Jorge Hessen
Sob o ponto de
vista espírita, as enfermidades se apresentam provenientes de duas fontes
distintas: as de causa física e as de origem espiritual. Sob o aspecto físico,
a matriz das moléstias jaz na alteração da organização material, gerada por
causas advindas do ambiente onde a pessoa se encontra (re)encarnada. Exemplo: agressões,
acidentes, contaminações bacterianas e virais etc. Na segunda hipótese, a
doença sobrevém por incrustação de magnetismo deletério no perispírito,
resultante de desvios morais. Por sua vez, o corpo perispiritual (molde do
corpo físico) imprime os reflexos dessa desordem na estrutura do corpo carnal,
debilitando-o ou provocando doenças. Há, por conseguinte, uma interação direta
entre alma/corpo e vice e versa.
Recentemente o
britânico George Hudspeth, portador de problemática visual incurável, tornou a
enxergar após “dialogar” com a imagem fotográfica da esposa falecida. O que tem
a ver isso com o tema? Muita coisa!
O “caso Hudspeth” surpreendeu
os médicos deixando-os assombrados diante da enigmática cura. Em verdade, quando
são saradas as doenças tidas como “incuráveis”, desafiando os juízos médicos, quase
sempre são catalogáveis no rol dos prodígios casuais ou “milagre”. Todavia, nos
fenômenos da vida tudo tem uma lógica causal. O “acaso” e o “milagre” não têm
vínculos com as propostas espíritas e muito menos com as leis de Deus.
Possivelmente a
ingênua e carinhosa recordação da esposa favoreceu ao viúvo entrar em sintonia com
médicos do “além”. Nesse caso, seria admissível que os clínicos espirituais, após
avaliarem o gráfico “cármico” do doente, intercedessem recuperando
instantaneamente a visão de Hudspeth, através de procedimentos que a ciência
médica de “cá” desconhece.
Conquanto
diagnosticado como portador de doença visual “incurável”, a recuperação de
Hudspeth pode ser esclarecida através de cabível intervenção espiritual, sopesando,
obviamente, o merecimento do mesmo. Sabemos que nos círculos espirituais
próximos da Terra ocorrem atividades médicas similares às que se observam nos
hospitais terrenos. No “além”, os especialistas da medicina adentram, com mais
segurança na história do enfermo para observar as raízes da enfermidade. A
rigor, é na mente que jaz a exata causa das doenças. Sim! Somos herdeiros de
nossas ações pretéritas, tanto boas quanto malignas. O “carma” ou "conta
do destino criada por nós mesmos" está gravado no corpo que Kardec chamou
de perispírito, ou corpo celeste segundo Paulo;
ou túnica nupcial conforme ensinou Jesus; ou corpo bioplasmático para os ex-soviéticos;
ou corpo astral na Teosofia; ou modelo organizador biológico designado por
Hernani Guimarães Andrade.
Os procedimentos
adotados por médicos desencarnados estribam-se em anamnese muito mais ampla e
completa do que a realizada frequentemente “cá” no orbe físico. Fazem parte
dela o mapa de identificação completo do paciente que engloba a sua biografia
atual, a ficha cármica e a projeção individual de recordações, bem como a
apostila dos complexos de culpa; a apreciação dos membros da família; a
anamnese psicológica minudenciada, complementada pelo check-up mental, que é a
competência do especialista proceder a “leitura e interpretação” dos
pensamentos, pela simples observação visual do cérebro [transcendente] em
funcionamento.
Portanto, no
“além” os exames podem determinar a reversibilidade ou irreversibilidade da
enfermidade. Normalmente isso ocorre previamente à reencarnação, motivo por que
numerosos doentes são tratáveis, mas somente curáveis mediante internações (longas
ou curtas) no campo físico, a fim de que as causas profundas do mal sejam
extirpadas da mente pelo contato direto com as lutas em que se configuram.
