segunda-feira, 25 de março de 2013

O ESPÍRITO, ORIGEM DA CONSCIÊNCIA HUMANA, TEM RESISTIDO AO SENIL REDUCIONISMO ACADÊMICO.



Jorge Hessen
http://aluznamente.com.br

 James Cracknell, um medalhista Olímpio (1), considerado um dos esportistas mais vitoriosos da Inglaterra, expôs no livro escrito em parceria com sua esposa, a profunda transformação de sua personalidade, ocorrida após ter sido atingido na cabeça pelo impacto do retrovisor de um caminhão. Em face das lesões no lobo frontal do cérebro, Cracknell foi advertido pelo neurologista que enfrentaria doravante as dificuldades com a memória e perda significativa do vocabulário. O traumatismo encefálico igualmente comprometeu drasticamente seu relacionamento com a mulher e o filho. Após o acidente, sobrevieram os surtos psicológicos de violência nas suas reações, chegando a ameaçar a segurança de sua esposa, Beverley Turner. Ele conta que quando Turner estava grávida, tiveram uma discussão violenta e ele tentou estrangulá-la.
Não ignoramos que o cérebro é um órgão bastante enigmático, porém, em face da avaria encefálica, qual seria a responsabilidade de James diante da sua mudança comportamental? A neurociência vê o ser humano apenas como uma máquina, um autômato programado pelo acaso e que, tomando como base a ocorrência acima, Cracknell nem pode ser responsabilizado pelas suas atitudes. Afiançam os especialistas que determinadas regiões comprometidas do cérebro são decisivas para controlar emoção e conduta agressiva.
Sob os auspícios das apreciações espíritas, como podemos abeirar-nos da temática, considerando o trauma encefálico como agente causal da mudança de comportamento (livre arbítrio) de alguém? Se uma pessoa tem uma lesão encefálica, é responsável ou não para assumir seus atos? Deve responder por eles? Garantem os pesquisadores que a conquista do livre-arbítrio jamais foi completa. Para tais estudiosos o livre-arbítrio não é mais que uma quimera. Ensaios concretizados há anos permitiram mapear a essência da atividade cerebral antes que a pessoa apresentasse consciência do que iria fazer. Seríamos quais computadores carnais e a tela do monitor seria representada pela nossa consciência. Coloca-se o livre-arbítrio em suspensão e tenta-se demonstrar que uma província do cérebro, compreendida na coordenação da atividade motora, apresenta atividade elétrica uma fração de segundos antes de uma pessoa assumir uma decisão. (!?...)
Articulam os materialistas que a consciência é um produto da atividade cerebral, que surge para dar coerência às nossas ações no mundo. O cérebro toma a decisão por conta própria e ainda convence seu “titular” que o responsável foi ele. Destarte, somos um só: o que é cérebro também é mente. A sensação de que existe um eu que habita e controla o corpo é apenas o resultado da atividade cerebral que nos ilude. Então não há nenhum “fantasma” na máquina cerebral.
Será mesmo? É óbvio que as muitas deduções dos múltiplos experimentos da neurociência reducionista são ardis da ficção. "A mente tem a dinâmica de um mosaico de luzes que se projetam pela consciência, que se contrai ou expande diante do que nos emociona.". (2) Desse Universo abstrato "emanam as correntes da vontade, determinando vasta rede de estímulos, reagindo ante as exigências da paisagem externa, ou atendendo às sugestões das zonas interiores.". (3)
Há estudos consistentes que comprovam a total impossibilidade de se medir com precisão o tempo entre o estímulo cerebral e o ato em si, o que, aliás,  já derruba todas as precipitadas teses mecanicistas. A consciência e a inteligência não são um curto-circuito nem o subproduto casual do intercâmbio de quaisquer neurônios. Enquanto a ciência demorar-se abraçada à matéria e não alcançar a dimensão do que não pode palpar, ver e ouvir, ficará ainda extremamente distante de tanger as imediações da verdade que investiga.
Embora o tentame de explicar materialmente, pela prática dos neurocientistas, toda a categoria de fenômenos intelectuais, e até "metafísicos", por meio das ações combinadas do sistema nervoso; e, em que pese a Ciência ter alcançado certezas conclusivas, como por exemplo a de que uma lesão orgânica faz cessar a manifestação que lhe corresponde, e que a ruína de uma rede nervosa faz apagar uma faculdade, ela, contudo, está imensamente limitada para elucidar os fenômenos espirituais. Em face disso, não podemos afastar o fato da influência espiritual no cérebro. Faz-se forçoso também compreender não a alma isolada do corpo mas ligada a esse corpo, o qual representa a sua forma concreta, com um amontoado de matérias indispensáveis à sua condição de tangibilidade, animadas por sua vontade e por seus predicados eternos.
