abraçar”. Afiança Francisco o seguinte: “como a história de Adão e Eva, nós vemos o inferno como um artifício literário. O inferno é só uma metáfora da alma exilada, que, como todas as almas em última análise, estão unidos no amor com Deus.”. (2)
Nos últimos meses, os cardeais, bispos e teólogos católicos têm debatido na Cidade do Vaticanosobre o futuro da Igreja e da redefinição das doutrinas católicas e seus dogmas. Para Francisco, “a verdade religiosa evolui e muda. A verdade não é absoluta ou imutável. Deus habita em nós e em nossos corações.”. (3)
Afirmou o Pontífice que “algumas passagens da Bíblia estão desatualizadas”, lembrando que algumas “passagens bíblicas induzem para intolerância ou julgamento.” (4) E com base em nossa nova compreensão teológica, o papa ainda diz que é importante abrir as portas para as mulheres, ordená-las como cardeais, bispas e sacerdotes. E tem esperança que um dia um papa feminino não permita que qualquer porta que está aberta para um homem seja fechada para uma mulher.”. (5) Como diz o jargão italiano ” se non é vero…é ben trovato” ou seja ”se não é verdade, foi muito bem contado”.
Nossa razão se recusa a alcançar a lógica de uma pessoa com adequada formação acadêmica, teológica etc., doutores, enfim, que acreditem em dogmas. Certo dia, andando pelas ruas de Brasília, por curiosidade, parei diante de um cartaz, afixado em um ponto de ônibus, com o seguinte aviso: ALMAS PERDIDAS E TORTURADAS PARA SEMPRE O INFERNO EM CHAMAS, 11.000 GRAUS CENTÍGRADOS E NEM UMA SÓ GOTA D’ÁGUA. O anúncio divulgava um filme que seria exibido numa igreja local. Era um documentário produzido por uma instituição norte-americana registrando “exatamente” como era o Inferno. Pasme!…
O Espiritismo é concessão divina para que enfrentemos as comoções provocadas pelas teologias caducas. As doutrinas que defendem a tese do Inferno (penas eternas), Céu (salvação), Adão, Eva etc., difundem germens danosos contra a emoção e a razão do homem. Acreditar que o “bonzinho” vá viver por toda a eternidade de contemplação, à espera do Céu beatífico, é conceber uma vida fastidiosa, após a morte. Houve época em que a crença mais comum era a de que havia sete céus – daí a expressão “estar no sétimo céu” para exprimir a perfeita felicidade. Os muçulmanos admitem nove céus, enquanto que o astrônomo Ptolomeu, que viveu em Alexandria, no século II, contava onze céus, e a teologia romana admite três céus.
Graças a Nicolau Copérnico, no século XV, foi dado um grande passo em direção à moderna Astronomia, destruindo as teorias geocêntricas ptolomaicas. No século XVI, Kepler, em sua obra intitulada Mistério Cosmográfico, seguindo o sistema de Copérnico, descobre a verdadeira órbita dos planetas. Galileu, com as pesquisas de Kepler, criou a mentalidade da Cosmografia Científica, abrindo espaço para a síntese newtoniana – base de toda a teoria astronômica. Isaac Newton, no século XVII, aplicou os princípios da mecânica aos fenômenos celestes, e pelas leis de Kepler deduziu a lei da Gravidade Universal, afirmando que quanto maior o corpo, menor a sua queda. Graças a isso é que se dá o equilíbrio entre os astros.
Hoje, a Ciência tenta explicar com segurança a formação das galáxias, das estrelas. Temos conhecimento de que existem cem bilhões de sóis na Via Láctea, e mais de cem milhões de galáxias configurando os planos do Universo de Deus, desafiando a inteligência humana.
O famigerado cartaz dos “11.000 GRAUS CENTÍGRADOS E NEM UMA SÓ GOTA D’ÁGUA” é a entronização do inferno, dramatizado pelos escritores Virgílio e Homero na Grécia antiga, que acabou sendo o modelo do gênero e se perpetuou no seio cristão, onde teve os seus poetas plagiadores. Ambos têm o fogo material por base de tormento, porém, como sempre, a mitologia cristã exagerou na imagem do inferno. Se os pagãos tinham como suplícios individuais os tonéis das Danaides, a roda de Íxion e o rochedo de Sísifo, os cristãos têm para todos, sem distinção, as caldeiras ferventes. Kardec comenta um sermão pregado em Montpillier em 1860, em que o sacerdote citou: “caldeiras que os anjos levantam o tampo para assistirem os tormentos dos condenados sem remissão e Deus ouve-lhes os gemidos para toda a eternidade”.
