Jorge Hessen
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A incompreensão das Leis de Deus, inscritas na consciência humana, possibilita as neuroses diante dos noticiários execráveis que as mídias divulgam e destacam diariamente. São agressões, assaltos, homicídios, corrupção, impunidade, impondo a fuga dos incautos do convívio social. Pessoas que se escondem nas suas residências, abdicando de compartilhar da alegria, do sorriso, do amor. Seres que não alcançam entender que o dia-a-dia não é somente um aglomerado de eventos trágicos. Não! O amor do Todo-Poderoso sustenta nossas vidas e a estrutura do Universo. Lembremo-nos Dele, expõe Emmanuel: “para que saibamos agradecer os talentos da vida, abraçando o próprio dever como sendo a expressão de Sua Divina Vontade e encontraremos a força verdadeira de nossa fé, a erguer-nos das obscuridades e problemas da Terra para a rota de luz.”. (1)
Sim! Rota de luz porque o Altíssimo é um dos princípios mais ancestrais e inexauríveis do patrimônio cultural da humanidade. Ao longo dos milênios, Deus tem sido objeto dicotômico entre a fé e razão, de medo ou de amor; todavia para o Criador se conduzem as atenções humanas, não só para afirmar a Sua existência, como para denegá-Lo. Voltaire dizia que "se Deus não existisse, então seria necessário inventá-lo (...) até porque creio no Deus que criou os homens, e não no Deus que os homens criaram.". (2)
René Descartes, na essência da sua vigília racionalista, expõe Deus através da razão. Blaise Pascal, por outro lado, fala-nos que só podemos reconhecer Deus através da Fé. A divisão entre fé e razão sempre existiu ao longo do processo histórico. Compreender o Onipotente pela razão é uma atitude substancialmente filosófica, enquanto que aceitar o Todo-Poderoso pela fé é uma atitude predominantemente religiosa. Para nós, espíritas, “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”. (3)
A rigor, encontramos Deus em nossas cogitações mais íntimas. Quer sejamos crédulos, quer agnósticos, estamos continuamente procurando transcender rumo a metas cada vez mais desafiadoras, embora que jamais inteiramente alcançáveis no infinito. Em Deus não há bifurcações. Deus é Absoluto, é Infinito, é Onipotente, é Onisciente, é Único. O filósofo Baruch Spinoza pronunciou certa vez que não necessitamos orar nos santuários pétreos, lúgubres e obscuros erigidos pelas mãos humanas que cremos ser a Sua Morada. Até porque a casa do Altíssimo está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Ele está e expressa o amor pela humanidade. Deus não está nos livros. O que adianta ficarmos lendo supostas escrituras sagradas se não sabemos ler Suas Leis num amanhecer, num por do Sol, numa paisagem, no olhar dos amigos, nos olhos dos filhinhos. Não encontraremos Deus em nenhum livro! Por essas e outras razões, Albert Einstein, quando perguntado se acreditava em Deus, respondeu: “Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus teológico”.(4)
Confiemos no Altíssimo; confiemos na vida; confiemos no amor; não tenhamos medo de amar. Entretanto, não cultivemos um amor possessivo. Amemos pelo encanto de amar, e mesmo que nos machuquemos, terá valido a pena. Aprendamos a partilhar o amor. Mas como podemos decompô-lo? Comecemos olhando no fundo dos olhos do nosso filho (independente da idade dele), e digamos: Eu o amo! Façamos o mesmo com o nosso consorte, com nossos pais, avós, irmãos. Quantos pais e mães que cingem ao peito os próprios filhos portadores de necessidades especiais, que não sabem articular palavras, que salivam abundantemente nas suas roupas, mas exclamam o excelso amor para ele: “Minha joia, meu tesouro! Vida da minha vida!”.
Há os que agradecem ao Criador convertendo a infecundidade da terra em sossegado, tranquilo e alegre jardim; plantam e colhem e idealizam milhões de buquês de flores. Outros compõem melodias, improvisam poemas, criam leis, varrem os logradouros públicos, constroem casas. E sempre quando trabalhamos sob a inspiração de Deus, o céu, a terra e o ar se enriquecem de sublimados êxtases, tudo se expande e se alegra no Universo – oceanos musicalizam suas águas no "fluxo e refluxo" das marés, cachoeiras se arremessam das altitudes orvalhando encostas majestosas no silencioso e nobre gigantismo das montanhas; as soberbas árvores se curvam em suave reverência às plantinhas delicadas e aos quase imperceptíveis arbustos tênues, abarcando o altar da natureza, exaltando a Grandiosa Criação.
Por tudo isso, guardemo-nos em Deus e exoremos ao Mestre Galileu, Seu Venerado Emissário, para que acuda-nos na absorção dos eflúvios do amor e da bênção da Paz. Ajoelhemo-nos, em espírito, para rogar aos Benfeitores Espirituais não nos permitam a desesperança, em face do desamor de alguns, afim de que possamos, no derradeiro instante do testemunho, ver, sentir, oscular a face Augusta do Senhor, refletida, no curso de milênios, na Vida e na Obra de Jesus Cristo.
Referências bibliográficas:
1 - Xavier, Francisco Cândido e Vieira, Waldo. O espírito da verdade, ditado por Espíritos diversos, Cap. 19– Guarda-te em Deus (Emmanuel), Rio de Janeiro: Editora FEB, 1962
2 - Disponível em http://pt.wikiquote.org/wiki/Voltaire, acessado em 24/02/2013
3 - Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2001, perg 1
4 - Citado em Golgher, I. O Universo Físico e humano e Albert Einstein, B.H: Oficina de Livros, 1991, p. 304