Reconhecemos que há neurocientistas circunspectos, sensatos, explicando que um mundo sem livre-arbítrio provocaria ruptura da paz. Eles se encorajam notadamente para harmonizar suas teses com o problema da responsabilidade individual. Mesmo sob um automatismo determinista, eles reconhecem que todos devem ser responsáveis por suas ações, não fosse assim a estrutura social embarcaria na desordem caso alguém pudesse violentar, roubar e matar com embasamento no contexto simplista de que o cérebro decretou fazer isso ou aquilo. O cérebro assemelha-se a complicado laboratório, "onde o espírito, prodigioso alquimista, efetua inimagináveis associações atômicas e moleculares necessárias às exteriorizações inteligentes.”.
O atributo essencial do ser humano é sem dúvida a inteligência, mas a causa da inteligência não reside no cérebro humano, mas sim no ser espiritual que sobrevive ao corpo físico. Graças ao Espiritismo, no seu aspecto filosófico e experimental, está sendo possível construir a sólida ponte sobre o abismo que separa matéria e espírito. Todo brado de coroados Nobeis de física alça a sua voz para nos expressar a morte da matéria.
Já é tempo de nos instruir ante os ensinos da ciência pós-mecanicista do século passado e de nos livrarmos da camisa de força que o materialismo do século XIX infligiu aos nossos julgamentos filosóficos. Neurocientistas, “químicos e físicos, geômetras e matemáticos, erguidos à condição de investigadores da verdade, são hoje, sem o desejarem, sacerdotes do Espírito, porque, como consequência de seus porfiados estudos, o materialismo e o ateísmo serão compelidos a desaparecer, por falta de matéria, a base que lhes assegurava as especulações negativistas.”. (4)
O Homem não é o resultado ocasional de contingências aleatórias e casuais. “Sem o livre-arbítrio o homem seria uma máquina.”. (5) A Doutrina Espírita está no extremo oposto do materialismo e é sua missão desmistificar estas teorias reducionistas que teimam depreciar o ser humano e o sentido da sua existência. “O cérebro é o órgão sagrado de manifestação da mente, em trânsito da animalidade primitiva para a espiritualidade humana.”. (6)
Kardec, conhecedor das ideias de Franz Josef Gall, médico alemão, anatomista e fundador da frenologia (que liga cada função mental a uma zona do cérebro), interroga os Benfeitores: “Da influência dos órgãos se pode inferir a existência de uma relação entre o desenvolvimento dos do cérebro e o das faculdades morais e intelectuais?”. A explicação dos Espíritos não admite margens a equívocos: “Não confundais o efeito com a causa. O Espírito dispõe sempre das faculdades que lhe são próprias. Ora, não são os órgãos que dão as faculdades, e sim estas que impulsionam o desenvolvimento dos órgãos.”. (7)
É bem verdade que a neurociência tem envidado esforços para algemar o Espírito no cérebro, como se a alma  fosse uma prisioneira da caixa craniana, e tentam dissecá-la a fim de  comprovar que o cérebro é a matriz da consciência. Contudo, o Espírito – origem da consciência humana – tem resistido bravamente ao decrépito reducionismo acadêmico.

Referências bibliográficas:
 
(1)    Conquistou  medalha de ouro no remo em 2000, em Sydney, e 2004, em Atenas.
(2)    Facure Nubor Orlando. Operações Mentais e como o Cérebro Aprende, disponível no Site      www.geocities.com/Nubor_Facure acesso em                   22/03/2013
(3)    Xavier, Francisco Cândido. No Mundo Maior, Ditado pelo Espirito André Luiz, RJ: Ed.. FEB,     1997, cap. 4
(4)    Xavier, Francisco Cândido. Nos domínios da mediunidade, Ditado pelo Espírito AndréLuiz,    “prefácio” do Espírito Emmanuel, Rio de                    Janeiro: Ed FEB, 1999.
(5)    Kardec, Allan. O Livro dos Espiritos, RJ: Ed. FEB, 1977,  perg. 843
(6)    Xavier, Francisco Cândido. No Mundo Maior, ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de              Janeiro:Ed FEB, 1947, cap.4
(7)    Kardec, Allan. O Livro dos Espiritos, RJ: Ed. FEB, 1977,  perg. 370