As tradições de diversos povos registram a crença em castigos para os maus e recompensa para os bons na vida além-túmulo, de conformidade com suas obras durante a vida terrena. Todavia, a tese que se fundamenta na existência de um inferno e na eternidade das penas não resiste àanálise objetiva. O fogo eterno é somente uma figura de que o homem se utilizou para materializar a ideia do inferno, por considerar o fogo o suplício mais atroz e mais efetivo para punir almas pecadoras. O homem do século XXI não vê sentido lógico nessa tese.
Jesus Se utilizou da figura do inferno e do fogo eterno para Se colocar ao alcance da compreensão dos homens daquela época. Valeu-Se de imagens fortes para impressionar a imaginação de homens que pouco entendiam sobre coisas do espírito. Em muitas outras oportunidades, Ele enfatizou que o Pai é misericordioso e bom, e que todos que Deus Lhe confiara, nenhum se perderia.
A Justiça Divina não se manifesta para punir, mas para redirecionar ao bem aquele que se desviou do caminho reto. Deus criou os seres para que progridam, continuamente. Essa evolução se produz pelas diversas experiências, boas e más, e o que nos serve de consolação é saber que o sofrimento não é eterno, como o mal também não é.
No Universo de Deus não há lugar reservado para o inferno eterno, muito menos para o inferno em chamas. André Luiz nos fala, sim, sobre o Umbral, onde vivem seres inferiores em evolução, mas que esse lugar não se assemelha ao inferno na tradicional acepção teológica. No Umbral, os seres que lá se agrupam estão sujeitos também à lei do progresso, pois graças aos mecanismos da reencarnação, todos vão se ajustando gradualmente às Leis de Deus.
Diz o papa que “a igreja já não acredita em um inferno literal, onde as pessoas sofrem. Essa doutrina é incompatível com o amor infinito de Deus. Deus não é um juiz, mas um amigo e um amante da humanidade. Deus nos procura não para condenar, mas para abraçar”. Afiança Francisco o seguinte: “como a história de Adão e Eva, nós vemos o inferno como um artifício literário. O inferno é só uma metáfora da alma exilada, que, como todas as almas em última análise, estão unidos no amor com Deus.”. (2)
Nos últimos meses, os cardeais, bispos e teólogos católicos têm debatido na Cidade do Vaticanosobre o futuro da Igreja e da redefinição das doutrinas católicas e seus dogmas. Para Francisco, “a verdade religiosa evolui e muda. A verdade não é absoluta ou imutável. Deus habita em nós e em nossos corações.”. (3)
Afirmou o Pontífice que “algumas passagens da Bíblia estão desatualizadas”, lembrando que algumas “passagens bíblicas induzem para intolerância ou julgamento.” (4) E com base em nossa nova compreensão teológica, o papa ainda diz que é importante abrir as portas para as mulheres, ordená-las como cardeais, bispas e sacerdotes. E tem esperança que um dia um papa feminino não permita que qualquer porta que está aberta para um homem seja fechada para uma mulher.”. (5) Como diz o jargão italiano ” se non é vero…é ben trovato” ou seja ”se não é verdade, foi muito bem contado”.
Nossa razão se recusa a alcançar a lógica de uma pessoa com adequada formação acadêmica, teológica etc., doutores, enfim, que acreditem em dogmas. Certo dia, andando pelas ruas de Brasília, por curiosidade, parei diante de um cartaz, afixado em um ponto de ônibus, com o seguinte aviso: ALMAS PERDIDAS E TORTURADAS PARA SEMPRE O INFERNO EM CHAMAS, 11.000 GRAUS CENTÍGRADOS E NEM UMA SÓ GOTA D’ÁGUA. O anúncio divulgava um filme que seria exibido numa igreja local. Era um documentário produzido por uma instituição norte-americana registrando “exatamente” como era o Inferno. Pasme!…
O Espiritismo é concessão divina para que enfrentemos as comoções provocadas pelas teologias caducas. As doutrinas que defendem a tese do Inferno (penas eternas), Céu (salvação), Adão, Eva etc., difundem germens danosos contra a emoção e a razão do homem. Acreditar que o “bonzinho” vá viver por toda a eternidade de contemplação, à espera do Céu beatífico, é conceber uma vida fastidiosa, após a morte. Houve época em que a crença mais comum era a de que havia sete céus – daí a expressão “estar no sétimo céu” para exprimir a perfeita felicidade. Os muçulmanos admitem nove céus, enquanto que o astrônomo Ptolomeu, que viveu em Alexandria, no século II, contava onze céus, e a teologia romana admite três céus.