No futuro, quando a
maioria dos homens compreenderem a vida fora das dimensões físicas, todos e
quaisquer fenômenos, por enquanto inexplicáveis, principalmente de “cura”, não
mais serão tratados como surpreendentes ou “sobrenaturais”. Em verdade, há meios
de intercâmbio entre o “Céu e a Terra” que a improfícua ciência acadêmica ainda
não tem estatura satisfatória para abranger. Infelizmente, ainda são rechaçadas
as evidências científicas do Mundo Espiritual, constatadas em pesquisas
realizadas por cientistas do porte de William Crookes, Alfred Russel Wallace,
Oliver Lodge, Aksakof, Ernesto Bozzano, além de outros, que não deixam dúvidas
de que as energias do universo podem ser aplicada a todas as dimensões ou
escalas, que se desdobram no espaço e no tempo, unindo os campos físico e extrafísico
em uma só rede ou totalidade integrada.
Os Catedráticos
Espirituais asseguram que divisamos apenas uma oitava parte do que sucede ao
nosso redor, o que nos dá ideia do quanto a Ciência terá que progredir para desvendar
as múltiplas dimensões da vida e o tipo de energia que entra na composição de
cada uma delas, o que significa decodificar as várias disposições ou modos de
"adensamento" da luz, que penetram na gênese das partículas dessas
diferentes dimensões.
As fontes das
enfermidades físicas são objeto de estudo da Ciência Clássica. As matrizes dos
achaques espirituais têm sido objeto de pesquisa pela “Ciência Espírita”, isso
porque o cientista clássico não admite a existência do Espírito. Mas mais cedo
ou mais tarde haverá a união entre a Ciência e o Espiritismo. A fonte do saber
tem necessidade de uma nova visão da realidade, construída a partir de um
modelo que se baseie "na consciência do estado de inter-relação e
interdependência essencial de todos os fenômenos (físicos, biológicos, sociais
e culturais) e esta visão transcendente nas atuais fronteiras disciplinares e
conceituais terá de ser explorada no âmbito de novas instituições.". (1) Até
porque "o Espiritismo e a Ciência completam-se um ao outro; à Ciência sem
o Espiritismo, fica impossível explicar certos fenômenos só com as leis da
matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, lhe faltaria apoio e controle". (2)
Cremos que os
postulados espíritas constituem sendas inovadoras, abertas pela fenomenologia mediúnica
e sobre as quais a Ciência transitará, mais cedo ou mais tarde, edificando as
alamedas largas do desenvolvimento, com as quais se beneficiará toda a
humanidade. "A medicina humana será muito diferente no futuro, quando a
Ciência puder compreender a extensão e complexidade dos fatores mentais no campo
das moléstias do corpo físico.”. (3)
Em suma, o homem é
constituído de estruturas muito mais complexas do que se consegue visualizar a
olho desarmado ou através da tecnologia médica existente. A "saúde é a
perfeita harmonia da alma.”. (4) Para a conquista da saúde espiritual a
Doutrina Espírita oferece recursos terapêuticos complementares à medicina
terrena. No rol desses recursos medicamentosos constam a prece, a meditação, os
trabalhos de desobsessão, a educação e exercício da mediunidade (quando
recomendável), o passe, a água fluidificada, o convite para o serviço assistencial,
estímulo ao paciente para o autoconhecimento, para ampliar suas potencialidades
espirituais, com ênfase na reforma moral, ponto básico para a saúde integral.
Referências
bibliográficas:
(1) Capra, Fritjof. O Ponto de Mutação,
30ª. Edição, São Paulo: Ed Cultrix , 2012,
259.
(2) Kardec, Allan. A Gênese, Rio de
Janeiro: Ed FEB, 1977, cap. 1
(3) Xavier, Francisco Cândido. Missionários
da Luz, ditado pelo espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB, 1999, cap.12
(4) Xavier, Francisco Cândido. O
Consolador, ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 1999