Graças a Nicolau Copérnico, no século XV, foi dado um grande passo em direção à moderna Astronomia, destruindo as teorias geocêntricas ptolomaicas. No século XVI, Kepler, em sua obra intitulada Mistério Cosmográfico, seguindo o sistema de Copérnico, descobre a verdadeira órbita dos planetas. Galileu, com as pesquisas de Kepler, criou a mentalidade da Cosmografia Científica, abrindo espaço para a síntese newtoniana – base de toda a teoria astronômica. Isaac Newton, no século XVII, aplicou os princípios da mecânica aos fenômenos celestes, e pelas leis de Kepler deduziu a lei da Gravidade Universal, afirmando que quanto maior o corpo, menor a sua queda. Graças a isso é que se dá o equilíbrio entre os astros.
Hoje, a Ciência tenta explicar com segurança a formação das galáxias, das estrelas. Temos conhecimento de que existem cem bilhões de sóis na Via Láctea, e mais de cem milhões de galáxias configurando os planos do Universo de Deus, desafiando a inteligência humana.
O famigerado cartaz dos “11.000 GRAUS CENTÍGRADOS E NEM UMA SÓ GOTA D’ÁGUA” é a entronização do inferno, dramatizado pelos escritores Virgílio e Homero na Grécia antiga, que acabou sendo o modelo do gênero e se perpetuou no seio cristão, onde teve os seus poetas plagiadores. Ambos têm o fogo material por base de tormento, porém, como sempre, a mitologia cristã exagerou na imagem do inferno. Se os pagãos tinham como suplícios individuais os tonéis das Danaides, a roda de Íxion e o rochedo de Sísifo, os cristãos têm para todos, sem distinção, as caldeiras ferventes. Kardec comenta um sermão pregado em Montpillier em 1860, em que o sacerdote citou: “caldeiras que os anjos levantam o tampo para assistirem os tormentos dos condenados sem remissão e Deus ouve-lhes os gemidos para toda a eternidade”.
As tradições de diversos povos registram a crença em castigos para os maus e recompensa para os bons na vida além-túmulo, de conformidade com suas obras durante a vida terrena. Todavia, a tese que se fundamenta na existência de um inferno e na eternidade das penas não resiste àanálise objetiva. O fogo eterno é somente uma figura de que o homem se utilizou para materializar a ideia do inferno, por considerar o fogo o suplício mais atroz e mais efetivo para punir almas pecadoras. O homem do século XXI não vê sentido lógico nessa tese.
Jesus Se utilizou da figura do inferno e do fogo eterno para Se colocar ao alcance da compreensão dos homens daquela época. Valeu-Se de imagens fortes para impressionar a imaginação de homens que pouco entendiam sobre coisas do espírito. Em muitas outras oportunidades, Ele enfatizou que o Pai é misericordioso e bom, e que todos que Deus Lhe confiara, nenhum se perderia.
A Justiça Divina não se manifesta para punir, mas para redirecionar ao bem aquele que se desviou do caminho reto. Deus criou os seres para que progridam, continuamente. Essa evolução se produz pelas diversas experiências, boas e más, e o que nos serve de consolação é saber que o sofrimento não é eterno, como o mal também não é.
No Universo de Deus não há lugar reservado para o inferno eterno, muito menos para o inferno em chamas. André Luiz nos fala, sim, sobre o Umbral, onde vivem seres inferiores em evolução, mas que esse lugar não se assemelha ao inferno na tradicional acepção teológica. No Umbral, os seres que lá se agrupam estão sujeitos também à lei do progresso, pois graças aos mecanismos da reencarnação, todos vão se ajustando gradualmente às Leis de Deus.
Tornando a citar o empenho do brioso papa, lembremos que ele já revelou outras opiniões polêmicas que a própria Cúria logo desmentiu. As afirmações que citamos acima atribuídas a ele, parece que foram inventadas de forma satírica, o que não invalida a abordagem da temática sob o enfoque espírita.
Papas progressistas sempre foram problemas para o Vaticano. Na obra A Caminho da Luz Emmanuel narra sobre o papa Clemente XIV, quando tentou extinguir a Companhia de Jesus, em 1773, com o seu breve “Dominus ac Redemptor”. Exclamava desolado:” “Assino minha sentença de morte, mas obedeço à minha consciência”. Com efeito, em setembro de 1774, o grande pontífice entregava a alma a Deus, em meio dos mais horrorosos padecimentos, vitimado por um veneno que lhe apodreceu lentamente o corpo.” (6)
Papas progressistas sempre foram problemas para o Vaticano. Na obra A Caminho da Luz Emmanuel narra sobre o papa Clemente XIV, quando tentou extinguir a Companhia de Jesus, em 1773, com o seu breve “Dominus ac Redemptor”. Exclamava desolado:” “Assino minha sentença de morte, mas obedeço à minha consciência”. Com efeito, em setembro de 1774, o grande pontífice entregava a alma a Deus, em meio dos mais horrorosos padecimentos, vitimado por um veneno que lhe apodreceu lentamente o corpo.” (6)
Estão muito nítidas as ameaças contra Francisco e não é à toa que ele tem implorado orações para sua alma, seguramente por ter consciência de que é “UM ESTRANHO NO NINHO”, e está sob a mira de uma falange de chefes das trevas (encarnados e desencarnados) que estão engendrando fórmulas letais (peçonhas) para expulsá-lo do corpo físico, trucidá-lo, precisamente como fizeram com os papas Clemente XIV e João Paulo I. Alguém duvida? Oremos pois, pelo papa mais inteligente da história da igreja romana.
Jorge Hessen
(*) Boff explica no “Jornal do Comércio” de 24 março de 2014 link http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=157392
J.C. Que avaliação o senhor faz do Papa Francisco?
Leonardo Boff – O Papa Francisco está restituindo o rosto humano da Igreja, está cobrando uma nova postura dos católicos. Somos herdeiros de dois pontificados que viam a Igreja como um castelo fechado que lutava contra a modernidade. Este Papa está dizendo que a Igreja é uma casa aberta: quem está dentro sai e quem está fora entra; não tem nenhum guarda para cobrar pedágio, não importa se a pessoa está moralmente abalada, se está casada, se crê ou não crê nos dogmas… Ele diz que, se é pessoa humana, tem que ser acolhida. Isso é revolucionário. Ele volta ao cristianismo das origens. E é justamente esse cristianismo que atrai as pessoas, porque é humano. A maior revolução dele não foi fazer a reforma da cúria, foi fazer a reforma do papado. Normalmente, o papado já tem um figurino pronto e, se você é eleito, entra no figurino, tornando-se um símbolo de poder, chefe de Estado… Mas o Papa Francisco obrigou o papado a assumir o figurino dele: um Papa que mora na casa de hóspedes e que come na fila do refeitório. Ele não se autointitula Papa, chama a si mesmo de bispo de Roma, e diz que ele e todos os padres têm que estar no meio do povo. É um Papa que não quer o poder e não se sente chefe de Estado. Também não quer governar de forma monárquica, quer fazê-lo com um grupo de cardeais. Insinuou inclusive que vai incluir mulheres na tomada de decisões da Igreja. Isso é absolutamente inédito. Talvez, só um Papa do fim do mundo, e não da velha cristandade europeia, tivesse coragem de dizer essas coisas. Este Papa é a expressão latino-americana do cristianismo. Então, a importância dele não é só religiosa, é fundamentalmente política.
Referências:
(1) Foi recentemente nomeado o “Homem do Ano” pela revista “TIME”
(2) Tradução livre do site espanhol “Mundo História”, conforme link http://www.mundohistoria.org/temas_foro/religi-n-filosofia-pensamiento/no-hay-fuego-infierno-ad-n-eva-no-son-reales-expone-papa-f acesso 04/02/2014
(3) Idem
(4) Idem
(5) Idem
(6) Xavier, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, ditado pelo Espírito Emmanuel, cap. XX, Publicação original em 1939 pela: Editora FEB ,www.febnet.org.br, Versão digital em 2011 – Brasil , acesso em 4/02/2014
(1) Foi recentemente nomeado o “Homem do Ano” pela revista “TIME”
(2) Tradução livre do site espanhol “Mundo História”, conforme link http://www.mundohistoria.org/temas_foro/religi-n-filosofia-pensamiento/no-hay-fuego-infierno-ad-n-eva-no-son-reales-expone-papa-f acesso 04/02/2014
(3) Idem
(4) Idem
(5) Idem
(6) Xavier, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, ditado pelo Espírito Emmanuel, cap. XX, Publicação original em 1939 pela: Editora FEB ,www.febnet.org.br, Versão digital em 2011 – Brasil , acesso em 4/02/2014